O novo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que foi braço direito de Paulo Guedes no Ministério da Economia, recebeu R$ 189 mil de bônus por 11 reuniões que fez no Serviço Social do Comércio (Sesc) no Rio de Janeiro e em Brasília.
Rogério Marinho chegou a dobrar seu salário por participar das reuniões, como em outubro, quando recebeu R$ 22 mil como secretário e R$ 21 em jetons (bônus pela reunião).
Marinho se tornou membro do Conselho Fiscal do Sesc a partir da indicação do Governo Federal.
O teto salarial constitucional, determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é de R$ 39 mil, mas os jetons são usados como forma de driblar a regra. O STF julgará se isso poderá continuar acontecendo no dia 14.
A assessoria de Marinho disse que é justo que ele tenha parasitado sobre o Sesc, “pelos trabalhos desenvolvidos na qualidade de membro do conselho nos termos da legislação em vigor”.
Antes de tomar posse, Jair Bolsonaro e Paulo Guedes atacavam sistematicamente o Sistema S (Sesc, Sesi, Senac e Senai), chegando a declarar guerra contra o setor. Guedes chegou a declarar que ia “meter a faca” nas contribuições que as empresas fazem para essas instituições, reduzindo-as em até 50%. Em discurso na época, chegou a dizer que os braços do Sistema S “arrecadam recursos, destinam pouco dinheiro para educação e usam o restante para financiar campanhas políticas e comprar apoio para aprovar leis favoráveis”.
A partir de agosto do ano passado, o discurso governamental mudou e já começou-se a falar em acordo com o Sistema.
Desde março de 2019 que Marinho tem participado das reuniões do Conselho. De acordo com sua assessoria, ele permanece participando das reuniões e recebendo por isso.
Marinho foi secretário de Trabalho e Previdência do Ministério da Economia até terça-feira (11), quando assumiu o Ministério do Desenvolvimento Regional como prêmio de Bolsonaro por ter operado o ataque à aposentadoria do trabalhador e aos direitos trabalhistas para jovens, com a carteira chamada de “verde e amarela”.
Para Paulo Guedes, quem é “parasita” no país são os servidores públicos comuns, como professores, bombeiros, assistentes sociais, etc., que não recebem nem R$ 22 mil como salário, muito menos R$ 21 mil de bônus, como Marinho recebe.
“O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita”, disse Guedes. Para justificar, mentiu ao afirmar que os servidores públicos receberam um ajuste de 50% superior à inflação.