OAB condena operação ilegal e cobra investigação da morte de Kathelen no Rio de Janeiro

OAB operação policial Kathelen RJ
Jovem de 24 anos foi morta com um tiro de fuzil durante operação policial no Complexo do Lins - Foto: Reprodução

A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) apontou que a designer de interiores Kathlen Romeu foi morta em uma operação ilegal da Polícia Militar. “A gente já sabe que foi uma operação ilegal que vitimou a Kathlen”, disse Rodrigo Mondego, procurador da comissão da Ordem.

Mondego explicou que a ação da última terça (8) descumpriu a determinação do Supremo Tribunal Federal (ADPF 635/STF) que restringe operações em favelas. Qualquer investida em comunidades precisa ser avisada ao Ministério Público e ter uma justificativa.

Segundo Mondego, a OAB apurou que a PM usou no Beco do 14 a metodologia “Troia”, que consiste em ficar de tocaia na casa de um morador para armar uma emboscada e pegar suspeitos, sem correr muitos riscos.

“Foi a metodologia que a polícia usou naquele momento. Segundo algumas testemunhas e a avó de Kathlen, começaram a disparar. Um tiro acertou a Kathlen”, afirmou o representante da OAB.

Mondego diz que agora cabe à Polícia Civil fazer uma investigação para se chegar à verdade.

“A gente espera um bom trabalho, como a Polícia Civil sempre faz na grande maioria das vezes, para poder descobrir a verdade do fato e saber o que realmente ocorreu naquele momento ali e o que vitimou a Kathlen”, disse o advogado.

Mondego disse que, a partir de agora, vai ouvir mais testemunhas e se colocar à disposição para ir com elas para prestar depoimento na delegacia. Segundo ele, muita gente tem medo de falar. “Se for o caso, podemos incluí-las no programa de proteção à testemunha que existe no estado”, frisou.

MORTE DE INOCENTE

Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Álvaro Quintão, tudo indica que a morte de Kathlen Romeu é “mais um homicídio praticado pelas forças de segurança do Estado contra uma pessoa inocente”. 

Quintão reforça que a comissão está à disposição para auxiliar a família na busca pelo esclarecimento e punição dos responsáveis.

A Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da OAB-RJ acompanha o caso da morte da jovem, que estava grávida de quatro meses e visitava a avó quando foi atingida.

Cinco dos 12 policiais militares que participaram da operação já foram ouvidos no inquérito aberto na Delegacia de Homicídios da Capital, e 21 armamentos foram apreendidos até agora.

O sepultamento de Kathlen Romeu foi realizado às 16h, no Cemitério do Catumbi, região Central do Rio.

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