O debate entre candidatos a presidente da República, promovido pelo SBT/Folha/UOL, na quarta-feira (26/09), conteve vários momentos interessantes, que procuramos registrar em outras matérias.
Porém, o mais notável foi a total desinibição do candidato do PT, Fernando Haddad, em mentir por atacado, sem nem ao menos piscar.
Todo o esforço de marketing do PT, depois de sua agachada adesão ao neoliberalismo, é voltado para esconder sua verdadeira posição. Disso resulta que a verdade deixou de ter qualquer papel – é mesmo indesejável e prejudicial – na sua campanha eleitoral.
Daí, a falsidade de seu discurso – e de seus candidatos, todos imitando Lula e sua comédia de suposta perseguição política.
Por exemplo, disse Haddad:
“… emprego, geração de emprego, vai ser uma obsessão do meu governo desde o primeiro dia; eu participei de governos que geraram, em 12 anos, 20 milhões de postos de trabalho”.
Haddad omitiu que 45% do aumento do desemprego (mais exatamente: 44,87%), de 2014 a 2017, foi sob o governo do PT, devido à política do governo do PT, com seu apoio e com o apoio de Lula (cf. IBGE, PNAD Contínua).
E não estamos somando os subempregados, nem aqueles que o IBGE não registra como desempregados, porque deixaram de procurar emprego.
Também estamos dando um desconto, em benefício do PT, ao registrar os primeiros meses de 2016 como se pertencessem ao governo Temer – apesar de que, como todo mundo sabe, esses meses pertencem ao governo Dilma, isto é, ao governo do PT.
Mesmo assim, considerando apenas 2015, com todos esses descontos, sempre em benefício do PT, nada menos que 45% do maior aumento do desemprego em toda a História da República, foi devido ao governo petista.
O que Temer fez foi continuar essa desgraça. – com elogios do PT a Meirelles e sua política, inclusive de Lula.
CRECHES
Algumas coisas são especialmente vergonhosas. Mas somente para quem tem vergonha. Fazendo marketing de seu sensacional desempenho como ministro, disse Haddad:
“… a quantidade de creches que nós construímos pelo Proinfância, uma coisa extraordinária, por todo o país, eu entreguei praticamente 1.500 unidades no país.”
O que significa “eu entreguei praticamente 1.500 unidades”?
Significa que ele não entregou essas 1.500 unidades. Caso contrário, o advérbio “praticamente” seria desnecessário – ele diria, simplesmente: “eu entreguei 1.500 unidades”.
Mas não foi isso o que ele disse – e o “praticamente” mostra que ele sabe que está mentindo.
Porém, vamos a algo mais importante: 1.500 creches é algo totalmente insignificante para o Brasil.
Haddad foi ministro durante sete anos. Por sua conta, em média, ele entregou 214 creches por ano, para todo o Brasil.
O déficit de vagas em creches, no Brasil, é, atualmente, 1 milhão e 700 mil vagas, considerando apenas as crianças até três anos de idade.
O Proinfância (Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos da Rede Escolar Pública de Educação Infantil) foi uma encenação do governo Lula – a partir de 2007 – na qual o governo federal liberava recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para construção de creches, deixando o resto – as obras e o funcionamento – por conta das Prefeituras (cf. a resolução do FNDE, assinada por Haddad, que estabeleceu o Proinfância).
O programa foi – e continua sendo – uma coleção de fracassos. O principal deles foi, exatamente, na gestão de Haddad como prefeito de São Paulo.
Dilma Rousseff, em 2010, se elegeu prometendo 6.000 creches em quatro anos. É claro que ela não fez nada disso.
Então, qual é a situação?
De 2007 a 2017 – portanto, 10 anos – o programa de Haddad previa a construção de 8.824 unidades.
Destas, só estão em funcionamento 1.478 unidades.
Portanto, somente 17% das unidades chegaram a funcionar, em 10 anos.
É por isso que Haddad falou “eu entreguei praticamente 1.500 unidades”.
Com isso, ele tentou transformar um fracasso em algo fenomenal.
Porém, é pior ainda do que sugerem esses números.
Porque eles não se referem apenas a creches.
Incluem, também, as pré-escolas (até cinco anos de idade), pois, a partir de 2011, as creches foram consideradas parte da “educação infantil” – e o Proinfância passou a incluir as pré-escolas.
Portanto, as creches construídas e em funcionamento são menos que as 1.500 de que Haddad falou (ao leitor interessado nos detalhes, recomendamos o Relatório de Avaliação do Proinfância, publicado pela CGU em março passado).
O saldo do PT na questão de creches é sofrível, inclusive nos detalhes orçamentários.
Por exemplo, entre 2011 e 2017 foram previstos, nos vários Orçamentos, R$ 13 bilhões e 717 milhões para o Proinfância.
Mas o total efetivamente liberado, no mesmo período, foi R$ 1 bilhão e 357 milhões, ou seja, 10% da previsão orçamentária (cf. rel. cit., p. 10).
No entanto, Haddad tem a falta de escrúpulos de falar da “quantidade de creches que nós construímos pelo Proinfância, uma coisa extraordinária”.
Mesmo que fosse verdade que ele entregou 1.500 creches – e, como vimos, não é – seria uma gota d’água no oceano.
O extraordinário nisso é a capacidade de mentir.
No que Haddad não se distingue de seu ventríloquo, Lula.
LIMITE
No debate, Haddad disse o seguinte:
“… o governo Temer aprovou uma emenda constitucional exótica, ele simplesmente congelou o gasto público por 20 anos.”
Ultrapassamos, aqui, a fronteira do cinismo.
A proposta de limitar – não por 20 anos, mas permanentemente – o gasto público foi apresentada no início de 2016 por Nelson Barbosa, ministro da Fazenda de Dilma Rousseff e apoiada pelo PT (cf. o anúncio, pelo governo Dilma, de envio do projeto ao Congresso: Nelson Barbosa encaminha proposta de reforma fiscal; cf., também, a apresentação de Barbosa, Proposta de limite para o crescimento do gasto; v., igualmente, HP 17/02/2016, Nelson Barbosa defende o limite permanente dos gastos públicos).
Qual a diferença entre a proposta do governo Dilma – a proposta do PT – e a de Temer e Meirelles?
Nenhuma que seja essencial, exceto que a proposta do PT era pior – previa um arrocho ainda mais brutal, embora seja difícil imaginar tal coisa – do que aquilo que Temer aprovou no Congresso.
A proposta de Dilma e Barbosa foi enviada ao Congresso no dia 21 de março de 2016. Não chegou a ser apreciada porque o governo caiu. A proposta de Meirelles, enviada após a posse de Temer, é inteiramente calcada naquela de Barbosa e Dilma – que o PT estava apoiando.
Evidentemente, esse limite de gastos é de uma selvageria extrema nos dois casos – no caso da proposta do PT, ainda por cima, havia um mecanismo “automático” de redução das despesas, inteiramente irracional.
Mas, aqui, o que importa é como o candidato Fernando Haddad é capaz de criticar com tanta ênfase uma proposta que foi apresentada por seu próprio governo – e apoiada por seu próprio partido – como se não tivesse nada a ver com essa proposta, e sem a menor autocrítica.
Durante o debate, os candidatos não abordaram o desvio de 30% da arrecadação da Previdência e demais setores que atendem ao povo, para o setor financeiro, iniciativa também do governo do PT, adotada pelo governo Temer.
Ou a proposta de “reforma da Previdência”, preconizada pelo então ministro da Fazenda de Dilma, Joaquim Levy, em quase tudo idêntica à que Temer e Meirelles não conseguiram aprovar.
Ou as duas “reformas da Previdência”, nos governos Lula e Dilma (ver, sobre essas questões, Como Fernando Henrique, Lula e Dilma pilharam as aposentadorias).
CRIMES
Indagado sobre as suas visitas semanais à Lula, na cadeia, falou Haddad:
“… em primeiro lugar, eu sou com muita honra advogado do presidente Lula”
O que é, literalmente, mentira – e todo mundo, literalmente todo mundo, sem exceção de ninguém, sabe que Haddad não é advogado de Lula.
Se fosse, talvez, Lula contasse com alguém melhor, como advogado, que o abrilhantinado Zanin, cuja competência está em ser genro de Roberto Teixeira, compadre de Lula.
Ou, talvez, fosse ainda pior, pois não temos conhecimento de nenhuma causa defendida por Haddad.
Seja como for, o que Haddad está fazendo é aproveitar-se de um diploma de advocacia para entrar na cela de Lula, todas as semanas.
Repare o leitor que não estamos reclamando disso.
Agora, querer fazer o público de bobo, com a história de que é advogado de Lula, quando todo mundo sabe que não é, revela algo do caráter de Haddad.
Entretanto, continuemos com o que Haddad falou na quarta-feira:
“… porque ele [Lula] está injustamente preso, a sentença que o condenou não para de pé, não apresentaram uma única prova contra ele e eu não vou descansar enquanto ele não tiver um julgamento justo”
Se Lula fosse inocente, não precisaria de um “julgamento justo” (ou de qualquer julgamento). Precisaria apenas ser solto.
Geralmente é assim: reivindica-se “liberdade para fulano”, se achamos que o sujeito é inocente. Ninguém reivindica “julgamento justo para fulano”, quando o consideramos inocente.
Apesar disso, Haddad acha que “julgamento justo” é aquele que concorda com ele – e com Lula – apesar das provas. Caso contrário, não seria um “julgamento justo”.
E não acha isso porque seja advogado e apenas consiga enxergar o aspecto formal do problema ou os interesses de seu falso cliente.
Ao contrário, o que isso mostra é que ele sabe que está mentindo quando diz que Lula “está injustamente preso, a sentença que o condenou não para de pé, não apresentaram uma única prova contra ele”.
Ele sabe, como qualquer um que leu o processo, que provas não faltam, nesse processo, da corrupção de Lula – e também nos outros processos em que Lula ainda não foi julgado.
Em alguns artigos, nós resumimos essas provas (v., por exemplo, Uma pequena compilação das provas contra Lula (só no caso do triplex) e “O triplex não é meu” ou as provas que Lula garante que não existem).
Mas Haddad é uma das poucas pessoas que não precisaram ler o processo para saber que Lula é um ladrão de dinheiro público.
Todo mundo na cúpula do PT sabe disso – e a maioria acha que é normal, que política é assim que se faz, etc., etc.
Haddad também sabe disso – e somente acha que os dois julgamentos em que Lula foi condenado, por quatro juízes diferentes, são “injustos”, porque, na sua opinião, o roubo de Lula deveria ser permitido.
Deixemos para lá o que Haddad falou sobre o julgamento de Lula na ONU. Ele também sabe que a comissão em que o PT entrou com o caso de Lula não é órgão judicial – e não tem autoridade acima das leis e da Justiça brasileiras.
Aí, é aquele caso em que o povo diz: “está se fazendo de besta”.
Portanto, não perderemos tempo com isso – nem gastaremos o tempo do leitor.
SALÁRIO
Expusemos as intervenções do candidato do PT, não apenas porque elas são típicas do petismo – a ausência de pruridos em mentir, a crença de que vale tudo para ganhar uma eleição – mas porque elas permitem vislumbrar uma preparação de outro estelionato eleitoral, se Haddad fosse eleito.
Aliás, a própria campanha de Haddad – como a de Dilma, em 2014 – é um estelionato.
Assim, disse ele, sua “plataforma vai tirar o país da crise, como nós fizemos em 2002; quem mais gerou oportunidades nesse país foram os nossos governos”.
Haddad cancelou da História do Brasil, nessa “geração de oportunidades”, os governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart.
Além disso, passou por cima de que o primeiro mandato de Lula, no qual o mandachuva era Antonio Palocci, beirou o desastre – essa é a razão porque quase o governo foi derrubado, e, nas eleições, Lula teve que ir para o segundo turno, apesar do candidato tucano, Geraldo Alckmin, ser medíocre.
Também esqueceu Haddad que o segundo mandato de Lula foi o aproveitamento das sobras do aumento de preço da soja e do minério de ferro. Nas palavras do professor Ildo Sauer, ex-dirigente do PT e participante do governo Lula:
“A grande vantagem com que contou o governo Lula foi a pujança com que a China emergiu no seu processo de industrialização acelerado, que levou ao crescimento dos preços de commodities – produtos agrícolas, minérios e petróleo. Houve um excedente econômico enorme, que permitiu uma redistribuição desse excedente e permitiu ampliar programas sociais, mas que não gerou nenhuma autonomia.
“Então, o discurso das conquistas sociais tem que ser relativizado, embora efetivamente tenha havido uma melhora no salário mínimo, etc. Mas o grosso do esforço dos governos de Lula e Rousseff foi de ampliar a participação do empresariado na riqueza brasileira. Instrumentalizaram todos os setores do governo, especialmente as estatais, como a Petrobrás, a Eletrobrás, BNDES e demais órgãos, para fazer essa aliança do governo de coalizão.
“Criaram verdadeiros despachantes desses interesses nos órgãos públicos, representando esses interesses. Progressivamente, houve um desgaste do papel de hegemonia do próprio Partido dos Trabalhadores no governo, que foi fazendo tantas concessões negociadas internamente que, quando a economia, depois da crise de 2008, finalmente se deteriorou, se agravou, o papel do próprio partido no governo se revelou desnecessário para aqueles com os quais o PT tinha formado sua aliança, o PMDB e os demais partidos que integravam o governo de coalizão liderado pelo PT.
“Quando eles se tornaram inservíveis e inúteis, quando a popularidade despencou, não tinham mais nada para entregar, principalmente porque aquilo que o PT entregou antes foi servir como algodão entre os cristais. Um governo pelego no sentido clássico da palavra, de amenizar os conflitos, passar ‘credibilidade’, manietar e instrumentalizar os movimentos sociais, o aparelho sindical e todas as forças” (v. HP 05/05/2017, Ildo Sauer: “as ‘reformas’ de Temer só beneficiam o capital financeiro).
Resta dizer que o empresariado que Lula e Dilma favoreceram eram os candidatos a monopólio que passavam propina (Odebrecht, JBS, Eike e assemelhados).
A propósito, durante os 12 anos lembrados por Haddad, houve um recuo do emprego industrial, mais qualificado e de maior salário, substituído por uma miuçalha mal remunerada na área de serviços (manicures, entregadores de pizza e outros ofícios altamente especializados).
Por isso, Haddad usou o termo “oportunidades”, ao invés de empregos.
CRISE
Esse plano – o plano da demagogia – é evidente quando Haddad fala em “melhorar a renda disponível da classe trabalhadora para que ela possa consumir mais e fazer a roda da economia girar”.
Até parece algo racional. A expansão do consumo – isto é, do mercado interno, do poder aquisitivo da população – é realmente a questão-chave para sair da crise.
Por isso, é fundamental o aumento do salário real.
Mas o trecho acima não foi dito, por Haddad, em conexão com o aumento nos salários.
Segundo se pode depreender desse trecho, Haddad pretende aumentar a “renda disponível” diminuindo os impostos – e não aumentando os salários.
Ele sabe que o aumento real de salários é anátema para os rentistas – com os quais vem se reunindo – e para as multinacionais.
Portanto, não quer contrariá-los.
Daí essa linguagem fumarenta: “melhorar a renda disponível” ao invés de “aumentar o salário real”.
Da mesma forma, em sua última intervenção no debate:
“… meu governo será pautado por um princípio: o princípio de ampliar as oportunidades, e isso se faz de duas maneiras: ampliando a oportunidade de emprego, trabalho; e ampliando a oportunidade de educação. Com trabalho e educação, nós saímos da crise, de qualquer crise, porque a pessoa que tem uma dessas duas coisas tem um caminho pela frente, etc.”
Não nos deteremos, mais do que um momento, nessa erupção completamente demagógica sobre o papel da educação – que, em Haddad, significa colocar dinheiro público em universidades privadas, pertencentes a fundos especulativos norte-americanos. Daí frases como “o filho do pedreiro virou doutor” ou “quase triplicamos o número de brasileiros e brasileiras nas universidades, jovens pobres que não teriam a menor condição de estudar”.
Efetivamente, durante os governos do PT, as vagas em universidades públicas caíram de 30% (2002) do total de vagas no ensino superior, para 12,5% (2016). Os dados são do Censo da Educação Superior, publicado pelo Ministério do qual Haddad era titular.
Porém, o que chama atenção maior no trecho acima é a ausência de qualquer palavra sobre aumento real nos salários.
Como aumentar o emprego, se as empresas não tiverem para quem vender seus produtos?
Haddad não sabe, nem se interessa pelo assunto, pois seu negócio é a eleição através da mentira.
Mas, nos parece evidente, Haddad não acha que o mercado interno é o principal para tirar o país da crise, e, de resto, para desenvolver o país.
Tal como Delfim, Bresser e outros apologistas do mercado externo, acha que é preciso manter um arrocho salarial para que os produtos oriundos do Brasil tenham “competitividade”.
Daí a ausência do aumento real dos salários em suas intervenções.
Não é uma novidade. Desde o governo Lula – e, explicitamente, no governo Dilma – essa é a posição do PT. Daí, inclusive, a desnacionalização e destruição de grande parte de nossa indústria.
Assim, é claro, tirar o Brasil da crise torna-se apenas marketing.
[NOTA: Depois de escrevermos o que está acima, vimos que, em seu horário eleitoral na TV, Haddad falou em “aumento real nos salários”. A menção apenas confirma o que dizemos neste artigo sobre demagogia e estelionato eleitoral. Não há uma única palavra de Haddad sobre como pretende aumentar o salário real. Pelo contrário, a ênfase continua sendo na isenção de impostos. A questão decisiva – o aumento real do salário mínimo (aumento de quanto – e em quanto tempo) – foi cuidadosamente escamoteada pela campanha de Haddad. Tem, naturalmente, muito mais importância do que essa menção vazia a “aumento real de salários”, o fato de que, em um debate, Haddad nem ao menos tenha se lembrado do aumento dos salários.]
ESTELIONATO
O que se pode concluir do que vimos?
Primeiro, que a posição do PT está tão podre que já não suporta mais qualquer verdade.
Tem que ser substituída, portanto, pelo marketing, pela propaganda enganosa, pela mentira.
Se não existisse o que foi revelado involuntariamente por Haddad – não existe mentira que não revele algo da verdade, já que se trata de um negativo do que é verdadeiro -, ainda restaria um fato, que nem chega a ser um segredo de Polichinelo.
Quem, no PT, não sabe que o programa de Haddad é continuar o “ajuste fiscal” de Dilma e Temer?
Todo mundo, exceto algum idiota – pois deve existir algum – sabe disso.
Aliás, a defesa de Dilma, por Haddad, somente mostra como ele não acha que sua correligionária cometeu algum malfeito ao mentir para o povo e cometer o mais escandaloso estelionato eleitoral até então visto no país.
Na campanha eleitoral de 2014, Dilma disse o seguinte: “Nós não acreditamos em choque fiscal. Isso é uma forma incorreta de tratar a questão fiscal no Brasil. Vai fazer choque fiscal, vai cortar o quê? Choque fiscal é o quê? É um baita ajuste que se corta para pagar juros para os bancos? Não é necessário”.
Três dias após as eleições, os juros foram aumentados, e, em seguida, o país foi imerso no maior e mais trágico “ajuste fiscal”, maior até mesmo que os do primeiro e do último governos da ditadura.
Dilma disse, também, que não admitia retrocesso nos direitos dos trabalhadores “nem que a vaca tussa”.
Logo depois, fez cortes até na pensão por morte, recebida pelas viúvas.
Haddad não é diferente – e seu amor à verdade é tão profundo quanto aquele que levou Dilma a ser derrubada apenas um ano e pouco após sua reeleição.
CARLOS LOPES
Parabéns pelo texto, mas há um dado que deve destacado e não pode ser subestimado, o maior aumento foi, literalmente, das Haussklavin…, mais que das bravas manicures…Vide a recentíssima Carta Capital de 27/09/2018 “Pesquisa do IBGE revela diferenças entre governos Lula e FHC”. Houve mesmo explosão do emprego doméstico( 2008/2009).
Esse dado deveria ensejar sérias reflexões. O HP à época acreditou na equação “Lula sem Meirelles”, mas aqui devemos, talvez, atribuir essa posição mais à inexorável e generosa credulidade tupiniquim do que a outra causa qualquer!
A entrevista de Haddad, acontecida há alguns meses na revista Piauí, é uma mina das grandes ideias do ilustre personagem, vale a pena conferir! Particularmente digna de nota é sua solução para o transporte de massas nas grandes cidades…de certa forma já implementada pelo atual Governo: aumento dos combustíveis! Volvamos a Nestor kirchner: não somente criar empregos, criar empregos dignos!
Nós acreditamos em que, leitor? “Lula sem Meirelles”? Convenhamos, não é uma questão de acreditar, mas de tentar empurrar o Lula para frente – e isso implicava nele se livrar do Meirelles. Não estávamos errados, até porque a alternativa eram os tucanos. No entanto, Lula – e o PT, que não passa de um excipiente químico para Lula – preferiram a tacanhez, a subserviência e a corrupção. Sinceramente, o problema não foi nosso.
Interessante, pensei que sabia alguma coisa, mas aqui vi que aprendo e muito, parabens pelo texto.
Obrigado a você – pela atenção e pela generosidade de suas palavras.