“Bolsonaro fez uma coisa engraçada: criou uma série de benefícios em período eleitoral que duram até dezembro. Ele pensa que o povo é bobo”, apontou o ex-presidente
O ex-presidente Lula disse, nesta terça-feira (12), em entrevista ao Correio Braziliense, que o discurso violento de Bolsonaro “é típico de um covarde”. Acrescentou que o atual presidente “terá que respeitar o resultado das urnas”. “Não é opção dele”, apontou, acrescentando que seu compromisso e vida é “exterminar a fome que voltou a assolar o povo brasileiro”.
“Isso é um compromisso de vida. Conseguimos, com toda a sociedade, criar políticas públicas e promover inclusão social que tirou o Brasil do Mapa da Fome da ONU, e agora estamos de volta. Essas políticas públicas foram desmontadas, e a fome voltou. Não tem por que o Brasil ter milhões de pessoas, milhões de famílias e crianças passando fome. Nós vamos resolver isso, é a maior prioridade”, disse.
Ele afirmou que Bolsonaro é um mentiroso que não tem palavra e defendeu a manutenção do auxílio de R$ 600 depois das eleições. “Eu quero manter. O PT queria que o Auxílio fosse de R$ 600 já em 2020. Bolsonaro que fez uma coisa engraçada: criou uma série de benefícios em período eleitoral que duram até dezembro. Depois disso, vale a palavra do Bolsonaro, que não vale nada, como o mundo sabe, porque todo mundo sabe que ele é um mentiroso”, apontou o ex-presidente.
“Tem gente que pensa que o povo é bobo. O Bolsonaro ficou três anos e meio no poder, não liga para nada, fica passeando de moto e espalhando mentira; chega perto da eleição, tenta comprar o voto do povo, que está em uma situação difícil, vendo o preço de tudo subir cada vez que vai ao supermercado”, prosseguiu.
“Aliás”, destacou Lula, “em vez de reduzir os preços dos combustíveis enfrentando a questão da paridade internacional dos preços da Petrobras, abrasileirando os preços dos combustíveis aos custos em reais, monta esse pacote em cima de um calote nos governadores e prefeitos, tirando dinheiro da saúde e da educação nos estados e municípios. Se essa verba chegar para o povo, o povo tem mais que pegar o dinheiro — o PT não vai ser contra auxílio — e depois votar com sua consciência. O povo vai avaliar como Bolsonaro tem desrespeitado os trabalhadores, as mulheres, como foi um desastre na pandemia, que não tem nada de bom para apresentar, e vai votar contra ele”.
Depois de reafirmar que vai acabar com o teto de gastos, Lula falou sobre os investimentos que pretende fazer. “O maior problema de teto no Brasil são as milhares de famílias que viraram sem teto nas grandes cidades, morando nas ruas. Esse é o teto que me preocupa”, destacou.
“Será um grande trabalho consertar o estrago que ele (Bolsonaro) fez no país: na questão ambiental, ao espalhar armas, atuando contra a ciência, a educação, contra nossas universidades”, prosseguiu Lula na entrevista ao Correio no mesmo dia em que realiza um ato público, junto com seu candidato a vice, Geraldo Alckmin, na capital da República. Lula também vai cumprir agenda com empresários de vários segmentos da economia local.
“O povo brasileiro viveu meu governo. Saí da presidência com grande aprovação. E o povo brasileiro tem lutado para sobreviver ao governo do Bolsonaro, em que muitos morrem de covid, de fome, de tiro. Em que as pessoas buscam osso, buscam carcaça de frango, porque não podem comprar carne. Ele não tem muitos aliados, porque estão vendo nas pesquisas que não é uma boa se associar a ele. Então, em Minas, no Rio de Janeiro, em São Paulo os candidatos dos partidos dele estão é escondendo ele”, prosseguiu o pré-candidato da Federação “Brasil da Esperança” (PT, PCdoB e PV) e da “Coligação Todos Juntos pelo Brasil” (PT, PSB, PCdoB, PSOL, Rede, PV e Solidariedade).
Lula concluiu a entrevista prometendo respeito à democracia. “Eu quero me reunir em janeiro, talvez até em dezembro, com os 27 governadores eleitos, para, juntos, resolvermos os problemas do país. Me reunir com os prefeitos. Não importa se gostam ou não de mim”, disse.
“Eu, quando fui presidente, respeitei a todos. Não fiquei pedindo para empresário me apoiar, não fiquei perguntando se ele votava em mim. Respeitei todas as religiões, todos os brasileiros, representei este país no exterior, busquei investimentos externos e mercados para nossas exportações. Eu sou uma pessoa que respeita a democracia, que gosta de ouvir a opinião dos outros, e respeito a divergência. O Brasil precisa voltar a ter diálogo, ter paz e ter um presidente que trabalhe para resolver os problemas. É a isso que quero dedicar os próximos quatro anos da minha vida”, completou.