“Não tem explicação a taxa de juros estar como está”, declarou Lula. “Se tem uma coisa desajustada no país é o comportamento do presidente do BC”, acrescentou o presidente, em entrevista rádio CBN
O presidente Lula afirmou, nesta terça-feira (18), em entrevista à rádio CBN que o comportamento do Banco Central, que define a taxa básica de juros da economia brasileira, é a única “coisa desajustada” que existe no Brasil neste momento. “Só temos uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Presidente que tem lado político, que trabalha para prejudicar o país. Não tem explicação a taxa de juros estar como está”, declarou Lula.
“Temos situação que não necessita essa taxa de juros. Taxa proibitiva de investimento no setor produtivo. É preciso baixar a taxa de juros compatível com a inflação. Inflação está controlada. Vamos trabalhar em cima do real”, completou o presidente. Falando sobre o presidente do BC, ele questionou: “A quem esse rapaz é submetido? Como vai a festa em SP quase assumindo candidatura a cargo no governo de SP? Cadê a autonomia dele?”, indagou. Lula garantiu que indicará para a presidência do Banco Central uma pessoa que tenha “compromisso com o crescimento do país”.
Assista a entrevista na íntegra
Presidente Lula concede entrevista ao Jornal da CBN https://t.co/6vkNaGnsa9
— Lula (@LulaOficial) June 18, 2024
Ele falou sobre a cobrança que sofre do mercado e da imprensa para reduzir os gastos do governo. Ele afirmou que as pessoas que pedem pelo “equilíbrio fiscal” não querem abrir mão dos próprios benefícios e defendem que os ajustes sejam feitos nas políticas que beneficiam os mais pobres. “As pessoas que falam que é preciso parar de gastar são as que que tem R$ 546 bi de isenção, de desoneração da folha de pagamentos. São os ricos que se empoderam de uma parte do orçamento do país e eles se queixam do que você está gastando com o povo pobre”, afirmou.
“Não me venham querer que se faça ajuste em cima do povo pobre deste país. Estou disposto a discutir o orçamento com a maior seriedade com a Câmara, com o Senado, imprensa, empresários, banqueiros, mas para que a gente faça com que o povo humilde, trabalhador, o que mais precisa do estado, não seja prejudicado”, acrescentou o presidente.
“Eu tenho uma divergência sobre o que é gasto e investimento. O que está acontecendo hoje é que as mesmas pessoas que falam que tem gastos exagerados – e a gente vai investigar isso, se há gastos extras, se há gente recebendo benefício que não deve, dentro das politicas públicas – são as pessoas que têm R$ 546 bilhões em isenções fiscais. São os ricos que reclamam e se queixam dos investimentos nas pessoas mais pobres”, destacou Lula.
Sobre a desoneração dos 17 setores da economia, Lula disse que é preciso haver uma contrapartida dos empresários para garantir a estabilidade e aumento na qualidade de vida dos trabalhadores. “Qual é a contrapartida que esses setores dão para o trabalhador? Qual é a estabilidade no emprego que eles garantem? Qual é o aumento de salário que eles garantem? Nenhuma. Apenas pegam a isenção fiscal, sem nenhum compromisso com o povo trabalhador, para aumentar o lucro”, disse.
Lula também afirmou que é preciso fazer ajustes em diferentes áreas para comportar os gastos com a previdência, que vão aumentar nos próximos anos. “Temos quase 1 trilhão de reais com a previdência social. é muito. Agora se tem muita gente em idade de se aposentar, vai sempre aumentar. Agora o que é muito é você ter quase R$ 600 bi de isenção, quase R$ 600 bi de desoneração. É preciso consertar e a gente vai consertar dos dois lados”, enfatizou.
Sobre a exploração de petróleo, Lula disse que não vai abrir mão de explorar as reservas na chamada Margem Equatorial. “Não tem contradição. Temos Guiana, Suriname explorando petróleo, próximo de nós. Não é uma coisa que está ali na Amazônia. Vamos debater tecnicamente. O que não dá é pra dizer, a priori, que vai abrir mão de explorar riqueza que é muito grande do Brasil. É contraditório? É, porque estamos apostando na transição energética. Mas Brasil tem que ganhar dinheiro com petróleo”, disse Lula.
Questionado se poderia ser candidato em 2026, aos 80 anos, o presidente afirmou que essa é uma possibilidade. “Quando chegar o momento, se tiver muita gente boa pra ser candidato, eu não preciso ser candidato. Agora se for necessário ser candidato, para evitar que os trogloditas que governaram esse país voltem a governar, pode ficar certo que os meus oitenta anos virará em quarenta e eu poderei ser candidato”, disse.