“Não só para garantir a capacidade dissuasória, mas também para reverter a desindustrialização do país”, acrescentou o presidenciável do PDT, ao destacar a importância de investir no complexo industrial militar
O ex-governador Ciro Gomes, presidenciável do PDT, afirmou nesta terça-feira (8), em entrevista ao Canal “Progressista – Por um Projeto Nacional de Desenvolvimento”, que o Brasil precisa ter um orçamento adequado para a Defesa. O debate se deu num momento em que o Brasil assiste ao aumento das tensões mundiais provocado pela expansão da OTAN em direção ao leste europeu.
“Qual é o orçamento que o país precisa para a Defesa?”, indagou Ciro. “Existem padrões. Um país como o nosso não pode dispender menos de 2% do PIB para a Defesa”, argumentou. “Não é só para a capacidade de dizer não. A capacidade dissuasória que nós precisamos ter. É também porque se o país quiser ter um projeto nacional, nós vamos reverter a desindustrialização”, acrescentou o ex-governador.
Ciro destacou que “ao reverter a desindustrialização, nós vamos cutucar interesses concretos e eles vão agir para se defenderem e para destruir as nossas perspectivas e a projeção dos nossos interesses”. “Só pode estar nos fóruns internacionais quem sentar na mesa e dizer não, eu não quero, eu não aceito, eu vou por aqui, eu não vou por ali, e isso é um elemento central”, afirmou o candidato do PDT à Presidência.
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Ele fez críticas às relações dos governos do PT com os militares e à política econômica de Lula, mas ressaltou a importância do Plano Estratégico de Defesa, elaborado durante o governo Dilma.
“Com uma política exterior guiada pelo interesse nacional, buscando preferências tecnológicas voltadas para o complexo industrial de defesa, buscando regimes de preferência comercial e industrial, buscando financiamentos rebeldes às interdições do fundo monetário de Banco Mundial que os americanos controlaram, nós temos também como fazer uma estrutura de dissuasão e defesa do Brasil”, argumentou Ciro.
Ele voltou a defender que para aplicar essa política o orçamento da Defesa tem que ser de no mínimo 2% do PIB. Hoje ele é de 1,3% do PIB.
“O retorno para o país não é só a capacidade de afirmação concreta da nossa soberania nacional, de nos apoderamos de nosso território, dizer ao mundo que nós não aceitaremos qualquer tipo de intrusão ilegal, descabida na forma como nós administramos nossas contradições aqui dentro, isso é uma questão, mas a outra é enriquecedora”, disse o presidenciável do PDT, referindo-se ao desenvolvimento econômico e tecnológico.
Ele deu como exemplo o projeto do submarino nuclear. “Se nós fizermos esse pequeno reator portátil, sob o ponto de vista dos megareatores de Angra, nós vamos resolver o problema futuro de energia em lugares onde não há hidráulica, hidrologia compatível, como o Nordeste por exemplo”, prosseguiu.
“Você tem o caça Gripen, você tem todo o efeito para frente de aplicações civis. Eu sonho em desenvolver um GPS, não sozinho, com os outros, eu sei que isso é difícil, mas eu fico pensando, que tipo de capacidade dissuasória de defesa o Brasil tem se nossos navios, nossos mísseis e os nossos aviões são guiados pelos GPS norte americano? Você descalibra ali um grau, e ao partir para Manaus, você pode parar em Luanda”, ironizou.