O presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO) anunciou um plano de ação “urgente” para impedir o roubo de combustível da estatal Petróleos Mexicanos (PEMEX) estimado em 58 mil 200 barris diários, o que representa um prejuízo para o México de cerca de US$ 3 bilhões ao ano. Para acabar com este crime que, segundo a denúncia, tem contado com a colaboração de funcionários desonestos do governo, serão convocados 15 órgãos de Estado, além das secretarias de Defesa Nacional e da Marinha, que passarão a resguardar 58 estações estratégicas com 4 mil efetivos.
Ao mesmo tempo, a direção da Petróleos Mexicanos já interveio na área de monitoração de gasodutos e foram iniciados procedimentos administrativos e penais contra três funcionários desse organismo.
AMLO sublinhou que este roubo à nação ia muito além do que no México se conhece como ‘huachicol’ – gasolina adulterada – porque envolvia pessoal interno da PEMEX Logística.
Obrador, que assumiu o governo em 1º de dezembro, teve como seu principal compromisso de campanha a recuperação da empresa. “Não vai ser fácil, porque os da máfia entranhada no poder têm se esmerado em destruir a Petróleos Mexicanos, PEMEX, mas vamos recuperar a indústria petroleira nacional”, frisou AMLO ao discorrer sobre a situação da principal empresa do país.
“As políticas que foram aplicadas nos últimos 30 anos não funcionaram. Sequer tivemos crescimento econômico. O que cresceu foi a corrupção, a entrega do nosso patrimônio, a pobreza e a violência. Por isso, vamos mandar essas políticas para a lixeira da história”, declarou.
Em coletiva de imprensa na sexta-feira, 28, disse que os recursos roubados representam “o orçamento anual da Universidade Nacional Autônoma do México, UNAM, ou 60% do que deve se destinar às pensões e aposentadorias”.
Questionado, assinalou que por enquanto não existem elementos que permitam determinar se os dirigentes da PEMEX estavam envolvidos no roubo de combustível, porém “que sabiam, sabiam” porque havia um relatório do que estava sendo roubado.
López Obrador disse que não precisava nem justificar a urgência de deter este assalto e que já se começou a instrumentalizar o plano conjunto do governo federal a partir do dia 20 de dezembro passado, fato que tem dado os primeiros resultados ao se reduzir o roubo em 17%.
Frisou que o plano pretende erradicar a corrupção interna que favorecia a perda milionária e que, nos últimos três mandatos, foi assumida simplesmente como ‘perda da empresa’, sem que se fizesse nada para combatê-la.
AMLO registrou que o México tem importado uma média de cerca de 590 mil barris por dia (bpd) de gasolina e outros 232 mil (bpd) de diesel até agora, durante este ano, quase tudo vindo dos Estados Unidos, e que a sua meta é que a PEMEX produza o que se consome nacionalmente, pelo menos. Também serão revisados todos os contratos feitos nos últimos três anos.
Ele anunciou que, em paralelo, está se trabalhando nas reformas legislativas de forma a permitir que se qualifique como grave o roubo de combustível e impedir que os envolvidos neste delito saiam sob fiança, sem importar a quantidade roubada.