Foi ela que financiou os nazistas da Ucrânia para derrubar Viktor Yanukovych e disse para a União Europeia “se foder” por eles não aceitarem o nome que ela indicou para assumir o lugar do presidente deposto. Visita ao Brasil seria para apoiar “jovens empreendedores”
Acaba de desembarcar no Brasil, na segunda-feira (25), Victoria Nuland, uma especialista da Casa Branca em golpes de Estado. Ela foi flagrada numa reunião realizada em 2014, que foi gravada, confirmando a liberação de US$ 5 bilhões aos grupos nazistas da Ucrânia que comandaram o golpe que derrubou o presidente eleito Viktor Yanukovych. Ela apareceu na Praça Maidan distribuindo doces e biscoitos aos golpistas.
GOLPE NA UCRÂNIA
As fachadas para a visita da agente americana ao Brasil seriam um “Encontro com jovens empreendedores brasileiros” e o evento batizado de “Diálogo de Alto Nível Brasil-Estados Unidos da América”. Os EUA, que já vêm perdendo a disputa econômica com a China e a militar com a Rússia, está fazendo pressões a vários países para participar das sanções contra Putin.
Victoria Nuland ficou conhecida após a realização do golpe na Ucrânia de 2014. Numa conversa com o embaixador dos EUA na Ucrânia, Geoffrey Pyatt, vazada, ele aparece determinando quem deveria assumir o poder após o golpe. Na conversa, ele indica um nome e o embaixador diz que a União Europeia não aceitaria aquela indicação. A resposta de Nuland foi: “foda-se a União Europeia”.
SERVE AOS INTERERESSES DE DEMOCRATAS E REPUBLICANOS
Ela é daquelas agentes que servem tanto a democratas quanto a republicanos, desde que o objetivo imperialista esteja na pauta. No governo Bill Clinton (1993-2001) ela foi chefe de gabinete do vice-secretário de Estado Strobe Talbolt, responsável pelos assuntos ligados a antiga União Soviética. No governo de George Bush (2001-09), trabalhou com Dick Cheney e foi conselheira durante a Guerra Iraque.
Com esse currículo, George W. Bush a nomeou para o cargo de embaixadora dos EUA na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em Bruxelas. Mas foi com Barack Obama (2009-17) que Victoria Nuland iniciou um trabalho mais diretamente com os nazistas ucranianos. Seu papel era garantir os US$ 5 bilhões para alimentar os batalhões nazistas como o Batalhão Azov, o Setor Direito, o Svoboda e outros.
Nuland deixou a gestão federal com a vitória do republicano Donald Trump, mas, com a eleição de Joe Biden reassumiu o seu posto de “especialista no Leste Europeu”. Atualmente ela é braço direito de Antony Blinken, o secretário de Estado do governo Biden. Foi ela também que recentemente admitiu numa entrevista que os EUA participavam de diversos laboratórios de armas biológicas instaladas na Ucrânia.
“AJUDA” A JOVENS “EMPREENDEDORES” BRASILEIROS
Segundo reportagem da revista Fórum, Victoria Nuland teria divulgado em suas redes sociais algumas fotos de seu encontro com “jovens empreendedores” do Brasil. No entanto, e isso também foi notado por alguns internautas, nenhum dos “jovens” que aparecem nas fotos são conhecidos por trabalhos no tema referido por Nuland. Também não há qualquer menção se são parte de alguma universidade, ONG ou grupo organizado.
São duas as possibilidades aventadas para sua visita ao Brasil. A primeira é que o tal “Diálogo de Alto Nível Brasil-EUA”, que contará com o subsecretário de Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente, José Fernández, seja para pressionar o Brasil a aumentar a produção e exportação de petróleo já que os países europeus não estão aceitando facilmente aderir às sanções e abrir mão do petróleo e do gás russo, como quer os EUA. A Rússia exportava 8 milhões de barris por dia. O Brasil atualmente exporta 1 milhão.
PRESSÕES POR MAIS PETRÓLEO
O ministro de Minas e Energia brasileiro, Almirante Bento, defensor da privatização da Petrobrás e da Eletrobrás, já deixou clara a existência de uma “orientação” da Casa Branca para que o Brasil aumente, radicalmente, suas exportações petroleiras, especialmente, em direção aos países europeus que estão sendo pressionados pelos Estados Unidos.
O “Diálogo de Alto Nível Brasil-EUA” pode ser mais o instrumento do governo Biden para pressionar o Brasil, cujas posições são consideradas neutras pelos norte-americanos.
A vinda da especialista em golpes em meio à agressões de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal e ao TSE pode também significar que a pressão pode estar acompanhada de promessas de apoio americano para as atuais intenções golpistas de Bolsonaro.
O objetivo central para Biden e Nuland é que o governo brasileiro seja o mais alinhado e submisso possível em relação à guerra da Otan contra a Rússia. Se para isso for necessário apoios espúrios, parece que não vai haver regateios por parte da Casa Branca. A conferir.