As informações colhidas pelo Ministério Público de Portugal apontam a existência de um sem número de conexões e intersecções entre os ilícitos desvendados pela Operação Marquês e a Lava Jato, incluindo transações ilegais e danosas ao erário realizadas pelo ex-primeiro-ministro Sócrates envolvendo a empresa Odebrecht.
Conforme apurado e denunciado, o grupo Lena participou de diversos consórcios altamente lesivos aos cofres públicos, tendo a seu lado a empreiteira Bento Pedroso Construções – de propriedade da Odebrecht -, e que em 2013 passaria a se chamar Odebrecht Portugal.
Entre as obras públicas que a Bento Pedroso (aliás, Odebrecht) ganhou em consórcio com o grupo Lena, durante o governo de Sócrates, figuram o trem bala de Poceirão a Caia (projeto abandonado por seu sucessor Passos Coelho), a concessão rodoviária do Baixo Tejo (região metropolitana de Lisboa), avaliada em 110 milhões de euros, e mais sete concessões de estradas. Também integrou o consórcio que conquistou, junto com o Banco Espírito Santo, a via rodoviária da Grande Lisboa, avaliada em 292 milhões de euros.
Em 2008, a Bento Pedroso e o grupo Lena voltaram a associar-se. Desta vez o negócio foi uma barragem, a de Baixo Sabor. O próprio Sócrates fez questão de comparecer à cerimônia de assinatura do contrato de 257 milhões de euros. A obra é denunciada pela destruição de 300 mil árvores de reserva ambiental e o resultado – uma represa, ou albufeira, como dizem os portugueses – que tem capacidade de geração de apenas 170 megawatts, era descrita por lá como “o grande armazém de energia do Douro”. A título de comparação, cada uma das 20 turbinas da nossa Itaipu tem uma capacidade instalada de 700 MW, perfazendo um total de 14 mil MW.