Eles disseram que foi um erro coletivo e usaram a expressão “jabuti” para se referir à emenda que foi incluída a um projeto sem ter relação alguma com o texto original
Ao menos nove dos 17 deputados gaúchos que foram a favor da emenda que tratou sobre dívidas das igrejas junto à Receita Federal, introduzida em um projeto de lei que tratava sobre o pagamento de precatórios, admitem que vão mudar o voto, afirmou reportagem do início da semana no jornal Zero Hora.
Alguns parlamentares usaram a expressão “jabuti” para se referir à emenda que foi incluída a um projeto sem ter relação alguma com o texto original.
O deputado Pedro Westphalen (PP) afirmou que votar a favor “foi um erro coletivo”. “Felizmente foi vetado e vou votar para manter o veto. Foi um erro coletivo, um jabuti colocado e que teve orientação dos líderes do governo, do partido e da maioria para aprovar. Ninguém sabia da dimensão de R$ 1 bilhão (das dívidas), ainda mais em tempos de pandemia”, disse o parlamentar.
O grupo afirma que votará pela manutenção do veto de Jair Bolsonaro à proposta – portanto, proibindo o perdão. A emenda é de autoria do deputado federal David Soares (DEM-SP), filho do pastor R. R. Soares, criador da Igreja Internacional da Graça de Deus.
Assim que vetou o texto referente às igrejas, Bolsonaro afirmou que, se fosse parlamentar, votaria pela derrubada do veto: “Confesso, caso fosse deputado ou senador, por ocasião da análise do veto que deve ocorrer até outubro, votaria pela derrubada do mesmo”, escreveu.
Os parlamentares interpretaram essa atitude do presidente como uma forma de Bolsonaro jogar o desgaste do perdão da dívida bilionária para o Congresso Nacional.
Além dos deputados do PP, também admitiram que vão mudar de posição Bibo Nunes e Sanderson, ambos do PSL. Esses dois parlamentares votam com o Planalto, mas desta vez não vão atender ao pedido do presidente.
“Não posso ser a favor de algo que cometa crime de responsabilidade fiscal. O perdão da dívida por causa da pandemia sou a favor, mas não para sempre. Voto pela manutenção do veto”, afirmou Bibo.
Alguns deputados argumentam que, com a votação remota, ficou mais difícil ter acesso ao conteúdo das emendas e, neste caso específico, acabou “passando batido”: “O governo fez acordo, orientou e largou o jabuti no meio do texto e foi pescar. Eu sei que não justifica não termos lido, mas nunca tinha visto um jabuti tão bem colocado”, afirmou um parlamentar.
Três deputados gaúchos ainda estão avaliando o tema, e apenas a deputada Liziane Bayer (PSB) admite que não irá mudar seu voto, mantendo o perdão da dívida.
Veja como pretende votar a bancada gaúcha:
Manter o veto de Bolsonaro, portanto, proibir o perdão da dívida:
- Afonso Hamm (PP)
- Afonso Motta (PDT)
- Alceu Moreira (MDB)
- Bibo Nunes (PSL)
- Bohn Gass (PT)
- Carlos Gomes (Republicanos)
- Daniel Trzeciak (PSDB)
- Danrlei (PSD)
- Fernanda Melchionna (PSOL)
- Heitor Schuch (PSB)
- Henrique Fontana (PT)
- Jerônimo Goergen (PP)
- Lucas Redecker (PSDB)
- Marcel van Hattem (Novo)
- Márcio Biolchi (MDB)
- Marcon (PT)
- Maria do Rosário (PT)
- Marlon Santos (PDT)
- Paulo Pimenta (PT)
- Pedro Westphalen (PP)
- Pompeo de Mattos (PDT)
- Sanderson (PSL)
- Santini (PTB)
- Senador Paulo Paim (PT)
- Senador Lasier Martins (Podemos)
Derrubar o veto de Bolsonaro, portanto, perdoar a dívida das igrejas:
- Liziane Bayer (PSB)
- Luís Carlos Heinze (PP)
Ainda não decidiram:
- Giovani Cherini (PL) – Irá votar conforme partido orientar, o que ainda não está definido.
- Marcelo Brum (PSL) – Está analisando a questão.
- Maurício Dziedricki (PTB) – Afirmou que a bancada ainda não avaliou a posição a ser tomada em relação ao veto
Não foram encontrados pela reportagem:
- Giovani Feltes (MDB)
- Marcelo Moraes (PTB)
- Nereu Crispim (PSL)
- Osmar Terra (MDB)
Veja como votaram os deputados em julho, quando o perdão da dívida foi aprovado:
A favor:
- Afonso Hamm (PP)
- Alceu Moreira (MDB)
- Bibo Nunes (PSL)
- Giovani Cherini (PL)
- Giovani Feltes (MDB)
- Jerônimo Goergen (PP)
- Liziane Bayer (PSB)
- Lucas Redecker (PSDB)
- Marcelo Brum (PSL)
- Marcelo Moraes (PTB)
- Márcio Biolchi (MDB)
- Maurício Dziedricki (PTB)
- Nereu Crispim (PSL)
- Osmar Terra (MDB)
- Pedro Westphalen (PP)
- Sanderson (PSL)
- Santini (PTB)
Contra:
- Afonso Motta (PDT)
- Bohn Gass (PT)
- Daniel Trzeciak (PSDB)
- Danrlei (PSD)
- Fernanda Melchionna (PSOL)
- Henrique Fontana (PT)
- Maria do Rosário (PT)
- Marcel van Hattem (Novo)
- Marcon (PT)
- Marlon Santos (PDT)
- Paulo Pimenta (PT)
- Pompeo de Mattos (PDT)
Não votaram:
- Carlos Gomes (Republicanos)
- Heitor Schuch (PSB)
Com informações da Zero Hora