O presidente do México, López Obrador, afirmou que não irá à Cúpula das Américas, iniciada nesta segunda-feira (6) em Los Angeles, “porque nem todos os países estão convidados e acredito na necessidade de mudar a política que se impõe há séculos, a exclusão”.
Segundo Obrador, é inaceitável que um funcionário do governo norte-americano venha a anunciar que ”Cuba, Nicarágua e Venezuela não serão convidados” porque os “Estados Unidos seguem mantendo reservas sobre a falta de espaços democráticos e a situação dos direitos humanos” nos três países.
“Não pode existir uma Cúpula da Américas se não participarem todos os países do continente americano, ou pode até haver, mas consideramos que seria seguir com a velha política do intervencionismo, da falta de respeito às nações e a seus povos”, destacou o presidente mexicano, frisando que não aceita “ninguém” que se coloque acima de países que somam um bilhão de habitantes. “Não aceito hegemonias”, reiterou Obrador, anunciando que o México estará representado na Cúpula que vai até a próxima sexta-feira (10) pelo ministro das Relações Exteriores, Marcelo Ebrard.
“O evento já é um fracasso neoliberal” que “isola e desconecta os EUA de Nossa América. São pressões e chantagens”, condenou o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, denunciando a política intervencionista do governo Joe Biden, da mesma forma que fez a presidenta de Honduras, Xiomara Castro, ao confirmar que não iria.
Para o professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Oliver Stuenkel, “a Cúpula marca o fim de uma era nas relações interamericanas”, uma vez que “no contexto da desindustrialização da América Latina, o comércio inter-regional torna-se menos relevante, sendo substituído cada vez mais pelo comércio com a China”. “Enquanto os EUA eram o parceiro econômico dominante em toda a América Latina, durante os anos de 1990, a China vem ganhando espaço há duas décadas e hoje é o principal parceiro comercial de países como o Brasil, a Argentina, o Chile e o Peru”, assinalou.