
Aclamado no Festival de Cannes, Wagner Moura fez história ao conquistar o prêmio de melhor ator na 78ª edição do evento por sua atuação em “O Agente Secreto”, dirigido por Kleber Mendonça Filho. A vitória inédita para um brasileiro na categoria coroa um momento marcante para o cinema nacional.
Kleber Mendonça Filho também levou o prêmio de melhor direção por “O Agente Secreto”, tornando esta edição de Cannes um marco duplo para o cinema brasileiro. Como Moura não compareceu à cerimônia, o diretor recebeu o prêmio em seu lugar e fez questão de homenageá-lo: “Eu tive uma espécie de ter a oportunidade de trabalhar com o Wagner Moura, um grande ator e uma grande pessoa. Espero que este filme lhe traga coisas maravilhosas. Obrigado ao júri e à presidente Juliette Binoche”.
Em um segundo momento de agradecimento, Kleber reforçou o carinho pelo ator: “Eu tive muita sorte de ter a oportunidade de trabalhar com o Wagner Moura. Ele não é apenas um ótimo ator, mas também uma ótima pessoa. Eu o amo muito. Eu espero que o ‘O Agente Secreto’ traga muitas coisas a eles.”
O longa foi apresentado em Cannes na semana anterior, onde recebeu cerca de 15 minutos de aplausos após a exibição. Desde então, passou a ser apontado como um dos favoritos da crítica internacional. A produção brasileira também recebeu o Prêmio da Crítica, concedido pela Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci), e o prêmio Art et Essai, dado por exibidores independentes da França.
“O Agente Secreto” é ambientado no Recife de 1977 e traz Wagner Moura no papel de um pesquisador que retorna à cidade para reencontrar o filho caçula, enquanto é perseguido por agentes brutais. A narrativa entrelaça elementos fantásticos com críticas à violência e à corrupção daquele período, evocando a atmosfera da ditadura militar sem se prender a retratos literais.
A recepção da crítica internacional foi entusiástica. O jornal The Guardian classificou o filme como “visual e dramaticamente soberbo” e o descreveu como “ambicioso, complexo e elusivo”. O Hollywood Reporter celebrou “um retorno maravilhoso de Wagner Moura ao cinema brasileiro”, afirmando que “Mendonça Filho faz dele uma estrela de cinema”. Já o site The Playlist afirmou que o ator “comanda” o “belíssimo drama criminal”, chamando a produção de “obra-prima” e a mais ambiciosa da carreira do diretor.
A conquista de Moura se soma a um histórico de premiações brasileiras em Cannes: Fernanda Torres foi consagrada melhor atriz em 1986 por “Eu Sei que Vou Te Amar”, e Sandra Corveloni em 2008, por “Linha de Passe”. No entanto, é a primeira vez que um brasileiro conquista a principal honraria de atuação masculina do festival.
A premiação também reafirma o grande momento do cinema nacional. O Brasil venceu recentemente o seu primeiro Oscar de Filme Internacional, com “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, e também foi laureado com o Urso de Prata no Festival de Berlim por “O Último Azul”, de Gabriel Mascaro.
Além disso, o Festival de Cannes já havia reservado um espaço de honra para o Brasil: o país foi escolhido como homenageado oficial da edição de 2025 no Marché du Film. Segundo o Ministério da Cultura: “Este prestigioso reconhecimento destacará a dinâmica indústria audiovisual do Brasil, seus talentos criativos e seu compromisso de longa data com a colaboração internacional”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância do feito: “E de curtir a felicidade de viver em um país que tem gigantes do porte de @kmendoncafilho e Wagner Moura. Os dois prêmios que O Agente Secreto conquistou há pouco no festival de Cannes – melhor diretor e melhor ator – mostram que o cinema de nosso país não deve nada para ninguém. E que seguiremos encantando os públicos e os críticos ao redor do planeta com filmes que mostram nosso talento, nossa cultura e capítulos importantes de nossa própria história.”