
Com suprimentos médicos, alimentos e itens para bebês, missão de solidariedade à Palestina é integrada por advogados, jornalistas, profissionais da saúde e parlamentares
Um novo barco da Coalizão Flotilha da Liberdade partiu neste domingo (13) de Siracusa, no sul da Itália, rumo à Faixa de Gaza com suprimentos médicos, alimentos e itens para bebês. A missão de solidariedade é integrada por profissionais da saúde, advogados, jornalistas e parlamentares.
Carregada com ajuda humanitária, a embarcação Handala deixou o porto da Sicília com 15 ativistas a bordo cerca de um mês após um outro barco da entidade – onde estavam a sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila – ter sido interceptado e sequestrado por Israel no Mar Mediterrâneo.
Portando bandeiras palestinas e keffiyehs (lenços tradicionais), manifestantes se reuniram no porto para celebrar a partida do barco, desejando sucesso e entoando “Parem o genocídio” e “Libertem a Palestina!”
O antigo navio de pesca norueguês navegará pelo Mediterrâneo por cerca de uma semana, percorrendo quase 1.800 quilômetros até a costa de Gaza. Financiada por campanhas de doação, a expedição visa “levar solidariedade humana e internacional à população palestina de Gaza”, afirmou o coordenador da Flotilha da Liberdade na França, Claude Léostic.
De acordo com a Flotilha, “o Handala está navegando em direção a Gaza com civis desarmados e ajuda humanitária vital”. “Precisamos proteger esta missão e abrir um corredor marítimo humanitário permanente para a região”, alerta a organização não governamental (ONG), esclarecendo que “esta não é a primeira vez” que uma de suas embarcações “navega para romper o cerco [israelense]: é a 37ª missão em décadas”.
INVESTIDA ISRAELENSE EM 2010 MATOU DE ATIVISTAS NO MEDITERRÂNEO
A preocupação é mais do que pertinente diante dos antecedentes do comportamento facínora do governo israelense. No dia 31 de maio de 2010 pelo menos 10 ativistas pró-palestinos foram executados e dezenas ficaram feridos em uma agressão feita por comandos navais israelenses em alto mar, o que desencadeou uma crise diplomática internacional.
Recentemente o Madleen também partiu de Catânia carregado com alimentos e ajuda humanitária. Durante a viagem, monitorado por drones, o navio foi detido pelas tropas de Netanyahu na noite de 8 para 9 de junho, apesar de estar em águas internacionais, onde Israel não tem jurisdição. O navio foi apreendido e desviado para a costa israelense, e os ativistas foram presos. Alguns assinaram documentos para serem repatriados, enquanto outros permaneceram em Israel aguardando julgamento e foram presos. Em 16 de junho, todos os ativistas a bordo do navio foram repatriados.
MAIS PARLAMENTARES SE SOMAM À EMBARCAÇÃO
A nova missão fará escala em Galípoli, na Puglia, onde embarcarão duas deputadas do partido francês La France Insoumise (LFI), a deputada Gabrielle Cathala e a eurodeputada Emma Fourreau.
Conforme Fourreau, o objetivo é romper o cerco: “a mensagem enviada a Netanyahu é que enviaremos o máximo de barcos possível”. A eurodeputada condenou o regime isralense pelas atrocidades, com mais de 58 mil vítimas, com as crianças representando um terço delas.
“Esta missão é para as crianças de Gaza, para fornecer ajuda humanitária e quebrar o silêncio sobre o genocídio israelense. Espero que consigamos chegar a Gaza, mas, se não conseguirmos, seria mais uma violação do direito internacional por parte de Israel”, apontou Gabrielle Cathala.
Israel bloqueou o acesso à ajuda humanitária internacional para Gaza desde o início de março. O cerco, que foi aliviado apenas parcialmente, levou a uma grave escassez de produtos básicos, com a própria ONU alertando o governo de Israel para estar afrontando o direito à vida.
Diante da brutalidade e da repetição do crime, o linguista e sociólogo norte-americano Noam Chomsky assinalou que é necessário pôr fim à impunidade. “Por décadas, Israel vem sequestrando barcos em águas internacionais entre o Chipre e o Líbano, matando ou sequestrando passageiros, às vezes sequestrando-os para prisões em Israel, incluindo prisões secretas/câmaras de tortura, às vezes mantendo-os como reféns por muitos anos”, apontou. Na avaliação de Chomsky, “Israel presume que pode cometer tais crimes impunemente porque os Estados Unidos os toleram e a Europa infelizmente ainda segue o exemplo dos EUA”.