Os advogados do empreiteiro Marcelo Odebrecht entregaram ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, mais de 40 e-mails que confirmam o vínculo de Lula e a empreiteira.
Anexados ao processo do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), os documentos tratam de obras na propriedade, da compra de um prédio para o Instituto Lula, em São Paulo, alvo de outro processo na Lava Jato, além de pagamentos destinados a Lula por meio da “conta corrente” mantida entre a empreiteira e o ex-ministro Antonio Palocci, identificado como “Italiano” nas planilhas da Odebrecht.
Segundo a defesa, após a progressão do regime fechado para o regime domiciliar, em dezembro, o empreiteiro teve acesso a dados de um de seus HDs contendo uma cópia backup de seu computador pessoal apreendido pela Polícia Federal. O conteúdo comprovaria os relatos feitos no acordo de colaboração premiada.
Marcelo localizou informações precisas a respeito do sítio em Atibaia, além de financiamento para o filme “Lula: O Filho do Brasil’’ e diversas ajudas financeiras concedidas ao irmão e ao sobrinho de Lula.
Em um dos documentos, datado em 22/08/2012, foi identificado um débito efetuado diretamente da Planilha Italiano, com o valor equivalente a R$ 15 milhões, combinado com antecedência por Palocci. Segundo Odebrecht, o montante era para cobrir de modo globalizado, sem especificar acertos financeiros, sem a prestação de contas de Lula, incluindo ainda palestras, frete com aeronaves dentre outras expensas.
O Ministério Público Federal (MPF) entregou, na segunda-feira (5), as contrarrazões ao recurso do petista à condenação, em segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região na ação penal referente ao triplex do Guarujá (SP). O ex-presidente teve a pena elevada de nove anos e seis meses de prisão para 12 anos e um mês.
Os advogados pediram a absolvição pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro ou então a anulação do processo, apesar dos embargos de declaração não terem poder para alterar o mérito do julgamento, ou seja absolver Lula.
Em um evento em Nova York, na semana passada, o juiz Sérgio Moro defendeu a apuração dos casos de corrupção da Lava Jato. Sem citar diretamente o ex-presidente Lula – que em uma entrevista disse ter dúvidas se o juiz não agiu de forma deliberada contra o PT e a mando de interesses americanos –, Moro afirmou que as investigações estão revelando fatos inconvenientes de muitos políticos.
“As pessoas têm ilusões de seus ídolos, mas é hora de ver a verdade”, disse. “Se você for ao processo, vai ver que ninguém está sendo investigado ou julgado por causa de sua opinião política, mas por causa de lavagem de dinheiro, propina, atos criminosos”, completou.