“O que aconteceu aqui hoje foi um verdadeiro ataque contra a democracia”, disse Paulo Dantas. O tribunal se reúne na tarde desta quinta-feira (13) em sessão extraordinária para analisar decisão monocrática da ministra Laurita Vaz
“A operação da Polícia Federal realizada em Alagoas sobre o governador do estado, Paulo Dantas (MDB), causou mal-estar entre os ministros do Superior Tribunal de Justiça. O tribunal se reúne na tarde desta quinta-feira (13) em sessão extraordinária para deliberar sobre seu afastamento do cargo por 180 dias”, informa a jornalista Malu Gaspar em sua coluna no jornal O Globo.
Ela relata que “quatro ministros da corte ouvidos reservadamente pela equipe da coluna manifestaram receio com a repercussão do caso para a imagem do tribunal em plena campanha eleitoral”. “Dois deles foram mais diretos – manifestaram ‘perplexidade’ e ‘estranheza’ com o momento escolhido pela colega, Laurita Vaz, para determinar a operação”, acrescenta.
Na noite desta terça-feira (11), Paulo Dantas reagiu à operação atacando Arthur Lira e seu concorrente na disputa pelo governo, Rodrigo Cunha. “O que aconteceu aqui hoje foi um verdadeiro ataque contra a democracia. Desesperados por conta da eleição, Arthur Lira e Rodrigo Cunha usaram uma ala da Polícia Federal para promover uma ação política criminosa, um verdadeiro golpe contra Alagoas”, disse o governador afastado.
Em nota, a coligação que apoia a reeleição de Paulo Dantas, que reúne MDB, PT, PCdoB, PV, PDT, PSC, Podemos e Solidariedade, afirmou que “o dia 11 de outubro de 2022 ficará marcado na história brasileira como o maior ataque feito contra um governador legitimamente eleito, vencedor do primeiro turno com ampla vantagem e líder absoluto nas pesquisas”, e que a ação suspeita foi realizada a menos de três semanas do segundo turno, remontando a fatos ocorridos em 2017 em uma tentativa de vencer a disputa na base do golpe.
A coligação afirma, ainda, que “a 24 horas da eleição, o próprio presidente da Câmara, Arthur Lira, cometeu abuso de poder ao ameaçar revelar os detalhes da até então desconhecida operação Edema, chegando a ironizar que o tema mudaria os rumos do segundo turno. O uso político do aparato policial é tão claro e evidente que a operação espetaculosa acontece dois dias antes da anunciada presença de Lula em um ato de campanha em Maceió”.
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (11/10) a Operação Edema, que investiga um suposto esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). O principal alvo é o governador-tampão do estado e candidato à reeleição, Paulo Dantas (MDB). A ação da PF e do Ministério Público Federal (MPF) foi autorizada pela ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ela determinou o afastamento de Dantas do cargo de governador por 180 dias.
O senador Renan Calheiros, inimigo político de Lira no estado, informou, em sua conta no Twitter, que o processo contra Dantas só chegou ao STJ por “uma armação de Lira” e que vai representar contra a ministra Laurita Vaz no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Renan Calheiros chamou a ministra de “bolsonarista”. A disputa eleitoral em Alagoas tem o atual governador ligado ao grupo de Renan, apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto Cunha tem o respaldo de Lira e do Palácio do Planalto.