A Assembleia Geral da ONU aprovou resolução pedindo à Corte Internacional de Justiça, sediada em Haia, que investigue os crimes cometidos pelo Estado de Israel nos territórios que ocupa e intervém militarmente por mais de meio século.
A decisão foi tomada neste sábado (31) por 87 votos a favor, 53 abstenções e 26 contra.
Enquanto Rússia e China apoiaram a resolução, votaram contra Estados Unidos, Israel, Inglaterra e Alemanha. A França esteve entre as 53 abstenções.
O primeiro-ministro da Palestina, Mohammad Shtayyeh considerou o voto na ONU uma “vitória do povo palestino e sua causa justa no caminho para a conquista de sua liberdade e independência nacional nas linhas de 4 de junho de 1967 [antes da ocupação israelense que se deu após a Guerra do Seis Dias] e com Jerusalém como sua capital”.
“A resolução da ONU chega em momento de excepcional importância uma vez que coincide com a ascensão ao poder em Israel de uma direita extremista e religiosa que ameaça o povo palestino com mais violação de seus direitos legítimos, a continuação da agressão a sua terra, infringindo seus direitos legítimos, assaltando propriedades e fontes e ainda com a violação da sacralidade de seus sítios sagrados islâmicos e cristãos”, acrescentou Shtayyeh
Ele conclamou a Corte de Haia a agir com presteza na expedição de um aconselhamento legal de forma a determinar o fim da ocupação e detenha os crimes, ameaças e violações que Israel continua a cometer beneficiando-se de um senso de impunidade”.
Shtayyeh também conclamou a ONU a tomar medidas concretas no sentido de fornecer proteção internacional ao povo palestino até que a opinião legal seja proferida. Também chamou os que se abstiveram ou votaram contra a reconsiderarem o voto de forma a serem consistentes com as resoluções adotadas pela própria ONU.
“Chegou a hora de Israel ser sujeita à lei, e chamada a responsabilidade por seus crimes contra o nosso povo”, afirmou Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas.
A resolução adotada é intitulada “Práticas israelenses a atividades de assentamento que afetam os direitos do povo palestino e outros árabes nos territórios ocupados” e conclama a Corte com sede em Haia a “expedir com urgência uma opinião assessora acerca da prolongada ocupação, assentamentos e anexação de território palestino”.
Também pede uma investigação sobre medidas israelenses “que buscam alterar a composição demográfica, o caráter e status da Cidade Sagrada de Jerusalém” e ainda denuncia que Israel tem adotado “legislação e medidas discriminatórias”.
Chama ainda o Tribunal Internacional a se posicionar sobre o conflito de acordo com a lei internacional e a Carta da ONU.
O representante palestino na ONU, Ryiad Mansour, em seu agradecimento pela votação na ONU também destacou que “o voto chegou um dia após o juramento de um novo gabinete israelense de ultradireita liderado pelo falcão agora premiê Benjamin Netanyahu que promete a expansão dos assentamentos ilegais e a aceleração de políticas colonialistas e racistas”.
Devido ao assalto a terras palestinas que vem se acirrando deste 1967, mais de 600.000 israelenses vivem em mais de 230 assentamentos.
Todos estes assentamentos são ilegais perante a Lei Internacional e o Conselho de Segurança da ONU já condenou as atividades que os patrocinam em várias resoluções.