
“Sejam corajosos e digam isto. O corte de gastos que a mídia defende e que vocês defendem aqui vai atingir a grande massa da população brasileira”, disse a deputada do PCdoB-RJ, da tribuna da Câmara
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vice-líder do governo na Câmara, ocupou a tribuna nesta quarta-feira (2) para cobrar dos bolsonaristas que falem a verdade e digam ao país que o que eles querem é cortes drásticos nos direitos sociais e nos serviços públicos. “Em nome do corte de despesas, em nome do ajuste fiscal, defendem o quê? Desvincular a previdência do salário mínimo, retirar o vínculo da saúde e da educação, reduzir recursos do BPC, porque esse é o corte de gastos que vocês defendem”, denunciou a deputada.
“Sejam corajosos e digam isto. O corte de gastos que a mídia defende e que vocês defendem aqui vai atingir, aí sim, a grande massa da população brasileira. Nós queremos tributar bilionários, super ricos, super salários, bancos, divisas para o exterior”, acrescentou Jandira Feghali. “Vocês querem cortar gastos de quem não tem. Digam isso aqui. Sabe quanto era o IOF na época de Bolsonaro? Era 6%”, prosseguiu a vice-líder do governo, desmascarando a demagogia bolsonarista.
Jandira observou que o bolsonarismo quer desmoralizar o parlamento. “Alguns deputados sobem à tribuna para desmoralizar o Parlamento Brasileiro com as suas falas, com dados que eu não sei de onde tiram, porque são mentirosos, e falam sem nenhum limite, sem nenhum escrúpulo, sem nenhum tipo de preocupação se o dado é verdadeiro ou não. Como falta argumento, sobra mentira”, destacou a deputada.
“E é isso que a gente tem visto aqui. E eu queria enfrentar duas principais delas. A primeira é sobre essa questão do IOF. Eu aqui falo pela liderança do governo, como vice-líder que sou, e quero já abrir sustentando e apoiando a posição do governo de ter ido ao Supremo Tribunal Federal. Porque não se trata de um confronto com o Congresso, se trata de preservar a competência e a prerrogativa constitucional do Presidente da República. Este Congresso foi eleito, o Presidente também, com mais de 52 milhões de votos nesse país”, argumentou.
“Portanto”, disse a deputada, “é uma prerrogativa constitucional que está em jogo, e o governo não pode abrir mão da sua prerrogativa constitucional. E sobre o conteúdo, dizer o seguinte, essa questão do IOF não importa à grande maioria da sociedade com impacto nenhum direto. O impacto é indireto positivo, porque quando se arrecada recurso de quem tem mais, nós beneficiamos quem tem menos que a grande maioria da população”.
“O que o decreto do IOF fez, aliás, é bom que se diga, a partir de uma reunião longa num domingo em Brasília, onde estavam presentes o Presidente da Câmara, o Presidente do Senado, os líderes partidários, o governo, este decreto derivou desta conversa e deste acordo. Recuando, inclusive, do primeiro decreto por provocação do próprio Congresso Nacional. Então, houve conversa, houve negociação e houve acordo”, prosseguiu.
“E, de forma surpreendente, numa semana esvaziada no Congresso Nacional, da Câmara de Deputados em particular, isso é colocado em pauta de onze e meia da noite para o outro dia, para derrotar um decreto. E nós precisamos compreender o que está por trás disso. Porque o conteúdo do decreto é um conteúdo que incide sobre evasão de divisas desse país, sobre operações de câmbio desse país, sobre operações de crédito de empresas, não de pessoas físicas”, afirmou a deputada.
“Portanto, não há ninguém do povo preocupado se aumenta ou não aumenta o tributo do IOF no seu salário, na sua renda, no seu dinheiro, no seu cotidiano. E é importante o debate com a grande maioria da população para ela entender que o que o governo está fazendo é fazer justiça tributária. Quem não paga tem que pagar”, apontou Jandira.
A vice-líder do governo explicou ainda que com o decreto do IOF se arrecada 20 bilhões esse ano e 40 no ano que vem. “E arrecada de quem?”, indagou. “De quem tem dinheiro”, disse.
“De milionários, de bilionários, de pessoas que lidam com operações financeiras de vulto. E a medida provisória que veio tributa quem? Tributa bancos, operações tributárias para bancos, para o sistema financeiro, rendimentos financeiros. Tributa quem? Tributa fundos de investimento, tributa as bets, as bets arrecadam bilhões nesse país e não pagam uma coisa ridícula menos que uma servidora de salário médio nesse país”, destacou Jandira.
“Não é possível que quem é assalariado, que quem ganha pouco pague tributos de 27,5% e um banco pague 6%, a bet pague 6%. Isso é um escárnio, é um escândalo e é isso que a extrema direita e a direita defendem aqui. Em nome do corte de despesas, em nome do ajuste fiscal, defendem o quê? Desvincular a previdência do salário mínimo, retirar o vínculo da saúde e da educação, reduzir recursos do BPC, porque esse é o corte de gastos que vocês defendem”, completou a parlamentar.