Pelo menos 62 pessoas morreram vítimas de ações ilegais do governo Trump, alertam as Nações Unidas, frisando que as medidas não têm qualquer “justificativa dentro da legislação internacional”
A Organização das Nações Unidas (ONU) se pronunciou nesta sexta-feira (31) para que os Estados Unidos parem imediatamente com os ataques às supostas “narco-lanchas” no Caribe e no Oceano do Pacífico, e condenou as 15 ocorrências realizadas como “execuções extrajudiciais”.
Nas últimas semanas pelo menos 62 pessoas foram assassinadas por Washington sem qualquer amparo legal, com vários familiares das vítimas assegurando que os mortos não passavam de simples pescadores.
As medidas criminosas e provocativas do governo estadunidense ocorrem em um contexto de extrema tensão com a Venezuela, contra quem foram autorizadas até mesmo operações letais da CIA contra autoridades.
O governo venezuelano acaba de informar que desmantelou uma provocação montada por uma célula da CIA que consistia em um ataque de bandeira trocada contra um navio de guerra dos EUA.
Acusado, contra todas as evidências, por Donald Trump de fazer parte dos cartéis latino-americanos de drogas, a quem o bilionário da Casa Branca define como organizações “terroristas”, o próprio presidente Nicolás Maduro estaria entre os alvos preferenciais dos agentes dos EUA.
“ATAQUES SÃO INACEITÁVEIS”, APONTOU ALTO COMISSÁRIO DA ONU
“Esses ataques, com seu crescente custo humano, são inaceitáveis”, apontou o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk. “Os Estados Unidos devem pôr fim a esses ataques e tomar todas as medidas necessárias para impedir as execuções extrajudiciais de pessoas a bordo dessas embarcações, independentemente de qualquer suposto comportamento criminoso que lhes seja atribuído”, acrescentou.
Turk enfatizou que essas pessoas morreram “em circunstâncias que não têm justificativa sob o direito internacional”.
“Combater a grave questão do tráfico ilegal de drogas através das fronteiras internacionais é uma questão de aplicação da lei, regida pelos limites rigorosos que o direito internacional dos direitos humanos impõe ao uso da força letal”, observou Turk, frisando que “o uso intencional da força letal só é permitido como último recurso contra indivíduos que representam uma ameaça iminente à vida”.
Nesse sentido, o Alto Comissário da ONU reafirmou que “com base nas informações muito limitadas divulgadas publicamente pelas autoridades americanas, nenhum dos indivíduos a bordo das embarcações atacadas parecia representar uma ameaça iminente à vida de outras pessoas”. Portanto, Turk defendeu a necessidade de “investigações rápidas, independentes e transparentes sobre esses ataques”.
De acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 da própria ONU põe por terra a versão do governo Trump, já que a droga que mais causa overdoses nos norte-americanos é o fentanil, que vem do México, próximo da costa oeste dos EUA.
“Em nome do presidente Nicolás Maduro, a Venezuela saúda o fato de este fórum ter assumido a responsabilidade de rejeitar essas escaladas belicistas e agressões injustificadas, bem como a violação do direito internacional e as execuções extrajudiciais”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Yván Gil.
Conforme o ministro, “a Venezuela continuará a instar todo o sistema das Nações Unidas a utilizar todos os recursos que lhe foram confiados pelos povos do mundo para defender a paz e a soberania de todas as nações”.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também se somou ao clamor regional, argumentando que “as práticas dos Estados Unidos violam o direito internacional e afetam nossa soberania”.
Para a diretora de Direitos Humanos e Segurança da Anistia Internacional, Daphne Eviatar, “o governo dos EUA sequer nomeou suas vítimas, nem apresentou qualquer prova dos supostos crimes”. Mas mesmo que o fizesse, enfatizou Daphne, “matar intencionalmente pessoas acusadas de cometer crimes que não representam uma ameaça imediata à vida é assassinato, ponto final”.











