
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) determinou, no domingo (3), a suspensão da visitação no Parque Nacional dos Abrolhos, depois que foram identificados fragmentos de óleo na unidade de conservação no último sábado (2).
O óleo foi localizado na praia norte da Ilha de Santa Bárbara, uma das cinco que forma o Arquipélago dos Abrolhos, na Bahia.
O Banco de Abrolhos tem área total de 48.899 km². A extensão vai da Ponta do Corumbau, no município baiano de Prado, até o norte do Espírito Santo.
O Parque Nacional Marinho dos Abrolhos é única área totalmente protegida dentro do banco, por causa das espécies que abriga.
Em Abrolhos, as águas quentes e cristalinas formam o ambiente ideal para espécies de corais. Os recifes crescem em forma de imensos cogumelos chamados chapeirões, que não existem em nenhum outro lugar do mundo. Já as algas marinhas desenvolvem-se sobre o fundo de areia, compondo, juntamente com as gorgônias, o que se pode chamar de “pradarias submarinas”.
O Banco de Abrolhos também é berço da baleia-jubarte, que se reproduz e amamenta entre os meses de julho e novembro.
As primeiras manchas de óleo foram localizadas no litoral nordestino em agosto deste ano. Segundo o mais recente balanço do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), divulgado no sábado (2), o óleo já atingiu 314 localidades.
No total, o Ibama afirma que 110 municípios foram afetados em todos os 9 estados do Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
O governo Bolsonaro levou mais de 50 dias para reconhecer a existência do derramamento de óleo no litoral brasileiro. A omissão do governo com relação à maior tragédia petroleira em extensão no território brasileiro foi alvo de repúdio de entidades, políticos e lideranças ambientais.
Bolsonaro, que nem ao menos visitou os locais atingidos pelo óleo, afirmou em entrevista à TV Record que “o que chegou às praias é uma pequena parte do que foi derramado. O pior está por vir, uma catástrofe muito maior”.
A ativista Cláudia dos Santos, integrante do Coletivo SOS Abrolhos, lembra que a chegada do óleo ao parque tem as digitais do governo federal.
“É inadmissível que o governo não tenha feito nada para impedir esse desastre, não estar acompanhando tudo de perto e não ter dado apoio aos governadores do Nordeste”, criticou a ativista.
PF aponta navio grego como suspeito do derramamento de óleo
Investigação da Polícia Federal apontou como responsável pelo vazamento do óleo que atinge o litoral do Nordeste o navio mercante Boubolina, da grega Delta Tankers LTD.
Na última sexta-feira (1), a Polícia Federal deflagrou a Operação Mácula, onde foram cumpridos dois mandados de busca no Rio em sedes de representantes e contatos da empresa grega responsável pelo navio.
Os investigadores calculam que 2,5 mil toneladas de óleo foram vazados do Bouboulina, entretanto, a PF ainda não sabe dizer se o derramamento foi acidental ou intencional.
Segundo relatório da empresa HE Tecnologias Espaciais, a embarcação, chamada Bouboulina, foi carregada com 1 milhão de barris do petróleo tipo Merey 16 cru no Porto de José, na Venezuela, no dia 15 de julho. Zarpou no dia 18 com destino à Malásia. Depois, passou a oeste da Paraíba, em 28 de julho.
No dia seguinte, 29 de julho, foi registrada a primeira mancha no oceano a 733 km da costa do estado.
O Bouboulina já havia ficado retido durante quatro dias nos EUA, conforme comunicou a Marinha à Polícia Federal. Foram constatadas “incorreções de procedimentos operacionais no sistema de separação de água e óleo descarga no mar”.