Grupo Posadas, que açambarcou a empresa por meio de sua privatização, a levou à falência. Ao reestatizar a empresa da aviação, o governo Obrador traçou plano para o retorno da companhia à operação
“Recuperamos a marca da companhia aérea Mexicana de Aviación”, afirmou o presidente López Obrador em coletiva de imprensa sobre a empresa que havia sido privatizada e falida.
“Estamos muito felizes porque conseguimos a solução de um antigo problema que parecia impossível de resolver. Hoje se chegou a um acordo histórico”, acrescentou Obrador ao lembrar que a Mexicana de Aviación era uma empresa do Estado mexicano, que operava com uma das frotas mais modernas do mundo, mas em 2005, após forte investimento público para fortalecer a empresa, foi privatizada pelo governo de Vicente Fox, ficando mãos do Grupo Posadas, que em um curto período de cinco anos a levou à falência.
“Hoje é alcançado um acordo histórico para obter justiça para 7.407 trabalhadores da Mexicana de Aviación. Pilotos, comissários de bordo, pessoal de terra, funcionários de confiança e aposentados chegaram a um consenso para vender a marca da Mexicana de Aviación ao governo do México, permitindo assim que a companhia aérea que pertencerá a todos os mexicanos retome sua atividade comercial.
O valor acertado de 48 milhões de dólares ( aproximadamente R$ 235,3 milhões) será distribuído entre os funcionários, que começarão a receber os pagamentos em 15 de agosto. Falta concluir com a firma dos contratos de compra e venda de três imóveis e um simulador de voo.
A companhia aérea será operada pelas Forças Armadas
“Em cinco anos conseguiram desmantelar e levar à falência aquela que era a companhia aérea mais importante do México”, assinalou a Secretária de Governo do México, Luisa María Alcalde, explicando que em agosto de 2010 foi suspensa a venda de bilhetes e em 28 de Agosto desse ano as operações foram definitivamente canceladas devido a diversas dívidas que na época deixaram desamparados mais de 8.500 trabalhadores que há 13 anos lutam para recuperar pelo menos parte das indenizações a que têm direito.
O governo pretende operar a empresa como uma companhia aérea regional e de baixo custo, que atenda as rotas não cobertas pelas companhias aéreas privadas e que se concentrará em ter preços baixos para impulsionar o seu uso pela população.
PLANOS
Após o anúncio, o secretário-geral da Associação Sindical de Pilotos de Aviação do México, José Humberto Gual, agradeceu ao presidente por este “ato de justiça social” e o designou simbolicamente como “o primeiro novo piloto” da empresa.
Por outro lado, Fausto Guerrero Díaz, presidente da Associação de Aposentados, Trabalhadores e Ex-Trabalhadores da Aviação Mexicana, lembrou que, ao contrário de López Obrador, os ex-presidentes Felipe Calderón e Enrique Peña Nieto nunca os apoiaram. Ressaltou ainda que os verdadeiros responsáveis por este desfalque, o Grupo Posadas e seu chefe Gastón Azcárraga, permanecem impunes” e entregou um dossier com as irregularidades detectadas.
O secretário de Defesa Nacional, Luis Crescencio Sandoval, também participou da coletiva para apresentar a réplica em escala de um dos novos aviões da Mexicana e explicar o plano de negócios da estatal.
Em princípio, disse, serão alugados 10 aviões Boeing 737-800 com as respectivas tripulações que serão entregues entre setembro e outubro, terão capacidade para 180 passageiros e voarão para 20 destinos nacionais.
A venda de passagens começará em setembro e seu custo será até 20% menor do que o mercado anunciou quinta-feira o governo do presidente López Obrador.