O operador do PMDB Mário Miranda confessou crimes e deixou à disposição da Justiça US$ 7,2 milhões em valores repatriados – montante oriundo, segundo ele próprio disse, de práticas ilícitas em contratos da Petrobrás.
As declarações de Miranda, que estão sob sigilo e foram registradas pela força-tarefa da Lava Jato no dia 16, indicam que o contrato beneficiou o partido em 2010, em acerto com políticos da cúpula da sigla no escritório de Michel Temer em São Paulo.
O termo foi assinado após a prisão do operador na 51.ª fase da Operação Lava Jato, a Déjà Vu, deflagrada pela Polícia Federal dia 8 de maio e que levou à decretação das prisões de três ex-funcionários da Petrobrás e de três operadores financeiros, entre eles Mário Miranda.
A defesa do operador é constituída pelo advogado Antonio Figueiredo Basto, especialistas em delação premiada. Ele informou ao juiz Sérgio Moro que Miranda, em depoimento gravado, “reiterou seu firme propósito de colaborar com as investigações, de comparecer a todos os atos processuais e repatriar os valores ilícitos recebidos”.
“O requerente procurou a Polícia Federal e Ministério Público Federal ainda em 2016 e antes da colaboração da Odebrecht com a finalidade de iniciar uma colaboração”, disse. Em janeiro, a defesa de Miranda voltou a encaminhar ofício à força-tarefa no qual diz estar à disposição para colaborar e para os trâmites relativos à devolução de valores decorrentes de crimes. No entanto, ele acabou preso na Lava Jato.
Segundo o advogado, no depoimento Miranda “respondeu a todas as perguntas e enfrentou as apontadas omissões que, segundo o MPF, justificaram a prisão preventiva”. Ele disse que o operador abriu mão de eventuais valores depositados no exterior, comprometendo-se a apresentar “documentos da conta da fundação no Banco Heritage que deram origem à movimentação para a instituição nas Bahamas”.
Para a força-tarefa, há contas no exterior que ainda não tiveram saldos sequestrados, como a offshore Fairfamily Foundation, mantida pelo operador nas Bahamas. Entre as contas de valores ilícitos repatriados estão uma do banco suíço Julius Bar, com saldo atualizado em 2 de abril de 2017 no valor de US$ 1.834.682, e outra no Credit Suisse, com saldo atualizado em 17 de março de 2017 no valor de US$ 5.449.540.
A Operação Dejà Vu investiga contrato da área Internacional da Petrobrás no valor de US$ 825 milhões que teria rendido propinas de US$ 40 milhões ao PMDB.