“Os brasileiros não permitiram que o Brasil caísse no precipício”, disse nova ministra
Em cerimônia lotada no Salão Nobre do Palácio do Planalto, Marina Silva (Rede) assumiu na tarde desta quarta-feira (04) o Ministério do Meio Ambiente do governo Lula.
Com uma longa trajetória política e considerada uma autoridade internacional em questões ambientais, Marina foi ovacionada pela plateia. A ministra assume a pasta, agora chamado Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, com o desafio de desacelerar o desmatamento ilegal amplamente incentivado pela gestão de Jair Bolsonaro e reposicionar o Brasil como referência na agenda ambiental internacional. Ela iniciou seu discurso avaliando o resultado das eleições e criticando o antigo governo.
“Talvez em um dos momentos mais difíceis da nossa história, o povo brasileiro teve a sabedoria, a coragem e o discernimento de estancar a barbárie, de não permitir que o Brasil caísse no precipício”, disse.
Nas palavras de Marina, a gestão de Bolsonaro foi marcada pelo “desmonte” no setor ambiental:
“O que vimos nesses anos foi um completo desrespeito ao patrimônio natural brasileiro. Nossas unidades de conservação foram atacadas por pessoas que se sentiam autorizadas pelo alto escalão da República. Boiadas passaram em lugares onde deveriam passar apenas políticas de proteção ambiental”, afirmou.
A condução da questão ambiental durante os quatro anos de governo Bolsonaro foi duramente criticada nacional e internacionalmente – especialmente por permitir o desmatamento na Amazônia e conduzir uma política de falta de diálogo entre as autoridades ambientais brasileiras com líderes mundiais.
“O estrago só não foi maior porque servidores e parlamentares se colocaram a frente de todo esse processo de desmonte, sobretudo servidores públicos e setores do judiciário”.
A ministra ressaltou as medidas já tomadas nestes quatro dias desde a posse do novo governo, como o decreto que recompõe a participação da sociedade civil no Fundo Nacional do Meio Ambiente. Segundo Marina, a participação social terá “retomada imediata” em seu ministério.
Na cerimônia, Marina anunciou a criação de quatro novas secretarias na estrutura da pasta: de Combate ao Desmatamento, de Bioeconomia e Recursos Genéticos, de Gestão Ambiental Urbana, de Povos e Comunidades Tradicionais. A ministra também formalizou a criação da Autoridade Nacional de Mudança Climática, anunciada por Lula antes de posse, deve ser lançada até maio.
Além disso, o novo ministério anunciou a volta do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e a retomada do controle do Serviço Florestal Brasileiro e da Agência Nacional de Águas (ANA), do do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDam) e criação de um departamento de proteção animal.
Entre os presentes estavam a primeira-dama, a socióloga Rosângela Silva, a Janja, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento), Márcio França (Portos), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Carlos Fávaro (Agricultura), entre outros integrantes do novo governo.