A Polícia Civil e o Ministério Público deflagraram, na manhã desta terça-feira, a Operação “Os Intocáveis”, que cumpre 13 mandatos de prisão de milicianos na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ao menos dois deles teriam envolvimento com os assassinatos da vereadora carioca Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, ocorridos em 14 de março do ano passado.
A operação é coordenada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), com o apoio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil.
O objetivo da ação é desmantelar a milícia que explora a grilagem de terras em Rio das Pedras e é considerada a mais antiga e perigosa do estado. Segundo a polícia, dois dos alvos de prisão comandam o chamado “Escritório do Crime”, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda. Por meio de escutas telefônicas, foram verificadas as relações estabelecidas entre os criminosos e as funções desempenhadas por cada um deles na organização, tais como segurança (ou ‘braço armado’), agente de cobrança de taxas, lavagem de dinheiro (na figura de ‘laranjas’), agiotagem e forte atuação no ramo ilegal imobiliário.
Os principais alvos da operação são o major da Polícia Militar Ronald Paulo Alves Pereira, Maurício Silva da Costa, o Maurição, tenente reformado da Polícia Militar, o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Adriano Magalhães da Nóbrega, tidos como chefes da milícia. Os outros dois são Manoel de Brito Batista, o Cabelo; Benedito Aurélio Ferreira Carvalho, o Aurélio. Cabelo, segundo a polícia, atua na quadrilha como contador e gerente armado e o Major e o Tenente comandam o Escritório do Crime. Os cinco foram presos.
De acordo com as investigações, os principais clientes grupo de matadores são contraventores e políticos. A polícia e o MP suspeitam que o “Escritório” esteja envolvido no assassinato da vereadora do PSOL. A operação acredita que a grilagem de terras na região era coibida por Marielle em sua atuação na Câmara de Vereadores e este foi o motivo de seu assassinato.
As equipes da Polícia Civil e do MP fazem buscas em endereços nas favelas nos bairros de Rio das Pedras e da Muzema, além de bairros como a Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Vargem Grande e Vargem Pequena, também na Zona Oeste.
De acordo com o MP, os envolvidos foram denunciados pela construção, venda e locação ilegais de imóveis; receptação de carga roubada; posse e porte ilegal de arma; extorsão de moradores e comerciantes, mediante cobrança de taxas referentes a “serviços” prestados; ocultação de bens adquiridos com os proventos das atividades ilícitas, por meio de “laranjas”; falsificação de documentos; pagamento de propina a agentes públicos; agiotagem; utilização de ligações clandestinas de água e energia; e uso da força como meio de intimidação e demonstração de poder.
Foram denunciados:
- Adriano Magalhães da Nóbrega, mais conhecido como “capitão Adriano” ou “Gordinho”;
- Ronald Paulo Alves Pereira, o major Ronald ou “Tartaruga”;
- Maurício Silva da Costa, conhecido como “Maurição”, “Careca”, “Coroa’ ou “Velho”;
- Marcus Vinicius Reis dos Santos, “Fininho”;
- Manoel de Brito Batista, “Cabelo”;
- Júlio Cesar Veloso Serra;
- Daniel Alves de Souza;
- Laerte Silva de Lima;
- Gerardo Alves Mascarenhas, o “Pirata”;
- Benedito Aurélio Ferreira Carvalho, “Aurélio”;
- Jorge Alberto Moreth, o “Beto Bomba”;
- Fabiano Cordeiro Ferreira, o “Mágico”;
- Fábio Campelo Lima.