Tenente-brigadeiro do ar Francisco Joseli Parente disse, ainda, que “em nenhum momento o ministro Alexandre de Moraes invadiu a nossa competência”
“As Forças Armadas vão contribuir para a harmonia e pacificação. Estamos todos sob a autoridade do presidente Lula. Ele tem essa tarefa de pacificação. Não será fácil, mas ele tem capacidade para isso”, disse o tenente-brigadeiro do ar Joseli Parente Camelo, ao tomar posse como novo presidente do STM (Superior Tribunal Militar).
“Sei dos seus sonhos de um Brasil cada vez mais justo, pacífico, e com uma humanidade mais voltada para o combate da desigualdade dos povos”, disse o militar.
“É preciso que olhemos o nosso futuro sem perder de vista o nosso passado”, afirmou. “Temos o dever de buscar, nas conquistas do passado e do presente, a fonte segura para assegurarmos aos nossos filhos um país justo e próspero”, conclamou o tenente-brigadeiro.
Ele afirmou ainda que em “nenhum momento” o Supremo Tribunal Federal (STF) invadiu a competência da Justiça Militar. Parente fez as declarações ao comentar as ações da Corte Suprema em relação aos atentados de 8 de janeiro contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
A fala do novo presidente do STM expressa o real interesse das Forças Armadas em repavimentar e reconstruir a democracia brasileira em bases estáveis.
De acordo com o ministro, o Supremo cumpre o papel para o qual está designado e atua no caso dos atos golpistas em razão dos ataques contra os poderes civis.
Mais cedo, em entrevista ao Estúdio, da GloboNews, ao ser questionado sobre o artigo 142 da Constituição Federal, que bolsonaristas dizem caber às Forças Armadas moderar os poderes constitucionais, Joseli Camelo rebateu: “Não está na Constituição que nós [militares] temos de manter os poderes sob a nossa tutela, não está em lugar nenhum”.
NÃO HOUVE INVASÃO DE COMPETÊNCIAS
“Em nenhum momento o ministro Alexandre de Moraes invadiu a nossa competência. A Justiça Militar julga crimes contra o patrimônio que estão sob a nossa guarda ou situações específicas que envolvem a atividade militar, o que não é o caso”, disse.
“Temos em primeira instância duas ações, uma contra um general que falou muito mal do Exército”, completou.
SUPREMO “DÁ A ÚLTIMA PALAVRA”
Indiretamente, o tenente-brigadeiro do ar criticou as tensões institucionais criadas na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Nós vimos o que aconteceu. Um poder falando mal do outro, aquele clima de hostilidades, quando, na verdade, todos estavam trabalhando pelo Brasil. O Supremo é o órgão que dá a última palavra. Uma palavra que tem de ser respeitada”, disse.
O novo presidente da Corte Militar tomou posse na tarde desta quinta-feira (16). O presidente Lula participou do evento. Mas não usou a palavra.
PODERES EM HARMONIA
Além dele, tomou posse como vice-presidente José Coelho Ferreira. Participaram da cerimônia também a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Rosa Weber, os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e o procurador-geral da República, Augusto Aras.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também estava presente na cerimônia e se sentou ao lado de Lula. Outra autoridade presente foi o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Beto Simonetti.