O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, disse que “é uma vergonha a exploração da religião para ser ministro do STF”, como tem feito André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro para ocupar a vaga do ministro Marco Aurélio Mello, que vai se aposentar.
A nomeação de Mendonça, que estava na Advocacia-Geral da União (AGU), foi confirmada na terça-feira (13), mas seu nome ainda precisa ser aprovado no Senado Federal.
Em suas redes sociais, Mendonça agradeceu “a Deus pela vida e por essa possibilidade de servir meu país; à minha família, pelo amor recíproco; ao presidente Jair Bolsonaro, pela confiança; aos líderes evangélicos, parlamentares, amigos e todos que têm me apoiado”.
Para Felipe Santa Cruz, “quem agradece a líderes religiosos por sua indicação não merece ser nomeado”. Ele disse que “tudo o que o Brasil não precisa é de uma guerra religiosa”.
Bolsonaro prometeu no começo de seu governo a seus apoiadores que iria indicar um ministro “terrivelmente evangélico” para o STF.
O presidente da OAB comentou que o ministro Luiz “Fux é o primeiro presidente judeu do STF sem que ninguém fale disso. É uma vergonha a exploração da religião para ser ministro do STF”.
André Mendonça também foi ministro da Justiça do governo Bolsonaro depois que o ex-juiz Sergio Moro pediu demissão, denunciando a pressão que sofreu de Bolsonaro para demitir o diretor-geral e o superintendente do Rio de Janeiro da Polícia Federal para proteger seus aliados e familiares.
Enquanto titular da AGU, Mendonça argumentou no STF que as igrejas deveriam ter permissão para ignorar as medidas de quarentena determinadas pelos governadores e prefeitos.
Ele disse que “os verdadeiros cristãos estão dispostos a morrer para garantir a liberdade de culto”.
A decisão do STF, por 9 votos contra 2, foi contrária à argumentação de André Mendonça e do governo Bolsonaro.
Esse é o segundo ministro indicado por Bolsonaro para o STF. O primeiro foi o ministro Kássio Nunes Marques.