O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, advertiu que a OMS está profundamente preocupada com que uma operação militar em grande escala em Rafah possa levar a um “banho de sangue” ainda mais radical. Ghebreyesus fez a declaração depois que Netanyahu disse que invadiria Rafah com ou sem acordo com o Hamas. Mais de 1,2 milhão de pessoas estão atualmente abrigadas na região, muitas das quais vivendo em barracas de lona.
“Apenas 33% dos 36 hospitais de Gaza e 30% dos centros de cuidados de saúde primários estão funcionais até certo ponto, apesar dos repetidos ataques e da escassez de suprimentos médicos vitais, combustível e pessoal”, sublinhou Adhanom.
Ele escreveu no “X”: “Uma nova onda de deslocamentos agravaria a superpopulação, limitando ainda mais o acesso a alimentos, água, serviços de saúde e saneamento, levando a um aumento de epidemias, a um agravamento dos níveis adicionais de fome e à perda de vidas”.
O representante da OMS nos territórios palestinos ocupados, Rik Peeperkorn, confirmou à Reuters que estavam “extremamente preocupados” com o fato de qualquer incursão fechar a passagem de fronteira de Rafah entre Gaza e o Egito, que atualmente é usada para importar material médico. “Estamos insistindo e pressionando para que, aconteça o que acontecer, continue aberto”, afirmou o representante.
As autoridades locais de saúde confirmaram que o número de mortos palestinos devido aos ataques israelenses chega a 34.683 vítimas mortais, com mais 78.018 pessoas feridas. A maioria das vítimas são mulheres e crianças.
ESCRITÓRIO HUMANITÁRIO DAS NAÇÕES UNIDAS (OCHA)
Uma incursão armada israelense à cidade de Rafah, na Faixa de Gaza, poderia radicalizar a situação e levar ao massacre de centenas de milhares de civis e seria um enorme golpe para as operações de ajuda em todo o enclave, alertou Jens Laerke, porta-voz do Escritório Humanitário das Nações Unidas (OCHA), em conferência de imprensa em Genebra. “Pode ser um massacre de civis e um golpe incrível para a operação humanitária em toda a Faixa”, acrescentou Laerke.
As operações de ajuda na cidade incluem clínicas médicas, armazéns com suprimentos humanitários, pontos de distribuição de alimentos e 50 centros para crianças gravemente desnutridas, detalhou Laerke.
Na quinta-feira (2), o OCHA apontou que cerca de 10 mil pessoas estão soterradas sob os escombros em Gaza.
“RECONSTRUÇÃO DE GAZA DEVE CUSTAR US$ 50 BI“, DIZ PNUD
Abdallah Dardari, diretor regional do Gabinete do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para os Estados Árabes, estimou que a reconstrução de Gaza após a ocupação israelense custará entre 40 e 50 bilhões de dólares.
“Estamos quase de volta à década de 1980 em Gaza. Isto significa que todos os investimentos em desenvolvimento humano nos territórios palestinos nos últimos 20 anos e em Gaza nos últimos 40 foram arrasados (…) Estamos falando de que todos os avanços em anos de escolaridade, as conquistas educativas, em saúde e esperança de vida, bem como o nível do PIB per capita regressaram aos anos 80″, constatou Dardari.
De acordo com um relatório conjunto do PNUD e da Comissão Econômica e Social para a Ásia Ocidental (ESCWA), a taxa de pobreza no Estado da Palestina já atingiu o número alarmante de 58,4% da população.
O relatório conclui que se a guerra durar mais 2 meses, a pobreza na Palestina atingiria 60,7% da população, enquanto o Produto Interno Bruto nacional se contrairia 29%.
Dardari especificou numa conferência realizada na Jordânia, em 2 de maio, que o Índice de Desenvolvimento Humano – a medida de bem-estar monitorizada por essa agência da ONU – retrocedeu 30 anos na Palestina e mais de 40 anos em Gaza.
O diretor regional alertou que se não forem rapidamente estabelecidas escolas temporárias, unidades de saúde temporárias e apoio psicossocial à população, nem restaurada a prestação de serviços básicos como água, saneamento e eletricidade, os danos durarão muito mais tempo.
Por seu lado, a secretária executiva da Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental, ESCWA, Rola Dashti, frisou que a atual destruição em Gaza “é sem precedentes em âmbito e escala”.