“Está na hora de levar em consideração que a independência do Banco Central está sob uma égide legal. Eles, portanto, precisam entender que há uma subordinação legal”, disse o senador Eduardo Braga
O líder do MDB no Senado, senador Eduardo Braga (AM), fez, nesta sexta-feira (23), em entrevista ao Congresso em Foco, duras críticas à atuação de Campos Neto à frente do Banco Central, que na última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) manteve os juros em 13,75%. “O Banco Central já chegou no ponto do limite com relação a essa questão da sua posição”, avaliou o parlamentar.
“Não é que queremos mudar a regra do jogo. Não, dentro da regra estabelecida, na independência do Banco Central, o Senado tem mecanismos para fazer cumprir a sua posição e mecanismos. É só analisar o que está previsto na lei. Nós temos os mecanismos. Portanto, o Banco Central está na hora de levar em consideração que a independência do Banco Central está sob uma égide legal. Eles, portanto, precisam entender que há uma subordinação legal”, disse.
“Essa questão dos juros é um debate absolutamente necessário e não é apenas a taxa Selic que é necessário discutir, mas também essa questão do crédito rotativo do cartão de crédito no Brasil”, prosseguiu o senador. “Cheque especial é outra coisa absurda no Brasil e, na minha opinião, o mercado já vem sinalizando uma queda futura da taxa de juros, o arcabouço fiscal foi votado no Senado e voltou para a Câmara”, afirmou.
“Não vejo mais razões para o Banco Central não sinalizar para o mercado a queda da taxa de juros. Nesse sentido, o presidente Lula tem toda razão”, apontou Braga, sobre as críticas do presidente às taxas de juros extorsivas praticadas pelo BC. “A taxa de inflação no Brasil está próxima do centro da meta, o núcleo da taxa de inflação está em queda no país. O Banco Central precisa compreender que a política monetária tem de ter a responsabilidade também com a questão econômica e com o crescimento econômico do país”, acrescentou.
Braga lembrou que “o Senado tem mecanismos para fazer cumprir a sua posição e mecanismos”. “É só analisar o que está previsto na lei. Nós temos os mecanismos. Portanto, o Banco Central está na hora de levar em consideração que a independência do Banco Central está sob uma égide legal. Eles, portanto, precisam entender que há uma subordinação legal. É nesse sentido que eu acho que o Senado vai encaminhar a sabatina no dia quatro de julho”, argumentou.
O senador não deu prazo. “Prazo não há, mas o que eu posso lhe dizer é que no Senado hoje há um ambiente de cobrança cada vez mais firme em relação à posição do Banco Central. Nós estamos fazendo nossa parte”, afirmou. ‘E não é apenas o presidente, ele é um entre o os membros do Banco Central. O comunicado que o BC deu não era o que o mercado estava aguardando nem o que nós imaginávamos diante dos números que nós estamos vendo em relação à economia”.
“Isso vai ditar então a sabatina do dia quatro, não tenho dúvida. Não sei se será um divisor de água, mas vai ter um tom. As maiores bancadas acho que vão se posicionar. Dentro da lei estabelecida, nós vamos fazer cumprir o nosso papel”, destacou o paramentar amazonense.