O “errático” Trump liga e faz videoconferência com o presidente Lula

Donald Trump e Lula na Assembleia Geral da ONU (reprodução)

“Aproximação” entre os dois chefes de Estado se deu após duro discurso do líder brasileiro na Assembleia Geral da ONU. Lula deixou claro, na ocasião, que a soberania do Brasil não estava em discussão

O presidente Lula conversou por videoconferência nesta segunda-feira (6) com Donald Trump. A conversa foi o primeiro entre os dois chefes de Estado e ocorreu no Palácio da Alvorada.

Em nota, o Planalto informou que “o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na manhã desta segunda-feira, 6 de outubro, telefonema do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos. Em tom amistoso, os dois líderes conversaram por 30 minutos, quando relembraram a boa química que tiveram em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da ONU. Os dois presidentes reiteraram a impressão positiva daquele encontro”.

Segundo ainda o Planalto, “o presidente Lula descreveu o contato como uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente. Recordou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços. Solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras”.

O Planalto informa que o presidente Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. O presidente Lula aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA); e também se dispôs a viajar aos Estados Unidos.

Estavam presentes pelo lado do Brasil, além de Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira, o assessor internacional, Celso Amorim, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad e o chefe da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira. O principal objetivo da conversa foi discutir as recentes barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos e encontrar alternativas para evitar uma escalada nas medidas de retaliação entre as duas economias.

Trump havia determinado um tarifaço contra o Brasil para interferir no julgamento de Jair Bolsonaro e os demais golpistas – que são apoiados por ele -, porém a pressão indevida no Judiciário brasileiro não teve efeito. O chefe dos golpistas foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe e outros crimes. O presidente Lula reafirmou na ONU que a independência do Judiciário e da soberania do Brasil não são temas a serem questionados.

Desde o discurso de Lula na Assembleia Geral da ONU, o presidente americano passou a sinalizar que poderia se encontrar com o líder brasileiro. Da tribuna da ONU, Trump relatou um breve encontro com Lula nos bastidores da assembleia e enviou os sinais de que estaria aberto a conversar com Lula, possibilidade que, até então, estava bastante distante. A intenção de Trump de conversar com Lula foi interpretada como sendo talvez um primeiro recuo do americano. Foi vista também como um distanciamento em relação ao clã Bolsonaro e outros golpistas, o que deixou em polvorosa os bajuladores internos de Trump.


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