De presidentes e líderes estrangeiros à Fifa, Unesco e Nasa, passando por craques de futebol da atualidade e contemporâneos dele, grandes clubes, ases dos esportes, personalidades e jornais, no mundo inteiro se multiplicam as homenagens ao Rei Pelé, o maior jogador de todos os tempos, que morreu na quinta-feira (29) aos 82 anos. “Le Jeu. Le Roi. L’Éternité. O Jogo. O Rei. A Eternidade”, estampou no Twitter o presidente francês Emmanuel Macron, numa sucinta e bilingue reverência.
“O momento em que a bola chegou aos pés de Pelé, o futebol se transformou em poesia”, disse dele Nelson Mandela, ao que Pelé retribuiu:
“Nelson Mandela foi uma das maiores influências na minha vida. Foi um herói para mim, um amigo e um companheiro na luta pelo povo e pela paz no mundo. Vamos todos nós continuar seu legado com propósito e paixão”.
“Pelé fez coisas com as quais nenhum outro jogador jamais sonharia”, assinalou o presidente da Fifa, Gianni Infantino. “A visão dele socando o ar em comemoração é uma das mais icônicas do nosso esporte e está gravada em nossa história”.
“Pelé tinha uma presença magnética e, quando você estava com ele, o resto do mundo parava. Ele mudou as percepções para melhor no Brasil, na América do Sul e no mundo. Seu legado é impossível de resumir em palavras. Hoje, todos nós lamentamos a perda da presença física do nosso querido Pelé, mas ele alcançou a imortalidade há muito tempo e, portanto, estará conosco por toda a eternidade”, prosseguiu.
“Recordaremos sempre aqueles anos em que Pelé deslumbrou o mundo com suas habilidades”, escreveu o presidente argentino Alberto Fernández, enviando “um grande abraço a sua família e ao povo do Brasil que o levará no coração”.
“Pelé foi um dos melhores de todos os tempos a jogar o ‘jogo bonito’. E como um dos atletas mais reconhecidos do mundo, ele entendeu o poder do esporte para unir as pessoas”, destacou o ex-presidente norte-americano, Barack Obama.
O presidente português Marcelo Rebelo de Sousa expressou “as mais sentidas condolências ao povo brasileiro, aos familiares e amigos de Pelé e a todos quantos choram a partida de uma lenda”. “Obrigado por seu talento e sua classe. Hoje o mundo inteiro está de luto por uma lenda chamada Pelé que marcou gerações”, assinalou a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, endereçou uma declaração ao Brasil: “Edson Arantes do Nascimento foi um destacado filho do povo brasileiro. Graças a seu talento, capacidade única e belo, fascinante jogo, o futebol se tornou o esporte favorito de milhões de pessoas através do mundo, incluindo a Rússia”.
“Eu tive a sorte de me comunicar pessoalmente com esta maravilhosa pessoa e sempre vou guardar as brilhantes memórias dele”, acrescentou Putin.
ESPORTE COMO INSTRUMENTO DA PAZ
Pelé também foi homenageado pela UNESCO, o organismo da ONU para a cultura. “Estamos profundamente entristecidos pela passagem de Pelé. Estendemos nossas condolências ao povo brasileiro e à família”. Embaixador da UNESCO desde 1994, ele “trabalhou incansavelmente para promover o esporte como um instrumento para a paz. Até sempre, Rei”.
A Nasa publicou, em seu adeus a Pelé, a imagem de uma galáxia com as cores do Brasil. Por sua vez o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, chamou-o de “um grande ícone esportivo”, acrescentando ter sido “um privilégio” apresentar a ele a Ordem Olímpica.
Também grandes nomes extra futebol: “Uma lenda do esporte. Descanse em paz, rei Pelé”, postou o oito vezes campeão olímpico de sprint da Jamaica, Usain Bolt. “Perdemos uma lenda hoje. Obrigado por dividir conosco seu talento, sua genialidade e seu amor. O legado do Pelé vai nos inspirar para sempre”, disse o heptacampeão da Fórmula 1, Lewis Hamilton.
“Hoje se vai um grande do esporte mundial. Um dia triste para o mundo do futebol, para o mundo do esporte. Seu legado sempre estará conosco”, ressaltou o tenista Rafael Nadal, o maior vencedor de Grand Slams de todos os tempos.
A CARA DO FUTEBOL
“Pelé, a cara mundial do futebol, morre aos 82 anos”, estampou o New York Times, acrescentando que “alcançou a celebridade mundial e ajudou a popularizar o esporte nos EUA. “Pelé, o primeiro superstar mundial do futebol, morre aos 82 anos”, anunciou o londrino The Times. “Transformou o futebol em arte”, assinalou o jornal francês Le Monde.
“Sempre será único”, afirmou o diário alemão Frankfurter Allgemeine, acrescentando que Pelé se converteu três vezes campeão mundial de futebol e “defendeu o jogo bonito como ninguém”.
“Urgente. Pelé, lenda do futebol brasileiro, morreu aos 82 anos”, apontou Al Watan, do Egito. “Pelé, a estrela mágica do futebol brasileiro que saiu da pobreza para converter-se em um dos maiores e mais conhecidos da história moderna”, reverenciou o sul-africano Daily Sun.
A agência de notícias norte-americana Associated Press sublinhou que “Pelé foi lembrado por uma vida além do campo, por transcender o esporte do futebol e se tornar talvez a pessoa mais conhecida da Terra”. Ainda segundo a AP, Pelé era uma figura esportiva reverenciada “em um nível provavelmente não comparável a nenhum outro atleta além de Muhammad Ali”.
Era tal o prestígio de Pelé que por causa dele uma guerra civil foi interrompida no Congo ex-belga, no início de 1969 quando as forças em confronto estiveram pacificamente no mesmo estádio para ver Pelé jogar. O mesmo aconteceu dias depois, quando o governo da Nigéria assegurou que não haveria confronto na região de Biafra enquanto o Santos estivesse no país.
Um outro momento mundialmente divulgado, foi quando em 21 de Novembro de 1965, o então senador Robert Kennedy esteve no Maracanã. Naquele dia jogavam a URSS x Brasil. O jogo acabou empatado em 2×2. Bob fez questão de abraçar Pelé no vestiário. O Rei interrompeu o banho para cumprimentar o visitante.
OBRIGADO PELO FUTEBOL ARTE
Clubes do mundo inteiro saudaram o rei. “Obrigado pela alegria que você trouxe ao futebol”, postou o Manchester United inglês. “Descanse em paz, Rei”, publicou o Boca Juniors, da Argentina. O Rei Pelé “fez o futebol maior do que nunca”, afiançou o Barcelona. “Eterno”, classificou o italiano Napoli.
“Adeus ao Rei, o mestre do jogo bonito”, registrou o Chelsea. Mensagens também do Real Madrid, Benfica, Juventus, Milan, Bayern de Munique e New York Cosmos, entre outros.
“Foi a primeira estrela global deste esporte e teve um papel pioneiro no crescimento do futebol enquanto esporte mais popular do mundo. Descansa em paz, Pelé”, disse a UEFA. A Associação Inglesa de Futebol iluminou o arco do Estádio de Wembley com as cores do Brasil na noite de quarta-feira.
“PELÉ FEZ O BRASIL DESCOBRIR QUE PODERIA MAIS”
Várias gerações de jogadores, técnicos e dirigentes esportivos se congraçaram na despedida ao gigante Pelé. “Hoje o futebol se despede de seu capítulo mais bonito. O homem que encantou o mundo e mudou a história do jogo para sempre. Você sempre será o maior, porque há 60 anos, com todas as dificuldades que enfrentou, você já fez o que poucos podem fazer hoje. O homem que dedicou seu milésimo gol às crianças e fez nosso país descobrir que poderia ser muito mais”, afirmou Richarlison, autor do gol mais bonito da Copa de 2022.
O alemão Franz Beckenbauer, que foi companheiro de equipe de Pelé no New York Cosmos, homenageou-o como “o maior da história” do futebol. “Hoje o futebol perdeu o maior de sua história, e eu perdi um amigo único. Nascido em Três Corações, Pelé tinha três corações: pelo futebol, pela família, por todas as pessoas”.
“Ele fez as pessoas sonharem e continuou a fazer isso com gerações e gerações de amantes do nosso esporte”, disse o ex-jogador e técnico da França, Didier Deschamps, em comunicado. “Quem, quando criança, não sonhava em ser Pelé? … Pelé era a aliança de beleza e eficiência. Seu talento e sua lista de conquistas ficarão gravados em nossas mentes para sempre”.
“Descanse em paz”, expressou o atual campeão mundial argentino Lionel Messi em mensagem com três fotos com Pelé. “O rei do futebol nos deixou, mas o seu legado nunca será esquecido”, escreveu Mbappé, craque da seleção francesa e do PSG.
“REFERÊNCIA DE ONTEM, DE HOJE, DE SEMPRE”
“Um mero ‘adeus’ ao eterno Rei Pelé nunca será suficiente para expressar a dor que abraça neste momento todo o mundo do futebol. Uma inspiração para tantos milhões, uma referência do ontem, de hoje, de sempre. O carinho que sempre demonstrou por mim foi recíproco em todos os momentos que partilhámos, mesmo à distância. Jamais será esquecido e a sua memória perdurará para sempre em cada um de nós, amantes de futebol. Descansa em paz, Rei Pelé”, disse o craque português Cristiano Ronaldo.
Outro ex-jogador inglês, Gary Linicker, prestou as honras a Pelé. “O mais divino dos jogadores e o mais divertido dos homens. Jogou um jogo do qual apenas alguns eleitos chegaram perto. Três vezes levantou o troféu de ouro mais cobiçado naquela linda camiseta amarela. Sempre terá a imortalidade do futebol”.
“Tudo aquilo que vemos os jogadores fazerem, Pelé já fez primeiro”, escreveu Erling Haaland, goleador do Manchester City. “Meu eterno rei. Descanse em paz”, disse seu companheiro no Tri de 1970 no México, Roberto Rivellino.
PELÉ “MUDOU TUDO”
Dele, disse Neymar – ou sua assessoria – que “antes de Pelé, o futebol era apenas um esporte” e o 10 “apenas um número”. “Pelé mudou tudo”.
“Transformou o futebol em arte, em entretenimento”. Deu – acrescentou – “voz aos pobres, aos negros e principalmente: Deu visibilidade ao Brasil”. O futebol e o Brasil “elevaram seu status graças ao Rei! Pelé é eterno!!”
“A tristeza da despedida misturada ao orgulho imenso da história escrita”, postou Ronaldo Fenômeno, que conduziu o Brasil na conquista do penta.
“Único. Genial. Técnico. Criativo. Perfeito. Inigualável. Aonde Pelé chegou, ficou. Sem nunca ter saído do topo, ele nos deixa hoje. O rei do futebol – um só. O maior de todos os tempos”, enfatizou.
“Poucos brasileiros levaram o nome do nosso país tão longe feito ele. Por mais diferente do português que fosse o idioma, os estrangeiros dos quatros cantos do planeta logo davam um jeito de pronunciar a palavra mágica: ‘Pelé’”, disse o presidente Lula, resumindo o gigantesco feito de Pelé em prol da autoestima do povo brasileiro e do reconhecimento do Brasil junto aos povos do mundo inteiro.
Não só do nosso povo. Em prol da autoestima de todos os povos recém-saídos da longa noite colonial, que viam no futebol arte e nas vitórias de Pelé diante de times europeus de cintura dura, que viam na sua genialidade e vigor, uma parábola de suas próprias possibilidades. E que ao mesmo tempo, conseguia encantar a todos, irmanar a todos, minando preconceitos secularmente entranhados entre os autonomeados senhores do mundo.