A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) apontou que a designer de interiores Kathlen Romeu foi morta em uma operação ilegal da Polícia Militar. “A gente já sabe que foi uma operação ilegal que vitimou a Kathlen”, disse Rodrigo Mondego, procurador da comissão da Ordem.
Mondego explicou que a ação da última terça (8) descumpriu a determinação do Supremo Tribunal Federal (ADPF 635/STF) que restringe operações em favelas. Qualquer investida em comunidades precisa ser avisada ao Ministério Público e ter uma justificativa.
Segundo Mondego, a OAB apurou que a PM usou no Beco do 14 a metodologia “Troia”, que consiste em ficar de tocaia na casa de um morador para armar uma emboscada e pegar suspeitos, sem correr muitos riscos.
“Foi a metodologia que a polícia usou naquele momento. Segundo algumas testemunhas e a avó de Kathlen, começaram a disparar. Um tiro acertou a Kathlen”, afirmou o representante da OAB.
Mondego diz que agora cabe à Polícia Civil fazer uma investigação para se chegar à verdade.
“A gente espera um bom trabalho, como a Polícia Civil sempre faz na grande maioria das vezes, para poder descobrir a verdade do fato e saber o que realmente ocorreu naquele momento ali e o que vitimou a Kathlen”, disse o advogado.
Mondego disse que, a partir de agora, vai ouvir mais testemunhas e se colocar à disposição para ir com elas para prestar depoimento na delegacia. Segundo ele, muita gente tem medo de falar. “Se for o caso, podemos incluí-las no programa de proteção à testemunha que existe no estado”, frisou.
MORTE DE INOCENTE
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Álvaro Quintão, tudo indica que a morte de Kathlen Romeu é “mais um homicídio praticado pelas forças de segurança do Estado contra uma pessoa inocente”.
Quintão reforça que a comissão está à disposição para auxiliar a família na busca pelo esclarecimento e punição dos responsáveis.
A Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da OAB-RJ acompanha o caso da morte da jovem, que estava grávida de quatro meses e visitava a avó quando foi atingida.
Cinco dos 12 policiais militares que participaram da operação já foram ouvidos no inquérito aberto na Delegacia de Homicídios da Capital, e 21 armamentos foram apreendidos até agora.
O sepultamento de Kathlen Romeu foi realizado às 16h, no Cemitério do Catumbi, região Central do Rio.