Também houve alta do volume das famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso
O percentual de famílias com dívidas em atraso alcançou 28,8% em junho, informou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada nesta quinta-feira (04). Ante maio, houve um aumento de 0,2 ponto percentual no total de famílias inadimplentes e, também, um crescimento de 0,3 p.p no registro de dívidas não pagas a mais de 90 dias – chegando a 47,6% do total. Este é o maior percentual do ano de 2024.
Na avaliação da CNC, “os atrasos estão perdurando por mais tempo, o que revela certa dificuldade das famílias de honrar seus compromissos”. O juro alto continua sendo um dos mais altos do mundo, impactando a capacidade dos consumidores de pagar, amortizar ou quitar suas dívidas.
A CNC também identifica na pesquisa que os brasileiros estão contraindo menos crédito por conta da incapacidade de pagá-los. “As famílias estabilizam seu endividamento por preocupação com inadimplência”, diz a entidade em nota. De acordo com a pesquisa, houve alta do volume das famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso em quase todas as faixas de renda.
Nesta linha, o endividamento se manteve estável em junho, registrando o percentual de 78,8%, o mesmo do mês anterior, após três meses seguidos de crescimento. As dívidas apuradas pela CNC são com cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e
prestações de carro e casa.
“A faixa de renda baixa, por menos opções de recursos, apresenta maior necessidade de recorrer ao crédito, assim como a maior dificuldade de amortizar essas dívidas. Assim como no mês passado, deve-se estar atento pelo fato de esse grupo ter aumentado seu endividamento em junho, mesmo tendo piora nos seus indicadores de inadimplência. Já a faixa de renda mais alta apresentou aumento das dívidas em atraso”, diz a CNC no documento de divulgação da pesquisa.
O cartão de crédito continua tendo a maior participação no volume de endividados no mês, sendo utilizado por 86,4% do total de devedores. A taxa de juro do cartão de crédito rotativo foi 422,5% em maio, segundo o Banco Central.
A projeção da CNC é que, no atual cenário econômico, o aumento do endividamento deve continuar, “com o percentual de famílias com dívidas em atraso seguindo a mesma tendência ao longo do segundo semestre”.