Foram presos pela PF 8 golpistas dos 10 mandados de prisão que incitaram as invasões convocando para “Festa da Selma”, código para chamar ao ato golpista
A Polícia Federal realizou, nesta quinta-feira (17), a 14ª fase da Operação Lesa Pátria, cumprindo 10 mandados de prisão contra os golpistas que convocaram o atentado do dia 8 de janeiro pelo termo “Festa da Selma”.
Além disso, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão. As operações foram realizadas no Distrito Federal, em Goiás, na Paraíba, no Paraná, em Santa Catarina e na Bahia.
Segundo a PF, até as 7h10, 8 dos 10 alvos de prisão preventiva já tinham sido detidos, sendo 2 no Distrito Federal, 2 em Goiás, 2 em Santa Catarina, 1 na Paraíba e 1 no Paraná. As ações foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
O ministro da Justiça Flávio Dino informou pelas redes sociais que a Polícia Federal está “executando hoje mais mandados judiciais relativos às investigações sobre os atos golpistas perpetrados em 8 de janeiro”. “Justiça necessária para que atuem as funções repressivas e preventivas que o Direito Penal exerce”.
De acordo com a Polícia Federal, “o termo Festa da Selma foi utilizado para convidar e organizar transporte para as invasões, além de compartilhar coordenadas e instruções detalhadas para a invasão aos prédios públicos”.
Os bolsonaristas “recomendavam ainda não levar idosos e crianças, se preparar para enfrentar a polícia e defendiam, ainda, termos como guerra, ocupar o Congresso e derrubar o governo constituído”.
Santa Catarina foi o Estado com mais mandados, sendo cumpridos três de prisão preventiva e sete de busca e apreensão. Segundo o jornal O Globo, o pastor Dinei Paiz foi preso em Blumenau. Em suas redes sociais, o pastor convidou seus seguidores para irem à Brasília no dia 8 de janeiro. Em uma manifestação, posou para uma foto segurando uma faixa dizendo “Queremos intervenção federal”.
Em Brasília, o “influencer” bolsonarista Isac Ferreira foi preso, suspeito de financiar os atos golpistas. No dia 7 de janeiro, ele fez uma publicação em seu Twitter falando que “vai ser foda a festa da Selma!!!”.
Isac Ferreira, que tem mais de 130 mil seguidores nas redes sociais, ainda compartilhou uma foto das manifestações de 2013, quando manifestantes subiram no teto do Congresso Nacional, com a frase “Festa da Selma não tem hora para acabar!!! Levem suas bíblias e seus direitos!!”.
Também no DF, Juliana Gonçalves Lopes Barros, que usou suas redes sociais com mais de 40 mil seguidores para chamar os bolsonaristas para o golpe, foi presa preventivamente.
Em Goiás, a cantora gospel Fernanda Rodrigues de Oliveira, conhecida como Fernanda Ôliver, foi presa. Ela publicou em suas redes um vídeo mostrando que participou dos atos golpistas.
A Operação da Polícia Federal investiga os crimes de “abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido e crimes da lei de terrorismo”.
Leia nota da PF na íntegra:
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (17/8) a 14ª fase da Operação Lesa Pátria, com o objetivo de identificar pessoas que incitaram, participaram e fomentaram os fatos ocorridos em 8/1, em Brasília/DF, quando o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal foram invadidos por indivíduos que promoveram violência e dano generalizado contra os imóveis, móveis e objetos daquelas instituições.
Ao todo, estão sendo cumpridos 10 mandados de prisão preventiva e 16 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal, nos estados da Bahia, Goiás, Paraíba, Paraná, Santa Catarina e no Distrito Federal.
Os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido e crimes da lei de terrorismo.
Os alvos desta fase são suspeitos de terem fomentado o movimento violento chamado de “Festa da Selma”, que era, em verdade, codinome previamente utilizado para se referir às invasões.
O termo Festa da Selma foi utilizado para convidar e organizar transporte para as invasões, além de compartilhar coordenadas e instruções detalhadas para a invasão aos prédios públicos. Recomendavam ainda não levar idosos e crianças, se preparar para enfrentar a polícia e defendiam, ainda, termos como guerra, ocupar o Congresso e derrubar o governo constituído.
As investigações continuam em curso e a Operação Lesa Pátria se torna permanente, com atualizações periódicas acerca do número de mandados judiciais expedidos, pessoas capturadas e foragidas.
Mandados de prisão preventiva: DF (2), GO (2), PB (1), PR (2), SC (3)
Mandados de busca e apreensão: BA (1), DF (2), GO (2), PB (2), PR (2), SC (7)