“Estamos diante do começo de um novo paradigma para converter a Petróleos Mexicanos (Pemex) em alavanca do desenvolvimento”, enfatizou o presidente Manuel López Obrador, tendo ao fundo a imagem do histórico dirigente Lázaro Cárdenas, durante a comemoração da data que o consagrou.
Dando início à cerimônia do 81º aniversário da expropriação petroleira, o presidente mexicano fez uma breve análise sobre a passagem de diferentes governos, a criminosa investida contra a Pemex e o desmonte realizado pelo neoliberalismo. “O que fizeram em 36 anos dessa política de pilhagem? Apostaram em destruir a indústria petroleira e a indústria elétrica, porém não puderam. Foi como um milagre, porque quando estavam a ponto de consumar a destruição da indústria petroleira e acabar com a indústria nacional tocou a campainha. Soou o alarme”, afirmou.
Dezenas de faixas e cartazes reivindicavam a renovação dos dirigentes sindicais e processos legais contra os que encabeçavam passivamente as organizações e nada fizeram diante da implantação da reforma energética.
O presidente lembrou de sua visita à refinaria Miguel Hidalgo, onde pôde comprovar o abandono, encontrando ferros velhos que não receberam manutenção por longo tempo e que “só se manteve em pé, pelo esforço heroico que fazem os seus trabalhadores”. Este é o momento de salvação da Pemex, enfatizou Obrador, frisando que não houve tempo para que os neoliberais desmantelassem todo o aparato petroleiro: “80% segue estando sob o domínio da nação e assim continuará”.
Apesar das duras críticas à reforma implementada, o presidente assegurou que respeitará o cumprimento dos contratos. “Que continuem e oxalá algum dia invistam o que ofereceram e que extraiam petróleo, porque até agora nunca houve nada. Nós demonstraremos que a Pemex será mais eficiente que as empresas particulares”, acrescentou.
A calamidade provocada por políticas desastrosas que se acentuaram com a reforma energética, explicou o presidente, está expressa no colapso da produção, que despencou para 1,7 milhões de barris diários, e o retrocesso aos aportes da Pemex aos cofres públicos. Há uma década, lembrou, 40% do orçamento era de ingressos produzidos pelo petróleo e agora é de 20%.
Obrador recordou ainda dos esforços de seu governo para impulsionar não somente a Pemex, mas também a Comissão Federal de Eletricidade. “Vamos reabilitar as seis refinarias e se construirá outra em Dos Bocas, se produzirá mais petróleo e gasolina, sem gasolinazos (aumentos abusivos) nem aumento de impostos”. Conforme o presidente, converter a Pemex em alavanca do desenvolvimento permitirá “combinar crescimento com a dimensão social”.
Durante uma atividade realizada no domingo, Obrador anunciou que “ficam abolidas duas coisas: o modelo neoliberal e sua política de roubo antipopular e entreguista”. Na oportunidade, o presidente apontou 11 eixos que orientarão as políticas públicas do país, priorizando o atendimento à população mais pobre. Segundo Obrador, entre as concepções que serão combatidas no seu governo está a ideia de que o mercado substitui o Estado. “Esta foi uma lorota para impor a política neoliberal. É uma falácia”, concluiu.