
Por ampla margem de 142 a favor, 10 contra e 12 abstenções a Solução dos Dois Estados e medidas para concretizá-la foram aprovadas na Assembleia Geral da ONU, a principal o estabelecimento do Estado da Palestina
A Assembleia Geral da ONU votou resolução que endossa a Declaração de Nova Iorque, onde os membros da ONU, reunidos em Julho deste ano apoiaram a implementação da Solução dos Dois Estados. A resolução teve o voto favorável de 142 países com apenas 10 votos contra e 12 abstenções.
Da Europa, quase todos os países votaram a favor, pois a Hungria foi a única a votar contra e a República Checa foi a única abstenção europeia.
Os que votaram contra são, além de Israel e EUA e o único europeu, Hungria, governos de caráter entreguista e de direita, como Argentina e Paraguai, ou simples possessões dos EUA no pacífico, a exemplo de Micronesia, Nauru e Palau. Também acompanharam EUA e Israel, Tonga e Papua Nova Guiné.
Durante os debates predominou o apoio à aprovação do estabelecimento do Estado da Palestina, uma vez que o de Israel, além de estar constituído, mantém ocupados os territórios mundialmente reconhecidos como palestinos de Gaza e da Cisjordânia e conduzem um genocídio jamais visto nestas dimensões no Oriente Médio.
“ISRAEL PRATICA TERRORISMO DE ESTADO”
Dirigindo-se à Assembleia, o premiê do Catar, Al Thami, qualificou Israel de praticar “terrorismo de Estado”.
A resolução aprovada exige um imediato cessar-fogo em Gaza, libertação de todos os reféns detidos em Gaza, o estabelecimento de um Estado da Palestina que seja viável e soberano. E conclama a uma normalização das relações entre Israel e os países árabes assim como o estabelecimento de garantias de segurança para todos da região.
A resolução foi iniciativa da França e da Arábia Saudita. Em sua declaração, Macron expressou a esperança de que, uma vez aprovada seja um caminho seguro rumo a “outro futuro possível. Dois povos, dois Estados, Israel e Palestina convivendo lado a lado em paz e segurança”.
Está prevista uma nova Assembleia para o dia 22 de setembro, específica sobre o reconhecimento do Estado da Palestina. A grande maioria dos países membros da ONU já o fazem e, agora, Inglaterra, França, Canadá, Austrália e Bélgica se comprometem a declarar o reconhecimento durante a Assembleia Geral deste dia.
Em observações na abertura da sessão, o secretário-geral da ONU, António Guterres, sublinhou que a “questão central para a paz no Oriente Médio é a implementação da Solução dos Dois Estados, com dois Estados independentes, soberanos, democráticos – Israel e Palestina – convivendo lado a lado em paz e segurança”.
EUA APOIA CONTINUAÇÃO DA CARNIFICINA EM GAZA
Como já vimos acima, entre os poucos que votaram estava o aliado de Isral, Estados Unidos, maior e continuado apoiador do Estado de extermínio e apartheid israelense.
A declaração da delegação norte-americana, em comunicado, é um primor de mentira e afronta a todos os países e à ONU: “a decisão é mais uma façanha publicitária que mina os esforços diplomáticos sérios para acabar com o conflito. Não errem, esta resolução é um presente ao Hamas e, portanto, é cínica, direcionada, de forma transparente por políticas domésticas do que uma agenda séria de política externa”.
Já Israel, nesta sessão representada pelo líder de assaltantes de terras palestinas, os tais ‘colonos judeus’ especializados em tomar terras palestinas na Cisjordânia, Danny Danon, a quem o Brasil, corretamente rejeitou como embaixador de Israel no Brasil, foi raivoso, diante da acachapante derrota de sua posição criminosa: “Esta declaração unilateral não será lembrada como um passo em direção à paz, mas apenas como mais um gesto vazio que enfraquece a credibilidade da Assembleia”.
Ele acrescentou ainda que a resolução seria “descolada da realidade”, a quem o porta-voz do Ministério do Exterior de Israel, Oren Marmorstein, secundou com mais xingamentos tais como “a Assembleia Geral é um circo político descolado da realidade”, como se a única ‘realidade’ possível fosse o massacre dos palestinos, no qual Israel expressa sua estúpida arrogância e afronta a Humanidade.
DESCOLAMENTO DA REALIDADE
A essas diatribes o jornal israelense Haaretz respondeu em editorial que “é difícil pensar em um exemplo maior de absurdo. Um país acusa o mundo inteiro de ser ‘descolado da realidade’. O fato de a impressionante maioria dos países apoiam a Soluçã dos Dois Estados não faça qualquer israelense pensar que Israel é o único ‘descolado da realidade'”.
“Em Israel, as resoluções da ONU são frequentemente descritas como ‘tsunami político’, perseguição política, prova de antissemitismo. De fato, o oposto é verdade: A iniciativa da Franca e Arábia Saudita tem a intenção de avançar um compromisso político que beneficiaria ambos os povos, baseado no entendimento de que somente o compromisso territorial pode garantir a segurança e a autodeterminação a ambos”, acrescenta o editorial.
“Quem impede Israel de se ater à realidade, uma vez mais, é Estados Unidos. Esta vez, também Washington escolheu apoiar a recalcitrânia de Israel, dizendo que a resolução seria ‘outra equivocada e inoportuna façanha’. Uma resposta infantil que fortalece os que rejeitam a diplomacia e remove Israel do consenso internacional. O apoio automático norte-americano tabalha contra Israel, que desesperadamente precisa de uma conexão com a realidade enquanto afunda na areia movediça de Gaza e fomenta a guerra em mais e mais arenas”.
“A afirmação dos EUA, também muito espalhada em Israel, que chama a aprovação de ‘presente ao Hamas’ é uma distorção”.
“O caso é exatamente o oposto: “a Solução dos Dois Estados é um duro golpe no Hamas, não um prêmio. Essa organização se opõe duramente a ela”.
O editorial avalia que o “compromisso político” está em contraposição dos que defendem um Estado único palestino “do rio ao mar”.
“A resolução da ONU é a que alimenta o rumo à realização de um Estado da Palestina”, diz ainda o Haaretz.
O que Israel precisa fazer é parar a agressão a Gaza, obter a libertação dos reféns, se retirar da Faixa de Gaza e reabrir o caminho político , “ao invés de rejeitar as inicitivas do mundo”.
“Deve usar tais iniciativas para parar com o derramamento de sangue e garantir um futuro para ambos os povos”, finaliza o jornal.