A Comissão Internacional dos Direitos Humanos (IHRC, sigla em inglês), órgão da ONU, condenou os continuados ataques de Israel, com mísseis atirados sobre território da Síria, afirmando que eles “se constituem em flagrante violação das Convenções Internacionais e Resoluções da ONU”.
A declaração partiu do chefe do escritório do IHRC, para o Oriente Médio, comissário da ONU, Haitham Abu Said, que alertou: “a repetição da agressão por esta forma já está ameaçando a região e pode levar a desastrosas consequências”.
Abu Said também enviou uma carta ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, na segunda pela manhã, pedindo ao secretário que “intervenha e envie uma firme mensagem a Israel, para que pare com as continuadas agressões”.
As declarações do IHRC vieram logo depois que Israel realizou três ataques, um deles na noite do dia 20 e outros dois na madrugada do dia 21. As agências de notícias da Síria declararam que a maioria, 30 mísseis, foram interceptados pela defesa antiaérea do país. No entanto, os que conseguiram ultrapassar a defesa, atingiram baterias e causaram a morte de quatro soldados sírios.
No mesmo dia, a China reafirmou sua posição de chamar todos os países com assento na ONU a respeitarem a soberania, independência e integridade territorial da Síria.
Para o Ministério do Exterior da China, as investidas israelenses estão em contraposição aos esforços pela solução política para a crise na Síria: “as partes comprometidas devem evitar tomar quaisquer passos que podem levar à escalada da tensão e devem preservar a segurança e estabilidade na região”.
O Ministério do Exterior da Síria denuncia que a agressão contra posições em território sírio e nas proximidades de Damasco “é uma tentativa de prolongar a crise em conluio com a guerra que os terroristas trouxeram para a Síria”.
Nas cartas enviadas para o secretário-geral da ONU e para o Conselho de Segurança da entidade internacional destaca que ainda que “a persistência de Israel em seu comportamento agressivo não seria possível sem o ilimitado apoio dos Estados Unidos” e chama o Conselho de Segurança a tomar sobre os ombros a sua responsabilidade com relação à preservação da Carta da ONU e a tomar passos decisivas para barrar os ataques israelenses, para forçar Israel a respeitar as resoluções que incluem a pacificação da região e a fazer Israel responder por seus crimes contra os povos da Síria e da Palestina.
Encalacrado em denúncias de corrupção e após ter convocado eleições antecipadas, que deverão se realizar em abril, o primeiro-ministro de Israel, Bibi Netanyahu, está abertamente orientando a sua força armada a gestar mais tensão para se valer desta exacerbação nas fronteiras ao norte de Israel no intuito de aterrorizar eleitores, que seriam levados assim a votar pelo – aparentemente mais seguro – continuísmo.
No sistema parlamentar de Israel, o partido ou coligação que reunir a maior bancada indica o primeiro-ministro.
Há, portanto, fortes indicações, a julgar pelo comportamento da direita israelense em momentos eleitorais anteriores, que ele deve estar, assim, pensando evitar a perda da maioria nestas eleições para o parlamento israelense, o Knesset. Um jogo desumano, doentio e perigoso e que mostra a visão de racismo e beligerância de Netanyahu com relação aos povos vizinhos, além do menosprezo pelo seu próprio povo e o declínio moral que o conduzem em direção ao repúdio e isolamento internacional.
NATHANIEL BRAIA