O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador afirmou que o ensinamento que a negociação com os Estados Unidos para evitar impostos extorsivos aos produtos que se importam de lá e aos que se exportam para aquele país deixa é que o México deve ser autossuficiente: “Se produzimos o que consumimos podem nos ameaçar que não vai acontecer nada”.
A Casa Branca anunciou, em 30 de maio, que imporia uma taxa aos produtos produzidos pelo México e fecharia a fronteira se o governo de López Obrador não detivesse os imigrantes centro-americanos que atravessam o território asteca para chegar aos EUA. Uma taxa de 5% começaria a vigorar em junho se não houvesse acordo e aumentaria paulatinamente até chegar aos 25% em outubro.
Obrador assinalou que “devemos ser autossuficientes porque se não nos vendem alimentos ou se encarecem os alimentos que compramos fora, vamos padecer no México; mas se somos autossuficientes em milho, em feijão, em arroz, em carne, em leite – também em gasolina, que não o somos -, se produzimos no México o que consumimos não vai acontecer nada de ruim. Por isso temos que fortalecer nosso mercado interno e apoiar as atividades produtivas no México”.
O presidente reiterou seu chamado aos mexicanos a não dar as costas aos povos irmãos, nem atuar com xenofobia, após assinalar que na América Central se vive uma “grande crise humanitária”. Disse: “temos sempre que dar bom tratamento a todos os seres humanos que tenham nascido em qualquer parte do mundo, em qualquer parte do universo”.
Informou que “passamos por uma situação delicada, porque havia a intenção do governo dos Estados Unidos de cobrar impostos ao que se produz no México y se vende nos Estados Unidos. A medida unilateral, injusta, é porque eles asseguram que tem crescido o número de migrantes para os Estados Unidos”.
Porém “o certo é que há uma grande crise humanitária na América Central e muita gente por necessidade começou a andar para tentar a vida nos Estados Unidos e passam por nosso território. 80% dos migrantes são centro-americanos”, afirmou e acrescentou que “não podemos lhes dar as costas ou maltratá-los, não se pode violar os direitos humanos, não devemos atuar de maneira mesquinha. Eu diria que isso é até anti-cristão”.
Assinalou que se chegou a um acordo com o governo dos EUA. “Não queremos brigar com o presidente Donald Trump e muito menos com o povo estadunidense. Temos que apostar na cooperação, mas manter essa relação com todos os povos, sem discriminação”.
O presidente mexicano anunciou que “estaremos oferecendo ajuda humanitária e oportunidades de emprego, educação, saúde e bem-estar aos que esperem no México sua solicitação de asilo para ingressar legalmente aos Estados Unidos”.
Obrador insistiu que ante a “dolorosa realidade” da migração que tem levado milhares de pessoas a abandonar seus lugares de origem por fome, falta de emprego ou condições de insegurança, entre elas, 159.395 menores de idade, dos quais 43.875 são crianças que viajaram sozinhas, é claro que “ante essa amarga realidade, não se pode enfrentar a solução só fechando fronteiras ou utilizando medidas coercitivas”.