
O empresário Walter Schalka, presidente da Suzano, que atua na produção de papel e celulose, falou que nunca viu uma “mobilização no mundo empresarial” como a que está acontecendo em defesa da democracia e de um projeto de nação.
“Eu nunca vi, na minha experiência pessoal, a mobilização no mundo empresarial que estou vendo neste momento. Parece que caiu a ficha para todo mundo sobre o papel relevante que temos”, relatou Schalka, um dos signatários da carta em defesa da democracia divulgada na terçafeira, que será lida no dia 11 de agosto, no Largo do São Francisco. A carta é assinada por quase 300 mil pessoas, entre juristas, ex-ministros do STF, economistas, intelectuais, professores, estudantes, sindicalistas, artistas.
Outra dessas mobilizações recentes é a do manifesto “Em Defesa da Democracia e da Justiça”, idealizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e assinado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Ao anunciar sua participação no ato em defesa da democracia no Largo de São Francisco, dia 11 de agosto, em reunião com a diretoria da entidade na segunda-feira passada (25), o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, foi fortemente aplaudido.
O documento denuncia o “momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições”
O presidente da Suzano afirma que “temos de buscar a pacificação do Brasil, a volta da esperança e a reunificação das famílias e de grupos de WhatsApp, em vez da polarização que estamos vivendo. Precisamos sair da discussão pequena de um contra o outro e construir uma solução pró-Brasil”.
Além disso, “é fundamental discutir os problemas reais que o Brasil tem, que são muito sérios. Eles precisam passar por soluções estruturantes”.
“Temos de resolver a questão da educação, que, apesar de universalizada, é de baixa qualidade. Precisamos resolver a desigualdade social e a falta de emprego, assim como a ineficiência administrativa do Estado brasileiro”, continuou.
O empresário industrial afirmou que “o Brasil não tem planejamento estratégico” há muito tempo. “Qual é o projeto para o futuro, qual será nossa inserção global e como gerar para o brasileiro uma qualidade de vida adequada?”.
“Não podemos ser só um exportador de commodities, como temos nos tornado. E isso não pode ser a base do Brasil para o futuro”, apontou.
“Qual é a nossa inserção na questão da digitalização global? Tirando empresas como Embraer e Weg, que têm participação global expressiva fora das commodities, como viramos esse jogo e preparamos o Brasil para o futuro? Esse é um dos desafios que temos”.
Walter Schalka é um dos signatários do manifesto em defesa da democracia, assim como outras personalidades do mundo empresarial e economistas.
O documento convoca “as brasileiras e brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições. No Brasil atual não há espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições”.
O manifesto é uma reação dos empresários às ameaças golpistas de Jair Bolsonaro, como a realizada recentemente em uma reunião com embaixadores e na Convenção do PL.
Mais de 60 associações de classe e da sociedade civil divulgaram notas rechaçando as ameaças. Três entidades de delegados e peritos da Polícia Federal manifestaram apoio à Justiça Eleitoral e total confiança nas urnas eletrônicas.