O soneto abaixo foi escolhido pelo professor Eduardo de Oliveira, fundador do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB), grande poeta da negritude e grande líder negro do nosso país, como epígrafe de sua obra “Quem é Quem na Negritude Brasileira“.
Este poema de Augusto dos Anjos foi publicado pela primeira vez, em jornal, no ano de 1905, mas faz parte dos “poemas esquecidos”, tardiamente resgatados para publicação em livro.
Neste 20 de novembro, em que celebramos o Dia da Consciência Negra, esta é uma de nossas homenagens.
C.L.
O Negro
AUGUSTO DOS ANJOS
Oh! Negro, oh! filho da Hotentotia ufana
Teus braços brônzeos como dois escudos,
São dois colossos, dois gigantes mudos,
Representando a integridade humana!
Nesses braços de força soberana
Gloriosamente à luz do sol desnudos
Ao bruto encontro dos ferrões agudos
Gemeu por muito tempo a alma africana!
No colorido dos teus brônzeos braços,
Fulge o fogo mordente dos mormaços
E a chama fulge do solar brasido…
E eu cuido ver os múltiplos produtos
Da Terra — as flores e os metais e os frutos
Simbolizados nesse colorido!
Ótima matéria sobre este grande poeta brasileiro.