Rubem Novaes, presidente do Banco do Brasil, voltou a defender a privatização do histórico banco do povo brasileiro em audiência na Comissão Mista de Acompanhamento das Medidas de Combate à Covid-19 do Congresso Nacional.
Não é a primeira vez que Novaes, escalado por Bolsonaro para desmontar o banco público, “confessa seu sonho” de “vender a porra do Banco do Brasil”, como defendeu o ministro Guedes na reunião ministerial do dia 22 de abril.
“Hoje o Banco do Brasil já tem 50% das suas ações em mãos privadas. É só vender mais um pouco que vira uma instituição privada. Vamos fazer do BB uma corporation. Muitos sócios”, disse Novaes a deputados e senadores na segunda-feira (8).
Em sua fala, Novaes atacou os servidores do Banco do Brasil, dizendo que está amarrado no “setor público”, que preferia contratar profissionais de fora e não pode. “Não podemos pinçar no mercado uma pessoa para cumprir determinada tarefa”, reclamou.
Defendeu também a transformação do banco em “uma empresa de tecnologia que presta serviços e corre riscos bancários”. “É pensando no benefício do banco que falo em privatização”, declarou.
Segundo ele, benefício do banco é buscar “atividades em que se remunera melhor”, nesse sentido, ajudar os “desesperados” diante da pandemia da Covid-19, nem pensar.
O senador Espiridião Amin (PP-SC) destacou que no dia 3 de abril o governo editou uma Medida Provisória de R$ 40 bilhões. No dia 5 de junho, apenas R$ 2,4 bilhões foram aplicados, ou seja, em dois meses, apenas 6% da execução da concessão do crédito, “em dois meses de pandemia, de aflição, depois de regulada”.
Novaes reclamou do banco ter que ajudar os micro, pequenos e médios empresários na pandemia que buscam crédito. Segundo ele, não se trata de uma demanda “saudável”. “Não é a demanda para produzir, uma demanda para vender, para investir, é a demanda dos desesperados”.
Para ele, “é muito difícil” atingir o microempresário. “Geralmente não compensam para o sistema bancário. É muito difícil atingir o pequenininho. O custo de servir, o custo de atingir o pequenininho geralmente não compensa para o sistema bancário”.
Durante a pandemia, milhares de empresas e milhões de trabalhadores ficaram em quarentena, conforme orientação da Organização Mundial da Saúde, como a única forma de conter o avanço da doença e salvar milhares de vidas.
A ajuda emergencial a milhões de trabalhadores informais, assim como o acesso ao crédito para atravessar o período da pandemia que provocou a queda no faturamento e garantir a folha de pagamento ficou empoçado nos bancos. Não chegaram na ponta.
Para Novaes, a demanda pelo crédito é demanda de desesperados, já para o setor financeiro, que recebeu uma injeção do Banco Central de R$ 1,2 trilhão para o crédito aos setores afetados pela pandemia, que ficou empoçado nos bancos, “não é um momento fácil” .