A inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) acelerou 0,64% em setembro, acima dos 0,24% de agosto, a maior alta para o mês em 17 anos. No ano, a inflação acumula alta de 1,34% e, em 12 meses, de 3,14%.
De acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira (09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo de Alimentação e Bebida subiu 2,28% em setembro e teve maior impacto sobre o IPCA (0,46 ponto percentual). Dentro desse grupo, o maior avanço se deu na categoria de alimentos para consumo em domicílio, que disparou 2,89% no mês passado.
As maiores altas foram do óleo de soja (27,54%) e do arroz (17,98%), que já acumulam no ano altas de 51,3% e 40,69%. Ambos os produtos são itens da cesta básica.
A disparada nos preços, puxada especialmente por alimentos e gasolina, tem ainda maior relevância em um momento de pandemia, em que o desemprego atinge níveis históricos e o auxílio emergencial – que atende mais de 65 milhões de pessoas – sofre um corte pelo governo.
Além de alimentos e bebidas, seis grupos tiveram alta em setembro. Destaque para os artigos de residência (1%), os transportes (0,7%) e habitação (0,37%). Itens de vestuário, após quatro meses consecutivos de quedas, também apresentaram alta de 0,37%.
“Nos transportes, os combustíveis continuam em alta, principalmente, a gasolina (1,95%), cujos preços aumentaram em todas as áreas pesquisadas, exceto Salvador. A gasolina é o subitem de maior peso no IPCA”, assinalou Pedro Kislanov, gerente de pesquisa do IBGE.
Valor da cesta básica dispara em setembro, diz Dieese
Na quarta-feira, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) informou o valor médio da cesta básica em setembro. “Os preços do conjunto de alimentos básicos, necessários para as refeições de uma pessoa adulta (conforme Decreto-lei 399/38) durante um mês, aumentaram em todas as capitais pesquisadas. As maiores altas foram observadas em Florianópolis (9,80%), Salvador (9,70%) e Aracaju (7,13%)”.
O arroz e o óleo de soja foram os itens da cesta básica que mais tiveram impacto sobre o valor total. O preço de ambos aumentou em todas as 17 capitais pesquisadas. Nessa situação de crise, pandemia e desemprego, o governo não se prestou a regular o preço dos alimentos essenciais – mantendo grande volume de exportação e prejudicando o mercado interno.
Além do arroz e óleo, houve aumento significativo nos preços da carne bovina, banana, açúcar, leite, tomate e batata, destacou o Dieese.
Em São Paulo, maior centro econômico do país, a cesta custou em setembro R$ 563,35 – uma alta de 4,33% sobre o mês anterior. O levantamento destacou que, no ano, o preço do conjunto de alimentos básicos na capital de São Paulo chegou a subir 11,22%. Em 12 meses, a alta acumulada já é de 18,89%.
O Dieese destaca que, considerando o preço da cesta mais cara, a alimentação básica representou 51,22% do salário mínimo nacional em setembro.
Enquanto os preços dos alimentos disparam, Bolsonaro disse, em sua live na sexta-feira (1/10) que não vai fazer nada para conter a alta no preço do arroz. “Não vai tabelar. Nossa política é de livre mercado, seguir a linha do Paulo Guedes”, declarou.