DENOY DE OLIVEIRA
O destaque da semana é a “13ª Mostra de Cinema em São Paulo”, organizada e batalhada por Leon Cakoff. Iniciada dia 12, a Mostra apresenta este ano 130 filmes em programas variados nos cines Liberty, Cine Sesc, Cineart 1, Arouche A, Cinemateca e MIS.
Embora todos os filmes sejam obrigatórios, destacamos “sexo, mentiras e vídeotapes”- assim mesmo em minúsculas – (EUA – 89), de Steven Sodebergh, recuperando a verdade para a imagem. “Entrevista” (Itália – França, 87) de Federico Fellini. Um passeio do cineasta pela Cinecittà, ele personagem envolvido por imagens e atores de sua incrível cinematografia. “The Squamish Five” (Canadá – 88), de Paul Donavan, um nome de respeito. O filme resgata a história de um grupo terrorista canadense, o “Direct Action”. “Corpo em Delito” (Brasil – 89), de Nuno César de Abreu. Médico envolvido com a repressão, aposenta-se e escreve uma biografia do pai integralista. Belos trabalhos dos atores Lima Duarte e Regina Dourado. Jaime B. por Agnes V.” (França-87) é de Agnes Varda, realizando uma viagem entre o documentário e o ficcional a propósito de Jane Birkin. “O Grande Circo” (França-88) é um documentário feito por Bruno Delbonnel sobre filmagens de “Roselyne e os Leões”, que também está na Mostra e pode interessar iniciantes em cinema. “Ether Delirium” (Alm. Ocidental-88), de Klaus Gengnagel, tem uma história original e foi realizado em vídeo.
Embora esses destaques, repetimos: a Mostra é para ser vista inteira. O Cineclube Oscarito continua apresentado o Ciclo “Beatlemania”. Neste fim de semana: “Imagine”, “Mande Lembranças para Broad Street”, “Magical Mistery Tour” e “Os Rei do Iê-iê-iê”.
Na estréia tivemos “O Cemitério Maldito ” de Mary Lambert, sobre um roteiro do especialista em terror Sthephen King, que escreveu o “Iluminado”, de Stanley Kubrik. Nas continuações, as melhores pedidas: “Pelle o Conquistador” de Bille August e “Minha Vida de Cachorro” de Lars Hallstrom. “Contos de Nova York” tem assinatura de três grandes: Martin Scorsese, Francis Coppola e Wood Allen. E volta “Uma Cilada para Roger Rabbit” (88) de Robert Zemeckis, cinema e magia, desenhos e atores, tudo junto.
O cinema brasileiro continua com “Doida Demais” (89) de Sérgio Rezende. Mulher linda (Vera Fischer) capaz de realizar suas fantasias e sonhos, envolve-se com falsificadores de quadros e em perigosa aventura. No elenco, José Wilker, Paulo Betti, Ítalo Rossi. “Sonhei com Você” (89) traz a dupla Milionário e Zé Rico dirigidos agora por Ney Sant’Anna. A fórmula deu certo em “Estrada da Vida”, de Nelson Pereira dos Santos, inclusive na China, onde a dupla, com o sucesso do filme, vendeu milhares de discos. No elenco, Marcelina Cartaxo, Urso de Prata em Berlim, com seu trabalho em “A Hora da Estrela.”
Novidades para o fim de semana
Com chuva ou sol, o vídeo para o fim de semana tem novidades excitantes. Estou me programando para assistir “Luar Sobre Parador” (88), uma comédia do diretor Paul Mazursky. No elenco, Raul Julia e Sônia Braga, que já se encontraram em “O Beijo da Mulher Aranha”, do nosso Hector Babenco. “O Luar…” foi rodado no Brasil, usa alguns atores nacionais e estou muito curioso de ver como isso funciona. Ou se não funciona.
E embora já visto na TV, “O Mágico de Oz” (39) é um filme lendário e importante nas locadoras. Seu diretor é Victor Fleming e tem a imagem juvenil de Judy Garland cantando “Over The Rainbow”. Tem suas aventuras com o Leão, o Espantalho e o Homem de Lata. Não se assuste com o começo do filme em preto & branco. Quando vai para o sonho, ele fica em cores. O cinema realizando magias.
Para reflexão, “O idiota” (51) de Akira Kurosawa, em pleno vigor de sua carreira. Adaptação do romance de Dostoiewsky para o Japão, dias atuais.
Tentando reeditar a magia de “O Mágico de Oz”, Spielberg e os Estúdios Disney realizam “Uma Cilada para Roger Rabbit” (88). O filme tem a direção de Robert Zemeckis. Talvez a mais perfeita integração feita no cinema de desenho animado com atores e cenários naturais. Uma mistura de quadrinhos, comédia, musical e pastelão, com filme “noir”, resulta uma demonstração virtuosíssima, sem prejuízo de espetáculo.
E como você precisa saber desse País, assista “Terra Para Rose” (87), um documentário de Tetê Moraes premiado no Festival de Havana e de Brasília em 87. Um paciente trabalho da cineasta, acompanhando o movimento dos “sem terra”. Depoimentos emocionantes, cenas dilacerantes pelo absurdo da repressão e a insinceridade do Governo em resolver os problemas da terra. Rose é uma dessas mulheres com o filho no colo, acreditando que pode transformar a dura realidade por um futuro melhor. Uma das mais valiosas contribuições para o estudo da realidade brasileira.
Finalizando a semana, “O Golpe de John Anderson” de Sidney Lumet, grande diretor e roteirista, com filmes excelentes, como “Doze Homens E Uma Sentença” (57), “Limite de Segurança” (64), “O Homem do Prego” (65), “Um Dia de Cão ” (75), “Rede de Intrigas” (76) e com Sean Connery, “A Colina dos Homens Perdidos” (65). Sean também está neste “O Golpe…”, vivendo um assaltante recém saído da prisão e que resolve roubar um luxuoso prédio de apartamentos em New York.