O operador do esquema de “rachadinha” no gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro foi indicado por seu pai, Jair Bolsonaro, e tinha outros parentes fazendo parte da organização criminosa.
Em 2001, quando Carlos assumiu seu primeiro mandato de vereador com 18 anos de idade, Jair enviou seu amigo e ex-assessor, Jorge Luiz Fernandes, para tomar conta do gabinete e ser um “tutor” de Carlos Bolsonaro ou Carluxo para os íntimos.
As informações são do Estadão.
Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), Jorge Luiz Fernandes era operador do esquema de rachadinha e recebeu de outros funcionários do gabinete depósitos que chegam a R$ 2 milhões.
Em esquemas como esse, o parlamentar se apropria de parte dos salários, o que é crime de peculato.
Entre 2009 e 2018, Jorge Luiz Fernandes recebeu pagamentos de seis pessoas que trabalharam ou ainda trabalham no gabinete de Carlos Bolsonaro. O menor dos pagamentos foi de R$ 52 mil, enquanto o maior foi de R$ 814 mil.
Entre 1999 e 2001, ele foi assessor de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados.
A proximidade entre os dois também garantiu um emprego para sua esposa, Regina Célia Sobral Fernandes, no gabinete de Carlos, e de dois outros parentes no gabinete de Jair.
O Ministério Público do Rio de Janeiro aponta que a indicação de Regina Célia servia somente para a transferência de recursos para o esquema de rachadinha. Sozinha, ela transferiu R$ 814 mil para o chefe de gabinete de Carlos.
Jorge Luiz Fernandes foi enviado para o gabinete de Carlos com a missão de estruturar uma organização criminosa igual à que já existia no gabinete de Jair Bolsonaro.
O MP-RJ já descobriu que os assessores de Carlos Bolsonaro tinham outras atividades que eram incompatíveis com o emprego na Câmara de Vereadores, o que indica que eram “funcionários fantasmas”.
“Diversos assessores (…) não cumpriam o regular expediente na casa, podendo assim ser considerados ‘funcionários fantasmas’”, diz um relatório.
Seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, também empregou familiares, amigos e funcionários fantasmas para se apropriar de parte dos salários.
A ex-cunhada de Bolsonaro, Andrea Siqueira Valle, foi gravada admitindo a existência da organização criminosa no gabinete de Jair.
“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo”, disse.