O Diretório Nacional do Partido Novo decidiu, na terça-feira (9), retirar o apoio ao governo Bolsonaro e passar para a oposição.
Em nota, o partido fundamentou a decisão no abandono do governo Bolsonaro “das políticas anticorrupção, culminando com o encerramento da Lava Jato”, nos ataques de Jair Bolsonaro às instituições democráticas e nas “omissões e a falta de liderança” durante a pandemia do coronavírus.
Para o partido, “o bolsonarismo, assim como o petismo, tem como propósito o oposto: melhorar a vida de alguns às custas da maioria. Os meios também diferem. No lugar de ideias, vemos polêmicas; ao invés de princípios e valores, oportunismo”.
A decisão foi incorporada no programa do partido.
O documento considera “o abandono pelo Governo Federal de pautas relevantes envolvendo reformas essenciais para o cidadão e para o retorno ao crescimento sustentável do país”.
Outro fator que contribuiu com a decisão foi “a forma de comunicação ofensiva utilizada pelo Presidente da República em várias ocasiões para com as instituições democráticas estabelecidas, entre elas o Congresso Nacional, o Poder Judiciário e o Sistema Eleitoral, acabando por estimular discursos e ações radicais contra estas instituições, tanto nas redes sociais, quanto em atos públicos”.
O partido orientou seus filiados “contra a realização, fomento, divulgação ou repasse de quaisquer atos ou discursos que visem a desmoralização das instituições democráticas, envolvendo quaisquer dos três poderes federais, os órgãos de Estado e o processo eleitoral”.
“Considerando a interferência direta do Presidente da República em instituições do Estado como a Polícia Federal, (…) e também se omitindo sobre a acusação da participação de órgão do Governo na elaboração de material para a defesa em processos de interesse e/ou envolvimento de seus familiares, totalmente estranhos às funções que devem nortear tais atribuições”, decidiu o partido.
O Novo também citou “a atuação do Ministério das Relações Exteriores voltada a questões ideológicas, e não aos mais importantes e relevantes interesses que devem nortear o bom relacionamento entres as nações e com ênfase nos interesses econômicos e comerciais do Brasil”, como motivo para virar oposição.
“Considerando as omissões e a falta de liderança do Presidente da República que, ao longo da maior crise sanitária mundial do último século, deixou de coordenar as ações, optando por menosprezar o problema, desprezando ações de efetivo controle da pandemia, divulgando medicamento não recomendado pelas autoridades sanitárias, deixando de priorizar, de maneira prévia e imediata, a compra e o planejamento da distribuição de vacinas para a população brasileira, hoje notadamente em falta, impactando na elevação da quantidade de óbitos e prolongando o período de incertezas ao postergar a retomada normal das atividades econômicas”, completou a nota do partido.
Ainda assim, o Novo não irá compor a bancada da oposição e pretende defender o impeachment de Bolsonaro.