“O cara tá hiper protegido, eu não vejo ninguém mover nada pra tentar me ajudar aí, entendeu?”, diz ele, em áudio vazado
Fabrício Queiroz, o “milicano faz tudo” de Flávio Bolsonaro, acusado de lavagem de dinheiro, com movimentação irregular de R$ 7 milhões em sua conta, entre 2014 e 2017, quando era motorista de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), reclamou, em áudio de Whatsapp, obtido pelo jornal “O Globo”, que Jair Bolsonaro só está protegendo o filho e o deixando na mão.
O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) detectou movimentações suspeitas de Fabrício Queiroz na ordem de R$ 7 milhões de janeiro de 2014 a janeiro de 2017. O MP do Rio de Janeiro abriu investigação, que foi suspensa no último dia 30 pelo ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Queiroz diz que, se não estivesse com problemas com o MP, resolvia tudo ao seu jeito.
O ex-policial, que intermediou a vinda de familiares de milicianos para o gabinete de Flávio Bolsonaro – a mãe e a mulher do miliciano foragido e chefe do “Escritório do Crime” da milícia de Rio das Pedras, Adriano Nóbrega, que está foragido, foram trazidas pelas mãos de Queiroz para o gabinete – disse que:
“Se eu não tô com esses problemas aí, cara, se a gente está de bobeira, não ia ter que fazer muita coisa com eles lá em Brasília, eu podia estar igual você aí, andando, entendeu?
E prossegue: “aí dava para investigar, infiltrar, botar um calunga no meio deles, entendeu, porra, prá levantar tudo. A gente mesmo levantava essa parada aí”.
“É o que eu falo, o cara lá tá hiper protegido, eu não vejo ninguém mover nada pra tentar me ajudar aí, entendeu?”
“É só porrada, cara. Caralho, o MP tá com uma pica do tamanho de um cometa pra enterrar na gente e não tem ninguém agindo”, reclamou.
Queiroz acrescentou ao interlocutor para ficarem os 2 “de frente” e “blindar” os problemas partidários. Atualmente, Flávio Bolsonaro é quem comanda o diretório do PSL no Rio. O irmão e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) está à frente do diretório em São Paulo.
“Então, cara, eu politicamente, só posso ir para partido. Trabalha isso aí com o chefe aí. Passando essa ventania aí, ficamos eu e você de frente. A gente nunca vai trair o cara. Ele sabe disso. E a gente blinda, a gente blinda legal essa porra aí. Espertalhão não vai se criar com a gente”, afirmou.
O ex-assessor disse que o governo está sendo feito de “chacota” e que está “pegando mal” a atividade do presidente Jair Bolsonaro no Twitter. Afirmou que Bolsonaro deveria “dar porrada” no presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e que o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) deveria ir “no calço” de Maia.
“Estão fazendo chacota do governo dele. Rodrigo Maia está esculachando. Rodrigo Maia… As declarações dele humilha [sic] o Jair. Jair tinha que dar uma porrada nesse filha da pu**. Botar o [ministro da Justiça] Sergio Moro para ir no calço [sic] dele. Tem pi** na bunda dele aí, antiga”, falou em março.
Numa outra gravação, Queiroz dá a entender que Bolsonaro comunicou a ele que demitiria a funcionária-fantasma do gabinete de um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). O ex-assessor fala sobre Cileide Barbosa Mendes, de 43 anos, doméstica da família. Ela era funcionária fantasma.
“Na época, o Jair falou para mim que ele ia exonerar a Cileide porque a reportagem estava indo direto lá na rua e para não vincular ela ao gabinete. Aí ele falou: ‘Vou ter que exonerar ela assim mesmo’. Ele exonerou e depois não arrumou nada para ela não? Ela continua na casa em Bento Ribeiro?”, perguntou.
Na semana passada, Queiroz já tinha dado as caras para alguém, numa conversa também gravada, onde aparece dizendo que arranjava cargos nos gabinetes dos bolsonaros em Brasília. A gravação foi divulgada pelo jornal “O Globo”, em seu site, quinta-feira (24/10). Nela, diz Queiroz:
“Tem mais de 500 cargos lá, cara, na Câmara e no Senado. Pode indicar para qualquer comissão ou, alguma coisa, sem vincular a eles em nada, em nada. Vinte continho aí pra gente caía bem pra caralho, caía bem pra caralho, meu irmão, entendeu? “Não precisa vincular ao nome. Só chegar lá e, pô cara, o gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores, pessoal para conversar com ele, faz fila.
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