39,3 milhões trabalham sem carteira, 10 milhões estão desempregados e renda cai 5,1%
O trabalho precário no país atingiu 39,3 milhões de brasileiros no segundo trimestre, um recorde histórico, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (29). A renda caiu 5,1% na comparação anual.
O rendimento habitual do trabalho foi estimado em R$ 2.652. No mesmo intervalo de meses de 2021, a renda média era de R$ 2.794.
No ano passado, enquanto a renda caía, os brasileiros viram a inflação explodir chegando a 12% em várias capitais do país em setembro, segundo o IBGE. Assim como explodiram no mês seguinte as imagens de famílias buscando restos de comida nas caçambas dos supermercados.
São milhões de brasileiros que enfrentam a carestia que atingiu alimentos, transportes, moradia, saúde, que com aval de Bolsonaro fez explodir a miséria e a fome no país nos últimos 3 anos e meio. São 33 milhões de famintos. São mais de 25 milhões vivendo de “bicos”, Outros 13 milhões de pessoas trabalhando sem carteira assinada. Cerca de 6 milhões no trabalho doméstico, a grande maioria na informalidade, e outros 4 milhões que desistiram de procurar emprego.
O recuo na taxa de desemprego, de 9,3%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, mostra que além da taxa de informalidade continuar em patamar elevada, 40% da população ocupada, faltam empregos para 10,1 milhões de brasileiros.
Sem emprego e sem renda, cresce a fome e a miséria no país com os preços da comida, do gás de cozinha, da energia elétrica nas alturas.
Os trabalhadores em meio à estagnação econômica – com o desemprego elevado e altas generalizadas dos preços – estão ocupando postos de trabalho de atividades de baixa qualidade, com salários menores, sem carteira assinada e sem direitos trabalhistas.
Na comparação com o trimestre anterior, houve um crescimento de 2,8% na taxa de informalidade, o que representa mais 1,1 milhão de pessoas a mais no trabalho precário, sem direitos trabalhistas.
Fazem parte deste contingente aquelas pessoas que vivem dos famosos “bicos”, que exercem atividade de trabalho sem carteira assinada, empregadores e conta própria sem CNPJ (conhecidos como PJs), além de trabalhadores familiares auxiliares.
“Nesse segundo trimestre, houve a retomada do crescimento do número de trabalhadores por conta própria sem CNPJ, que havia caído no primeiro trimestre. Além disso, outras categorias principais da informalidade, que são os empregados sem carteira no setor privado e os trabalhadores domésticos sem carteira, continuaram aumentando”, destacou a coordenadora da pesquisa, Adriana Beringuy.
No segundo trimestre, o número de empregados sem carteira assinada no setor privado bateu recorde, ao chegar a 13 milhões de pessoas. Esse contingente cresceu 6,8% em relação ao trimestre anterior (mais 827 mil pessoas) e 23,0% (2,4 milhões de pessoas) no ano.
Outro recorde constatado foi o número de trabalhadores por conta própria, que fechou em 25,7 milhões de pessoas – o maior para um trimestre encerrado em junho desde o início da série histórica, iniciada em 2012.
Já o número de trabalhadores domésticos (5,9 milhões de pessoas) subiu 4,4% (mais 248 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 19,4% (mais 950 mil pessoas) no ano.
O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) foi estimado em 35,8 milhões, uma alta de 2,6% frente ao trimestre anterior e 11,5% na comparação anual. Por sua vez, o número de empregados no setor público (11,9 milhões) cresceu 5,4% no trimestre e 3,5% no ano.
A taxa composta de subutilização ficou em 21,2% no segundo trimestre, Somando desempregados, subocupados por insuficiência de horas e as pessoas que não estão em busca de emprego, mas que estariam disponíveis para trabalhar, havia ao todo 24,7 milhões de pessoas subutilizadas no trimestre encerrado em junho.
O país reúne 4,3 milhões de desalentados, pessoas que desistiram de procurar emprego por não acreditar que há oportunidade ou por outros motivos, e 6,6 milhões de pessoas subocupada por insuficiência de horas trabalhadas.