“Há fortes indícios de que uma quadrilha se instalou no MEC com tentáculos para o Palácio do Planalto”, destacou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “As investigações do escândalo das propinas no MEC estão sob ameaça e sob intervenção do presidente da República”, denunciou o líder da oposição
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, protocolou nesta terça-feira (28) o requerimento de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar as denúncias de corrupção e tráfico de influência no Ministério da Educação (MEC). “Acabamos de protocolar o requerimento da CPI do MEC”, disse o senador. “O protocolo ocorreu com 31 assinaturas, após o registro da assinatura, ainda há pouco”, acrescentou.
“Em circunstâncias normais não necessitaríamos de uma CPI, mas as circunstâncias dessa investigação é que ela está sob ameaça, ela está sob intervenção do senhor presidente da República e do senhor ministro de Estado da Justiça”, denunciou Randolfe. “Há fortes indícios de que uma quadrilha se instalou MEC com tentáculos no Palácio do Planalto”, destacou o senador.
Em entrevista coletiva logo após protocolar o pedido da CPI, o senador Randolfe afirmou que “a CPI vai investigar as irregularidades que se tem notícia desde março no âmbito do Ministério da Educação”. “Mesmo depois da ação do governo que retirou assinaturas do pedido, em decorrência da prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, conseguimos finalmente as assinaturas que restavam e chagamos ao total de 30 assinaturas”, disse o líder da oposição. Logo e seguida foi anunciada a assinatura de Jarbas Vasconcelos (MDB), chegando ao total de 31 assinaturas.
“Além das 28 assinaturas já conhecidas, tivemos hoje a assinatura de Marcelo Castro e Confúcio Moura e temos a expectativa de termos um requerimento com mais de 32 assinaturas, portanto, um requerimento robusto”, prosseguiu o senador. “Isso mostra que há um desejo no Senado de que este esquema escandaloso que se instalou no MEC tenha uma séria investigação”, acrescentou.
“Como é do conhecimento de todos vocês”, prosseguiu Randolfe, “há uma investigação em curso, conduzida pela Polícia Federal, pelo delegado Bruno Calandrini e pelo Ministério Público Federal está sob forte intervenção e sob ameaça”. “Desde a semana passada é de conhecimento de todos, em áudio do próprio senhor Milton Ribeiro, que o presidente da República interveio de forma clara para impedir que a investigação avançasse, em um claro crime, conforme o código penal, de obstrução das investigações e de uso de informações privilegiadas”, denunciou.
“Além de estarem sob ameaça as investigações precisam esclarecer alguns fatos. Primeiro, mesmo tendo uma aeronave disponível no dia da prisão do senhor Milton Ribeiro, não ocorreu a transferência do citado senhor, para Brasília, como deveria ocorrer conforme programações de ações desta natureza”, disse o senador.
“Segundo”, prosseguiu ele, “é necessário perguntar, por que até o dia de hoje não houve resposta sobre a apreensão do celular do senhor Milton Ribeiro? Por que até hoje o celular do senhor Milton Ribeiro não foi entregue?” “Neste momento estamos sabendo que está sendo organizada uma ação para substituir o senhor Bruno Calandrini da condução dessas investigações”, denunciou Randolfe.
Falaram também o senador Jean Paul Prates (PT-RN), líder da minoria, o senador Kajuru (Podemos), o deputado Ivan Valente (PSOL), o deputado Tulio Gadelha (Rede), Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, a deputada Luísa Erundina e Sâmia Bonfim, ambas do PSOL. Estava presente no ato a representante da UNE, a estudante Thais, que denunciou que, “enquanto se corta verbas da Educação, o dinheiro está sendo roubado no governo Bolsonaro”.