
Ex-presidente da República disse que Jair Bolsonaro “não entende de educação, só entende de fake news”, em evento em Porto Alegre (RS)
O ex-presidente Lula chamou de “vergonha nacional” o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2021, que registra queda em todos os níveis, e defendeu mais investimentos em Educação.
Jair Bolsonaro “não entende de educação, só entende de fake news”, disse Lula em evento em Porto Alegre (RS).
“Eu não me conformo com o Brasil ter dado passos para trás. A gente vê a fome, o desemprego, a queda dos investimentos em Ciência e Tecnologia, na Educação, o Fundeb diminuindo”, falou Lula.
“Hoje muita criança sai da escola sem saber ler, sem saber fazer qualquer coisa completa na área de matemática. O Brasil não merece isso”, continuou o ex-presidente.
Segundo ele, “não existe na história da humanidade nenhum país que evoluiu sem antes ter investido na educação, e o que aconteceu com o Ideb é uma vergonha nacional, e vocês sabem a qualidade dos ministros da educação que eu tive e a qualidade dos ministros da educação que ele teve”.

O Ideb, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), é um índice que é formado a partir das notas dos estudantes no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e da taxa de aprovação escolar.
Os dados mostram que mais alunos passaram a ter dificuldades com a aprendizagem da língua portuguesa. Em 2019, 15,5% dos alunos tinham essa dificuldade, mas em 2021 esse número passou para 33,8%.
Lula também falou que é uma “vergonha” o valor que o governo Bolsonaro está repassando para os Estados e municípios para as merendas escolares. Jair Bolsonaro vetou o reajuste nos repasses, que estão congelados desde 2017.
“É uma vergonha esse valor repassado. Eu me disponho a ir com o presidente da República, com o ministro da Fazenda, com o filho dele e com meus netos numa escola, para ver o que dá para comer com um real, para ver o que a molecada está comendo na escola hoje, porque eu tenho certeza absoluta que se o presidente visse o que a molecada está comendo ele iria sentir vergonha de passar tanto tempo sem reajustar a merenda escolar”, asseverou.
“Aliás, ele poderia passar vergonha vendo que não reajustando o salário mínimo as pessoas já estão comendo menos e vivendo pior”, apontou.

COMÍCIO POA
Em comício na noite de sexta-feira (16), Lula declarou para a multidão que acompanhou o ato estar feliz e motivado por reencontrar o povo com o mesmo ânimo e coragem de recuperar o Brasil, como aconteceu quando ele venceu as eleições pela primeira vez. “Estou feliz porque a gente vai derrotar esse genocida e vamos voltar a governar esse país de forma democrática”, afirmou.
Lula dividiu o palco com Edegar Pretto, candidato à governador do Rio Grande do Sul, e Olívio Dutra, que concorre ao Senado.
“Se eleito este que vos fala, vamos reforçar as lutas do povo brasileiro no Senado”, afirmou Olívio Dutra.
O evento contou com diversas lideranças, como a ex-presidente Dilma Rousseff, Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande do Sul, Manoela d´Ávila, representando o PCdoB, Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, o ex-ministro Aloízio Mercadante, Pedro Ruas, candidato a vice-governador, o senador gaúcho Paulo Paim, Márcio Souza, vice-presidente nacional do PV, Randolfe Rodrigues, senador do Amapá pela Rede, Luíz Tibé, presidente do Avante, além de deputados federais, estaduais e representantes dos movimentos sociais organizados.
CURITIBA
Em Curitiba (PR), neste sábado (17), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou para milhares de pessoas na Avenida Luiz Xavier, região popularmente conhecida como Boca Maldita.
Lula destacou que aprendeu a amar Curitiba porque foi lá que conheceu Janja. “E foi aqui que nós decidimos nos casar. Eu também tenho gratidão e respeito por Curitiba, tenho muito carinho pelos homens e mulheres dessa cidade e desse Estado que não mediram esforços para ficar 580 dias pedindo pela minha liberdade”, disse.

“Ontem eu vi a publicação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Meu Deus do céu! As crianças estão menos sabidas do que estavam ontem, as crianças não estão aprendendo mais. Então nós vamos ter a responsabilidade de recuperar este país porque todo mundo sabe que esse tal de Bolsonaro não entende nada de educação, de emprego, de sindicato, de enfermagem, não entende absolutamente nada a não ser de ‘fake news’ e mentir para sociedade brasileira, como ele faz todo santo dia”, afirmou Lula.
“Eu queria fazer um desafio para vocês. Vamos reconstruir esse nosso país. Ele é nosso, ele é de cada um de nós, ele é, inclusive, daqueles que vocês ainda vão colocar no mundo, que ainda não nasceram”, disse Lula.
O ex-presidente afirmou que é possível construir um país com justiça social e sem ter criança indo dormir passando fome. “A fome é feia e eu já passei fome. Fui comer pão pela primeira vez com sete anos de idade. Não é possível, no século 21, a gente ter criança que vai dormir sem comer um pãozinho, sem ter um copo de leite, sem ter um chocolate, sem ter alguma coisa para comer. Nós conseguimos provar que esse país pode ser melhor”, afirmou.
Roberto Requião (PT), candidato ao governo do Paraná, disse que voltou para as trincheiras da luta pela democracia. Requião chamou Lula de “um patriota brasileiro” e disse que a volta do ex-presidente ao Palácio do Planalto é fundamental.
“Lula é indispensável e eu estou aqui pelo mesmo motivo que vocês. Vim para este palanque como candidato a governador do estado, mas como o principal cabo eleitoral de Lula no Paraná. Nós precisamos de um presidente da República com identidade com o povo e capaz de solidariedade”, disse.

Também participaram do comício a ex-presidenta Dilma Rousseff, Jorge Semak, que concorre ao cargo de vice-governador paranaense, Rosane Ferreira, que disputa uma vaga no Senado, Manuela D’ávila, representando o PCdoB, senador Randolfe Rodrigues, pelo partido Rede, Elton Barz, Karime Fayad, Zeca Dirceu, além de lideranças dos movimentos sociais organizados.