No momento em que todas as forças democráticas do país procuram pontos de unidade para combater o retrocesso bolsonarista, Lula, em sua entrevista à “Folha de S. Paulo”, realizada na sexta-feira (26/04), declarou que, nas últimas eleições, o PT “perdeu” mas “provou que é o único partido que existe nesse país. O resto é sigla de interesses eleitorais em momentos certos”.
Na mesma entrevista, autorizada pela Justiça, Luiz Inácio Lula da Silva disse que os juízes do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) “nem leram a sentença” da 13ª Vara de Curitiba, que o condenou, em primeira instância, por corrupção e lavagem, no processo da propina do triplex de Guarujá.
Somente o voto do relator do julgamento no TRF4, desembargador João Pedro Gebran Neto, tem 414 páginas, examinando todas as provas e as conclusões da primeira instância.
A sentença original, na 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, que na época tinha por titular o juiz Sérgio Moro, tem 216 páginas, examinando minuciosamente as provas, além de todas as preliminares da defesa dos réus – incluindo Lula.
Tanto na 13ª Vara quanto no TRF-4, a defesa de Lula nem ao menos tentou contestar as provas – substituiu a contestação pela declaração de que elas não existiam e de que tudo não passava de perseguição política.
Nesse processo, Lula já foi condenado em três instâncias: 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, TRF-4 e Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Ao todo, oito juízes (um na 13ª Vara, três no TRF-4 e quatro no STJ) examinaram o processo, julgaram e decidiram pela condenação, sem nenhuma divergência sobre o mérito.
Em todas as três instâncias, Lula teve direito à defesa, com ampla publicidade.
Porém, Lula prefere manter a sua “narrativa” de que tudo é perseguição política.
Sobre o sítio de Atibaia, ele afirmou que só ficou sabendo “desse maldito” sítio no dia 15 de janeiro de 2011.
Na verdade, segundo o depoimento de Emílio Odebrecht, Lula fora informado, no dia 31 de dezembro de 2010, último dia de seu segundo mandato, que as obras no sítio seriam entregues a tempo (“Eu disse: ‘Olhe, chefe, o senhor vai ter uma surpresa e vamos garantir o prazo que nós tínhamos dado no problema lá do sítio’“, depôs Emílio Odebrecht).
Quanto à OAS, foi o próprio Lula, pessoalmente, que acertou com Léo Pinheiro, então presidente da empresa, e Paulo Gordilho, diretor, as obras no sítio.
Foi como beneficiário dessas obras – e não pela propriedade do sítio – que Lula foi condenado. Esse processo é baseado, sobretudo, em provas materiais (v. O que Lula não respondeu: para quem a Odebrecht e a OAS pagaram as obras do sítio? e Sítio de Atibaia: os e-mails que provam a culpa de Lula).
As obras foram realizadas pela Odebrecht e OAS como propina – o próprio Lula disse que não pagou por essas obras, da mesma forma que Fernando Bittar, em nome do qual (e de seu sócio, Jonas Suassuna) o sítio estava registrado. Disse Bittar que esperava que Lula pagasse as obras: “Na minha cabeça, eu imaginava que isso eles [Lula e Dª Marisa] teriam que pagar” (v. O PT e a propina do sítio de Atibaia e Obra do sítio de Atibaia foi um agrado pessoal para Lula, diz Marcelo Odebrecht).
Mas, disse Lula na entrevista à “Folha de S. Paulo”, ele só cometeu um erro: “cometi o erro de ir num sítio em que alguém pediu e a Odebrecht reformou“.
A Odebrecht, portanto, realizava reformas de graça em um sítio, porque “alguém” pediu…
Afinal, entre 2011 e 2016, Lula esteve apenas 273 vezes no sítio (v. ASSPA/PRPR, Relatório de Informação nº 029/2017).
Portanto, a julgar pelo que disse à “Folha”, Lula cometeu 273 “erros”.
Lula repetiu que “houve uma farsa” para condená-lo e que a marca do PT é “o combate à corrupção”.
Menosprezando o papel da Constituinte de 1988, que fortaleceu o papel do Ministério Público, Lula disse que foi o PT que criou os mecanismos de combate à corrupção. “Fomos nós, os governos do PT que fizemos os melhores instrumentos para combater a corrupção no Brasil”, disse ele.
Logo, ele e seus amigos devem receber uma condecoração pelo esquema de corrupção montado na Petrobrás e nos fundos de pensão.
Em resposta sobre a questão dos possíveis erros do PT, se o partido esteve ou não envolvido com corrupção, Lula respondeu à jornalista Mônica Bérgamo que “pode ter havido erros, mas, se algum petista cometeu erro, tem que pagar”.
“Só que tem que provar. Desafio qualquer um a provar a minha culpa”, acrescentou.
É um desafio desnecessário, porque isso já aconteceu, inclusive com o depoimento de seu operador, Antonio Palocci.
Portanto, esse desafio é apenas uma mistura de fanfarronada com tentativa de desviar a atenção daquilo que ele quer esconder.
Mas, se é assim, vejamos alguns materiais que o leitor pode consultar.
Além das matérias que elencamos ao fim desta, a sentença do triplex é pública.
A sentença do TRF-4, no mesmo processo, também é pública, assim como os votos dos desembargadores:
- voto do desembargador João Pedro Gebran Neto;
- voto do desembargador Leandro Paulsen;
- voto do desembargador Victor dos Santos Laus.
A sentença do sítio, também é pública.
Não acrescentamos as denúncias nos outros processos a que Lula responde, apenas porque achamos suficiente esse material para julgar o que vale sua declaração de que “desafio qualquer um a provar a minha culpa”.
Sem dizer nomes de outros presos, inclusive vários deles réus confessos, que até já devolveram parte do dinheiro roubado, Lula garantiu que a única pessoa que eles queriam pegar era ele. “Tudo era para chegar no Lula”, repetiu o ex-presidente.
A Lava Jato começou com uma investigação sobre o esquema do doleiro Alberto Yousseff que, quase por acidente, foi bater em um ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa – e, daí, no esquema de sobrepreço e superfaturamento do cartel das empreiteiras, por consequência, no esquema de propina administrado pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Foi assim que se chegou a Lula – inclusive para nossa surpresa (v. HP 05/02/2016, OAS pagou 312 mil para aparelhar as cozinhas do sítio e do triplex do Lula).
Não houve, nisso, nenhum roteiro pré-fabricado.
A versão de Lula somente seria verdadeira se o esquema de doleiros por onde começou a investigação (Alberto Youssef, Nelma Kodama, Raul Srour e Carlos Habib Chater) fizesse parte da mesma quadrilha que o líder petista.
O que seria ainda mais comprometedor para ele.
Mas isso, ninguém jamais afirmou.
Quem está afirmando que, desde o início, tudo foi feito para chegar a Lula, é o próprio Lula.
Resta explicar porque Sérgio Cabral, Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima & outros estão presos. Só para chegar a Lula?
Entretanto, Lula afirmou que “os juízes têm que se ater aos autos e não às manchetes do Jornal Nacional”.
Mas sua queixa é, exatamente, a contrária: a de que o Jornal Nacional, quanto a ele, está repetindo os autos.
A única autocrítica que admitiu fazer durante a entrevista foi não ter regulamentado os meios de comunicação. Segundo Lula, estava tudo pronto, mas seu governo achou melhor deixar para que Dilma fizesse isso. Ele disse que não sabe porque não foi feita a regulamentação.
O petista afirmou também que lamenta o país estar sendo governado por esse “bando de maluco” (sic) e que Bolsonaro não sabe o que faz. “Quem dita as regras é o Guedes. Se ele vier aqui eu ensino a ele como resolver os problemas. Eu mostrei como se faz”, disse Lula.
Lula, mais uma vez, mostrou que é a favor da “reforma da Previdência” – e até do “ajuste”. Mas, diz ele, é preciso “negociar”:
“Reforma da Previdência só se faz com negociação. Se tem ajuste para fazer, tem que conversar com os empresários, com os aposentados, com os políticos”.
Sobre as eleições, ele disse que viu muito ódio no povo. Mas, ressaltou que “esse tipo de coisa está ocorrendo no mundo todo”.
Lula cobrou uma autocrítica da elite brasileira, que, durante os governos do PT “ganhou muito dinheiro”.
“Eles têm que fazer autocrítica geral por terem deixado tudo isso acontecer”, afirmou o presidente de honra do PT.
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Quem assina esta reportagem? Como não tem identificação pessoal devo presumir como EDITORIAL DO JORNAL HORA DO POVO? Não tem identificação do repórter ou autor do texto nem no começo, nem no final.
Não, caro leitor, você não deve presumir o que não está dito. Quando se trata de editorial, nós dizemos que é um editorial. Essa é uma matéria da redação, em que colaboraram vários repórteres e/ou redatores. Nosso jornal tem dezenas de matérias assim, que não são assinadas. Aliás, dezenas, não. A maioria das matérias são assim. Tanto no nosso como nos outros jornais. Mas, o importante é que você não viu nada de incorreto na matéria. Pelo menos, não disse nada sobre isso.
só não enxerga quem é cego por conveniencia. Lula foi o grande bode expiatório, que livrou a cara dos ratos graúdos da corrupção que grassa pelo Brasil desde 1500.
Mas, afinal, ele roubou ou não roubou? Porque esta é a questão – a que é impossível fugir, simplesmente, dizendo que Pero Vaz de Caminha também era um ladrão.
esse golpe começou com a patifaria contra a Dilma e fechou o círculo com a prisão do lula, até empresários e políticos corruptos como Palocci entraram nesse jogo , uns pra se safar da justiça e outros pra tirar o PT do poder .resultado : um juizeco e um debio mental com sua fakeada colocaram no lugar de um estadista um ex deputado inutil que colocou no lugar de ministro um ex juizeco semi analfabeto de republiqueta totalitária .O Brasil e o poder judiciário viraram piadas no cenário político internacional .
O problema é outro, leitor. O Lula roubou ou não roubou? Existia um esquema, armado por ele, para roubar a Petrobrás em troca de propinas que eram auferidas como “doações” ao PT, PP, PMDB, ou não existia? Ou será que os R$ 11,9 bilhões restituídos até agora (incluído o que está sendo, ainda, pago) são uma invenção do Moro? Ou o Moro tirou do próprio bolso esse dinheiro, somente para complicar a vida do Lula? É fácil xingar e acreditar fanaticamente, como fazem os bolsonaristas. Mas isso não apaga os fatos.
Jaques Wagner afirmou há bom tempo que o PT se lambuzou, ( pesquisar n internet sobre o tema).
Com todo o respeito a Lula e ao PT, mas existem outros partidos políticos no Brasil que não visam somente interesses eleitorais, principalmente os que foram expulsos do PT no processo histórico, na trajetória de ”endireitização ” e ”lambuzagem” dos PetTahas. Houve também a fusão PCdoB e PPL que não visaram interesses eleitoreiros. O PCB também não visa interesses eleitorais.
O PT está procurando criar desavença entre a esquerda, entre o centro esquerda, entre as forças democráticas e progressistas porque é um partido politico que nunca teve um programa, sempre procurou o poder pelo poder.
A agenda defendida pelo PT foi pautada pelos partidos políticos da esquerda e das forças democráticas e progressistas, tanto é quando houve a ruptura do PT com estas forças, a pauta da agenda petista entrou em colapso e resultou neste caos que estamos tendo hoje.
O PT não pode falar pela esquerda porque não é esquerda, não é progressista. Há muitos petistas que ainda permanecem na ”pureza” do PT que era no inicio, a eles devemos respeito, mas lamentavelmente existem oportunistas que estão aproveitando da situação, o tempo se encarregará de fazer o expurgo, é a dialetica.