O ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT) afirmou, na terça-feira (17), em entrevista ao Estadão, em Minas Gerais, que “o Brasil vai passar por muita confusão. Acho que o Brasil vai passar por momentos terríveis nos próximos seis meses. O cenário está se deteriorando de forma grave”.
“Acho que ele [Bolsonaro] não termina o governo. Isso é um mero palpite. Espero que não seja pelo suicídio. Meu palpite, é um mero palpite, é que vai ser por renúncia”, disse Ciro.
Candidato em 2018 a presidente, Ciro está percorrendo todo o Brasil. Ele esteve em Belo Horizonte para participar da filiação ao PDT da professora Duda Salabert, a primeira transexual a se candidatar ao Senado, nas eleições do ano passado – ela estava sem partido desde que se desfiliou do PSOL. “A professora Duda é uma figura extraordinária. Ela está saindo do PSOL. E escolheu o PDT. Isso para mim é uma grande honra”, afirmou.
Ciro destacou que a filiação da professora Duda “não é para reforçar luta identitária, é para reforçar a militância em torno de um projeto nacional que tenha compromisso com as diferenças, com a tolerância, com a igualdade, trabalhar para que seja respeita a fé, a preferência dessa ou aquela forma de amar, porque para nós todas elas são justas”.
O ex-governador comentou também o gesto do deputado Alexandre Frota, que eixou o PSL, e pediu desculpas a ele por tê-lo criticado quando estava no governo Bolsonaro. “Não vou atribuir nenhuma relevância política a isso. Mas eu aceito as desculpas e reconheço nisso um gesto humano muito nobre. Porque eu, quando erro, gosto também de pedir desculpas. Aceito as desculpas dele e bola para frente”, afirmou Ciro Gomes.
Voltando a avaliar a situação do país, Ciro foi incisivo. “A deterioração da economia é um fato. O teto de gastos será atingido no ano que vem. O Bolsonaro votou a favor disso. É uma aberração. O ano que vem vai ser terrível. E isso tem um poder de combustão muito grande. De provocar novos alinhamentos na vida brasileira”, disse. Para Ciro, é importante unificar a maioria da população que não está nem com o bolsonarismo e nem com o petismo. ele calcula que 65% da população está nesse campo.
Sobre as críticas que o PT tem feito a ele e a insistência em manter a esquerda num gueto, Ciro sentenciou. “Esta burocracia do PT e a estratégia que essa burocracia está fazendo em nome da direção imperial do Lula é certeza da derrota do campo progressista no Brasil agora e pelas próximas três ou quatro eleições. Por quê? Porque você explodiu sobre a cabeça do povo brasileiro, tal como nosso povo é, dois gravíssimos problemas. Um, a corrupção generalizada. Você pode relativizar, como petista fanático dessa burocracia faz. A segunda questão é econômica (a crise)”, afirmou Ciro.