MAMEDE SAID (*)
A semana se inicia com belas manifestações marcando o Dia Internacional da Mulher, ao tempo em que duas coisas impactaram a semana que se encerrou: o chamado de Bolsonaro convocando para o ato articulado por seus apoiadores no próximo dia 15 e a exclusão da Folha de S.Paulo da cobertura do jantar de Bolsonaro com Donald Trump, na noite de sábado.
Pergunto-me qual seria a reação das Forças Armadas e dos Poderes da República se um presidente de esquerda ou de centro-esquerda manifestasse publicamente apoio a um ato que tem como principais bandeiras o fechamento do Congresso Nacional e do órgão de cúpula do Judiciário, o STF. Certamente sofreria ameaças veladas e condenações veementes, coisas de que Bolsonaro escapa por reverberar sandices que povoam a cabeça de muita gente que orbita os espaços do poder em Brasília.
Quanto à discriminação da Folha de S.Paulo por conta de sua cobertura crítica das ações do Governo, a melhor medida que devia ter sido tomada seria a recusa dos demais jornalistas em comparecer ao encontro dos dois presidentes. Jantares de Bolsonaro com Trump são apenas oportunidades para o presidente brasileiro lustrar sua vergonhosa submissão a Trump.
Assim, o boicote coletivo não deixaria a sociedade órfã de qualquer notícia relevante. Mas seria um ato de solidariedade e unidade contra a desfaçatez e os insultos que Bolsonaro dirige frequentemente à imprensa, manifestando seu desejo indisfarçável de tolher a liberdade de expressão e de censurar as notícias que lhe são desfavoráveis.
(*) Diretor da Faculdade de Direito da UnB











