Prometeu gasolina a R$ 2,50 e gás de cozinha a R$ 35. Em dois anos, preços dispararam: a gasolina chegou a R$ 5,50 e o botijão de 13 kg a R$ 105
Na campanha eleitoral de 2018, Jair Messias Bolsonaro prometeu que iria derrubar os preços da gasolina para no máximo R$ 2,50 e que o preço do botijão de gás de cozinha não passaria de R$ 35 e prometeu mundos e fundos aos caminhoneiros com a redução do diesel e ajustes na tabela de frete. Após dois anos de mandato, o litro da gasolina já atingiu R$ 5,50, o botijão de gás chegou a R$ 105 e o preço do diesel disparou, levando os caminhoneiros este ano a se mobilizarem e cobrarem as promessas de campanha.
Diante da mobilização dos caminhoneiros e ameaça de nova greve nacional este ano, Bolsonaro tentou culpar os governadores pelo aumento do diesel, os postos de gasolina, trocou o presidente da Petrobrás, mas disse que não vai mudar a política de preços da estatal, que vai continuar atrelada ao dólar e ao mercado externo para bem dos acionistas estrangeiros e dos importadores de combustíveis.
Em mais uma afronta à paciência do povo, e dos caminhoneiros, a direção da Petrobrás, com aval de Bolsonaro, anunciou nesta segunda-feira (1/3) o quinto aumento da gasolina nas refinarias, que desde janeiro acumula alta de 41,3%, e o quarto aumento do diesel, também nas refinarias neste ano, um aumento acumulado de 34,1%.
O cartaz que ilustra esta matéria é da campanha à Presidência da República em 2018. Nele estão estampadas promessas eleitorais de Bolsonaro. “Nós estamos no limite do limite, não temos mais como majorar mais os preços dos combustíveis”, disse, em entrevista à Band (25/10/2018), durante a campanha.
Estelionato eleitoral
Eis que Bolsonaro não apenas não cumpriu a sua promessa, como permitiu que os valores dos combustíveis ficassem ainda mais caros para os brasileiros e em plena pandemia da Covid-19.
A nova disparada nos preços do botijão de gás, gasolina e diesel, se dá pela própria motivação do governo em manter os preços destes combustíveis atrelados às variações do dólar e a especulação do mercado internacional do petróleo.
Em julho de 2018, o preço médio da gasolina estava em R$ 4,48, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis (ANP). A promessa de Bolsonaro era, então, reduzi-lo para um preço que não passaria de R$ 2,50. Já o botijão de gás custava em média, naquela altura, R$ 65,07, segundo a mesma ANP.
Em fevereiro, a gasolina registrou o maior preço médio já visto nas bombas dos postos de todo o país. A média nacional do preço chegou a R$ 4,92, por litro, de acordo com a ANP – superando a maior média de R$ 4,72, por litro, que havia sido registrada em outubro de 2018, poucos meses depois da greve histórica dos caminhoneiros, ocorrida em maio, que paralisou o país por duas semanas. As variações consideram a inflação do período. Na capital de São Paulo, foi possível encontrar o combustível por R$ 5,49.
Já o preço do diesel está mais caro que o pior momento de maio de 2018, quando estourou a greve dos caminhoneiros que parou o país. O preço médio do litro do diesel ficou em R$ 3,88, e o valor mais caro foi localizado no Acre, que chegou a R$ 5,25. Às vésperas da mobilização dos caminhoneiros este ano, o preço médio do diesel convencional nos postos brasileiros era de R$ 3,60, o litro.
Já o botijão de 13 Kg ficou na média em R$ 75,04, segundo o ANP, podendo seer encontrado a R$ 105 em algumas regiões do país.
Na entrevista que foi concedida às vésperas dos segundo turnos das eleições de 2018, Bolsonaro disse que iria manter a política de paridade de preços da Petrobrás, que foi iniciada em 2017, e que atrela os preços dos produtos que são produzidos pela estatal aos preços internacionais do petróleo.
Quando Bolsonaro assumiu o cargo de presidente da República, em primeiro de janeiro de 2019, o dólar custava R$ 3,88, valor bem abaixo dos R$ 5,59 que foram registrados na última sexta-feira (26), alta acumulada de 44% no período.
Também na época, Bolsonaro mentiu, como faz hoje, afirmando que o aumento nos valores dos combustíveis acontece pela cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre os combustíveis, de competência dos Estados.
Até hoje, não houve nenhuma alteração tributária, nem da parte dos estados e nem da parte da União, que justifique tais aumentos abusivos. Quem decide se haverá reajuste nos preços que são administrados pela Petrobrás é o presidente da República, que indica os conselheiros e o presidente da estatal – que Bolsonaro decidiu demitir na última semana para fazer demagogia com os caminhoneiros, que ameaçam fazer uma nova greve para forçar Bolsonaro cumprir sua promessa eleitoral.